Capítulo 8

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Olá!
Este capítulo será o início da montagem de um complexo quebra-cabeça. 
Neste, vamos colocar cada peça em seu lugar e começar a entender cada ação e escolha.
Boa Leitura!

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Luiza POV

Chegamos na casa de Igor e Duda em silêncio, apesar de notar os olhos de Valentina vermelhos de raiva, enquanto bufava a cada segundo. Estava apavorada, depois do incidente de anos atrás na rua do restaurante onde soube de minha gravidez, nunca mais havia visto Valentina possessa e raivosa como hoje. Enquanto caminhávamos para dentro da residência, notei que seu pescoço estava com algumas marcas vermelhas, resultados do aperto provocado por meu marido durante toda discussão ocorrida na casa de meus pais. Marido...não sei se este adjetivo ainda estava atrelado com aquele homem. Em nenhum momento que esteve na casa de meus pais, ele não se preocupou em manter a educação com seus sogros, não perguntou sobre nosso filho e mostrava-se extremamente interessado em encarar Valentina, enquanto tratava minha pessoa como um simples objeto para seus desejos. Apesar de odiar qualquer demonstração de agressão física, confesso que gostei da sensação de defesa quando minha melhor amiga se posicionou neste cenário caótico, senti-me protegida e amada por alguns instantes.

O fato da jovem mulher se colocar em uma situação de proteção e defesa em meu nome, não me surpreende, vários momentos de nossa infância e adolescência eram retratados com ações solidárias e gestos de conforto. Lembro-me de um episódio quando tínhamos 12 anos de idade, durante uma festa organizada por sócios de nossos pais, um grupo de crianças mimadas de mesma idade estavam implicando com minha presença e fazendo algumas brincadeiras taxativas e inconvenientes, Valentina, no auge de seu espírito justiceiro, bateu boca com as crianças e transformou aquele episódio em um dos dias mais divertidos e engraçados de minha infância. Por atos como este, sempre imaginei que a carreira de minha amiga realmente era no Direito, conseguia visualizar sua presença em tribunais e casos ganhos, pareciam feitos um para o outro. Hoje, associando esta personalidade com sua atual profissão, vejo que cometi um erro, está na fotografia todo resultado da sensibilidade existente em seu coração.

Quando entrei na sala principal, encontrei Valentina já sentada de forma largada no sofá, com a cabeça deitada no encosto de olhos fechados e puxando o ar com força para seus pulmões. Se realmente nada mudou, tinha certeza que ela estava extremamente irritada e pensativa. Esse comportamento me preocupa. Caminhei até a cozinha e preparei um pano com gelo e me sentei ao seu lado no sofá, observando seu pescoço avermelhado pós aperto agressivo daquele homem. Movida por todo cuidado existente em meu corpo, aproximei lentamente minha mão esquerda com a trouxa de pano contendo gelo na pele de seu pescoço. Notei que seu corpo tremeu levemente após o contato da superfície gelada do tecido, mas seus olhos permaneciam fechados e sua respiração parecia se regularizar.

Encarei seu belo rosto, cada traço e expressão, como se buscasse memorizar toda textura e simetria de sua pele. Apesar do tempo de convivência perdido durante estes anos, todos os sinais de meu corpo e sensações ainda eram os mesmos, espantava-me com toda esta eletricidade e magnetismo entre nós. Olhando para sua face, me arrependo de inúmeras decisões e caminhos que escolhi, jornadas que resultaram em ações como esta que se sucedeu na casa de meus pais e amarras que me enfraqueceram e machucaram minha honra e alma. Por que não fui forte? Deixei minhas fraquezas e angústias dominarem meu consciente, não consegui lutar e correr atrás de minhas vontades, anseios e sentimentos, acreditei em palavras e motivada pelo ódio me afundei na escuridão e péssimas escolhas. Algum dia, me perdoaria? Ela perdoaria?

- Por que está chorando? – Sua voz aveludada ecoou em meio ao silêncio da sala, sentindo sua mão esquerda segurando a minha repousada ao seu lado. – Mesmo com os olhos fechados, consigo sentir você e... uma de suas lágrimas tocou minha pele e com toda certeza não corresponde a sensação de felicidade. – Seus olhos verdes, agora abertos, encaravam meu rosto com uma postura série penetrante.

Never Be The Same - ValuWhere stories live. Discover now