Capítulo 5 - De todas as coisas que eu já ouvi ✈

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Eu forcei meu melhor sorriso, mas pareceu meu pior. A preocupação se desfez em piedade. Me senti extremamente coagido.

- Tá gostoso? - Perguntei. - Tá bom?

Minah suspirou um par de vezes. Abriu a boca um par de vezes, chegou a sorrir daquela forma ridícula que tenta te trazer para o conforto de um cobertor no pior frio de Junho.

Pegou um dos pasteis douradinhos, me estendeu enquanto dizia:

- Por que você mesmo não experimenta? Me diz se gosta.

A pergunta foi gentil, no tom carinhoso que quase me fez sentir culpado. Pareceu significar outra coisa quando, em seguida, ela sorriu grande para Jaelin ao meu lado.

Enquanto dividíamos uma refeição - não dividindo por completo minha indignação com o fato de Hyunjin estar ausente -, meu hyung dirigia com tanta pressa que os freios quase não funcionaram ao que um dos semáforos das ruas pouco movimentadas da cidade pequena do interior fechou.

- Ninguém vai atravessar. - Hyunjin, aflito, tinha uma das mãos agarrando firme o apoio acima da porta. A outra estava espalmada sobre o painel.

Chan hyung o encarou. Viu a situação preocupante e negou, sem saber ao certo se desaprovava a fala ou o estado atual de Hyunjin.

Ele estava pálido. Marcas escuras demais abaixo dos olhos dividiam espaço com os tons roxos e vermelhos que ainda marcavam seu rosto. O peito agitado, subia e descia na intensidade quase exagerada da respiração irregular. Chan se perguntou se sua garganta ardia, porque Hyun parecia sentir dor a cada inspirar.

Algo parecia se partir dentro de seu peito, talvez explicasse o fato de não poder mantê-lo quieto.

- Mas está vermelho. - Chan disse, agarrando o volante com mais força entre os dedos.

Hyunjin nervoso, o deixava ansioso.

- Ninguém tá vendo, hyung! - Foi quase um grito desesperado.

- Mas é errado, Hyunjin! Espera só mais um pouco!

Hyunjin riu em uma lufada, impaciente.

- Por isso nunca chegamos a lugar nenhum.

Chan sentiu o coração apertar. Como se diminuísse de tamanho, então era pequeno demais para bombear o suficiente de sangue - porque ainda precisava de lugares o bastante para nos guardar, seguros. Era pouco para dividir.

Se fosse qualquer pessoa em sua situação, se revoltaria com toda a certeza.

Mas meu hyung sempre teve paciência demais com todos nós.

- Hyun. - Chamou, baixinho.

O sono, pela noite interrompida ao meio da madrugada por um Hyunjin completamente incontrolado, dando seus sinais ao embaçar sua visão. Não saberia apontar de onde conseguira arrancar ânimo para dirigir por metade de uma madrugada e uma tarde inteira.

- Hyun, olha pra mim. - Quando teve o chamado negado por mais um gesto impaciente, Chan se moveu. Espalmou a nuca de Hyunjin, puxando seu rosto até que tivesse os olhos do irmão fixos nos seus. - Eu tô com você, Hyunjin. Nós estamos perto, estamos aqui por ele. Vai ficar tudo bem, se controla. Okay?

Hyunjin respirou fundo quando Chan fez o mesmo. Assentiu um par de vezes. A mão sobre o painel foi deixada sobre as próprias pernas. Chan hyung a segurou depois de dar partida outra vez.

Andaram pelas ruas devagar, porque não podia ter pressa e arriscar errar o caminho. Não teriam tempo para voltar atrás e repetir tudo, se errassem.

Por sorte - ou talvez pela atenção redobrada de Chan hyung, que seguiu o fluxo pequeno de pessoas vestidas de preto que vinham da mesma direção -, encontraram fácil o cemitério municipal.

Aviões de Papel |•HyunChangLixWhere stories live. Discover now