— O que aconteceu dessa vez? — ele questiona. — E como assim não é a primeira vez que ela bagunça com alguma coisa sua?

Me viro e olho para Caitlyn, que está mais próxima de nós agora. Um silêncio constrangedor nos atinge, mortal como uma facada no pescoço. Os olhos azuis dela se arregalaram por alguns segundos, suas sobrancelhas se juntam e seus lábios se separam. Suas orbes encontram as minhas e eu vejo a ansiedade através delas. É a primeira vez que a vejo demonstrar alguma fraqueza.

Ekko não sabe da minha história com Caitlyn, nem de como ela fez da minha vida um inferno. Na real, ninguém sabe. Eles já eram amigos nessa época, e eu não ia estragar a amizade deles com um assunto que só dizia respeito a nós duas. Eu posso achar ela uma cuzona, mas ela parece ser uma boa amiga para ele e eu não vou perder meu tempo acabando com isso.

Eu poderia ter contado a Akali ou Ahri sobre isso, o que potencialmente arruinaria a carreira brilhante de Caitlyn no mundo da música pop, mas não contei. Tive minha chance de conseguir minha vingança ou sei lá, mas não gosto da ideia de ser a responsável por roubar o sonho de outra pessoa. Ela é facilmente a pessoa que eu mais detesto no mundo, mas sei muito bem separar as coisas. Se eu tiver alguma coisa para resolver, vai ser com ela, e só.

— Ela bateu no meu carro. E, bom, ela já... derrubou bebida numa camisa branca minha, só isso. — contorno a situação e Ekko parece estar convencido o suficiente.

— Vocês estão bem?

— Estamos, não foi nada sério. — Caitlyn responde, ainda meio atordoada. Quase reviro os olhos. — Não sei como vou explicar aos meus pais como arranhei minha moto. — ela soa preocupada.

Ekko segura o queixo com uma das mãos e Akali apoia o cotovelo no ombro dele. Ahri cruza os braços e os três encaram o chão, parecendo pensar em uma solução para o problema que os pais de Caitlyn parecem representar. Não sei qual o lance dela com os velhos, só sei que a coisa não é boa. Os Kiramann parecem ter um pé no conservadorismo, e voltar com a moto arranhada depois de uma festa não deve ser o melhor dos cenários para Caitlyn.

Poucos segundos depois, seus olhares se voltam para mim, de um jeito tão sugestivo que tenho medo das próximas palavras que virão.

— Vi — Ekko começa. —, seu pai não tem uma oficina?

— É verdade, você pode dar um jeito na moto dela. — Ahri sorri e eu a encaro com a pior expressão de desgosto que já esteve em meu rosto.

— Em que mundo louco eu faria isso?

— Em um mundo em que hoje é meu aniversário, e você prometeu que ia deixar o elefante na sala de lado por mim. — uma das coisas que me irritam nela é que, não importa o estado mental em que Ahri esteja, ela nunca esquece das coisas que ela diz, nem das promessas que as pessoas fazem.

E, para o meu azar, eu não quebro promessas.

Ekko está sorrindo maliciosamente, e isso quase nunca é um bom sinal. Ele não diz nada, só se vira e arrasta Ahri de volta para dentro do club.

— Tenta não matar ela no caminho, não vou tirar você da cadeia — Akali dá um trago no seu baseado antes de continuar a frase. — de novo.

— Sua preocupação é comovente. — ela me mostra o dedo do meio pelo meu sarcasmo, mas ri. — Aproveita a noite, Jhomen.

Ela sussurra um "você também" em resposta e eu franzo o nariz. Cínica do caralho.

Akali sai, me deixando sozinha com Caitlyn. Nossos olhares se cruzam e o silêncio reina novamente entre nós. O ar frio da noite entra devagar pelo meu nariz quando eu respiro fundo, até o jeito que ela me olha parece prepotente. Vou em direção ao meu carro, seguro no trinco da porta e a muito contragosto digo: — Me segue.

Club 57 | CaitViWhere stories live. Discover now