Ep. 07 - Passos

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Anita sentiu seu corpo despertar, aos poucos acordando da noite de sono conturbado. Dormira no sofá, já que Verônica pegara o quarto. A delegada abriu os olhos, deixando que eles se acostumassem com a claridade.

O sofá não era desconfortável; na verdade ele era bastante macio. O sono conturbado veio por conta da cabeça de Anita, que não desacelerou em nenhum momento durante a noite. Sentia falta dos remédios que tomava para dormir, mas agora eles não eram mais uma alternativa.

Ela se ergueu, sentando no sofá que lhe servia de cama. Se espreguiçou, estalando os ossos das articulações. Passou o olho pela sala e encontrou Verônica sentada na mesa, mexendo no computador, com uma caneca de café do lado.

- Que horas são? - Perguntou Anita.

- Nove e meia. - Respondeu Verônica, sem tirar os olhos do computador, tomando mais um gole do café.

Anita se levantou, deixando a camiseta larga que usava deslizar em seu ombro direito, deixando-o a mostra. Ela trajava uma camiseta cinza extremamente folgada, e um short preto de tecido leve. A delegada se aproximou da escrivã, mexendo nas roupas que usava com incômodo.

- Por quanto tempo vou ter que ficar usando suas roupas emprestadas? - Queixou-se ela - Dormir com essas roupas desleixadas não faz muito o meu estilo, detesto.

- Seu estilo é mais o quê, camisolas de seda e cetim? - Debochou Verônica.

Anita não respondeu; sim, era exatamente assim que ela costumava dormir, com camisolas de seda e cetim, mas ela jamais iria admitir isso para Verônica.

- Se você quiser a gente dá uma passada no shopping pra você fazer umas comprinhas. - A escrivã continuou a ironizar. A delegada revirou os olhos, sem disposição nenhuma para lidar com a rival logo ao acordar.

- O que você tá fazendo? - Perguntou Anita, dando a volta na mesa para ficar próxima de Verônica, olhando o que ela fazia na tela do computador.

A escrivã parecia ter acordado há pouco tempo também; o café quente e recém coado, os olhos ainda um pouco inchados, a camiseta larga ainda em seu corpo eram algumas coisas que denunciavam este fato.

- Tô pesquisando sobre aquele advogado. - Respondeu Verônica, passando a mão pelo rosto e esfregando os olhos - Mas não tô achando nada sobre o processo do Matias.

- Provavelmente porque o caso corre em sigilo. - Disse Anita, apoiando-se na cadeira que Verônica estava.

A escrivã afundou o rosto nas mãos, soltando um muxoxo em frustração.

- Calma, mulher. - Disse a delegada - Nem tudo está perdido.

Anita se abaixa na direção do computador, se aproximando ainda mais de Verônica, que continuava olhando a tela eletrônica com olhos frustrados.

- Eu sou delegada. Eu posso acessar alguns dados e autos.

- Mas isso não vai deixar rastros? As pessoas não vão saber que você acessou o processo? - Questionou Verônica.

- Bom, eu sou delegada, mas também sou uma delegada de uma organização criminosa. - Ela ergueu as sobrancelhas - Tenho um pouco de prática em burlar sistemas.

Anita olhou para Verônica, soltando um sorrisinho irônico, que é retribuído pela escrivã. Ambas se surpreenderam com o tom cordial, mas nenhuma das duas estava disposta a olhar muito a fundo para isso.

- Tá, faz um café pra mim enquanto eu dou uma olhada nisso, vai. - Disse a delegada, já empurrando a escrivã com o corpo para tomar seu lugar na cadeira.

FaíscasWhere stories live. Discover now