60.

1.4K 161 28
                                    

Pov Marília

- Luísa...

Meu mundo para por completo, meu sangue para de correr pelo meu corpo, meu sangue para de ser bombeado e minha mente esvazia por completo. Sinto como se toda minha história estivesse voltando para as primeiras páginas para o começo de tudo, para o primeiro capítulo do livro da vida.

Vejo Luisa na minha frente, ela está machucada, sua pele branca está roxa pelos machucados, sua boca inchada pelos cortes mas atrás disso tudo eu consigo ver a minha irmãzinha que eu tanto amo.

- Lila... - Luísa sussurra sem forças e quando tenta dar um passo para o próximo degrau, ela perde as forças e só não cai no chão porque se segura no corrimão.

Solto as gêmeas e saio correndo para a escada, sem acreditar que isso realmente está acontecendo. Quando minha mão toca no seu rosto, lágrimas descem pelo meu rosto de forma automática, sem ao menos precisar do meu consentimento. Foram tantas noites, tantos dias, tantos anos chorando por ela não estar viva que eu não consigo acreditar que minha irmãzinha ainda está aqui, que minha irmãzinha ainda está comigo, que ela realmente está aqui.

- Você está aqui... - Sussuro com a voz embargada e seguro seu rosto - Você está aqui...

- Você está aqui... - Ela me olha sem acreditar e passa seus braços pelo meu pescoço.

Pego ela nos braços e levo para o sofá da sala, deitando seu corpo devagar para ela não sentir mais dor ainda. Minha irmã segura nas minhas roupas com força, sem querer me soltar com medo de levarem ela. Tiro os fios de cabelo do seu rosto e beijo a sua testa.

- Eu...eu não queria - Luísa tenta fazer força para falar.

- Não fala nada agora - Falo limpando as lágrimas dos meus olhos - Você não precisa falar nada agora, tá bom? Eu vou cuidar de você igual eu sempre fiz.

Luísa concorda e apoia sua cabeça no meu peito, enquanto chora baixinho. Abraço seu corpo devagar para não machucá-la mais, apenas para sentir ela aqui comigo. As gêmeas se aproximam devagar e me olham confusas, sem entender o que está acontecendo e o porque está acontecendo tudo isso.

- Meninas, podem pegar a bolsinha rosa? - Pergunto apontando para a bolsa e limpo minhas lágrimas - A mamãe precisa da bolsa para cuidar da tia Lu.

As duas saiem correndo para pegar a bolsa e rapidamente me entregam, esperando ao meu lado ainda assustadas com tudo que está acontecendo. Abro a maletinha de primeiros socorros e pego algodão e remédios para limpar seus machucados. Luisa está pálida, mais que o normal, sua boca está sem cor, ela apanhou e não foi pouco. Término de limpar os machucados e olho para as gêmeas que estão paradas do meu lado e penso que não vamos conseguir ter uma conversa com elas aqui.

- Meninas, está na hora de dormir - Falo com a voz embargada  - Vamos subir para o quarto da mamãe.

- Ah não, mamãe... - Cristal nega chateada - Quero dormir não.

- Nem eu, mamãe - Jade sussura baixinho.

- Vamos subir - Falo autoritária.

Pego Jade nós braços e estico a mão para Cristal que mesmo brava me obedece, subo com as duas para o meu quarto e deito elas na minha cama e mesmo curiosas com a tia Lu ali, elas não conseguem lutar contra o sono e acabam dormindo rapidamente. Deixo as duas no quarto e desço as escadas para finalmente falar com Luísa para entender exatamente o que está acontecendo mas quando chego no andar de baixo, vejo Luisa sentada no sofá, lutando contra uma garrafa de água já que ela está tão fraca que não consegue abrir. Me aproximo dela e pego a garrafa da sua mão, antes de me abaixar na sua altura e olhar seu rosto todo machucado.

- Me desculpa... - Luisa sussura baixinho e eu coloco a água na sua boca.

- Aonde você estava? Aonde estava todos esses anos? - Pergunto procurando seus olhos - O que aconteceu?

- Marco me deixou viva com a condição que eu nunca fosse atrás de você - Ela fala com a voz embargada - Ele disse que me mataria se eu fosse atrás de você.

- Luisa...

- Ele me sequestrou dentro de casa, me amarrou e mandou os homens dele me bater. Ele disse que me mataria, disse que eu não servia para nada e me deixou meses presa dentro de uma única sala.

- Como você saiu?

- Ele chegou um dia e disse que você tinha ido embora porque cansou de me procurar e que você não me amava mais - Luisa tenta falar mas começa a soluçar - Ele me deixou sair se eu não fosse atrás de você, se nunca mais te mandasse mensagem e eu...eu achei que você tinha desistido de mim.

- Marco forjou um acidente - Nego já chorando também - Todoa acreditaram que você estava morta, eu não desisti de você, eu nunca desistiria de você. Eu voltei para o Brasil para procurar qualquer pista sobre o seu acidente, qualquer coisa...eu só queria saber se...se tinha qualquer coisa de você. Por quase três anos eu chorei pela sua falta, eu sofri, eu nunca te esqueci Luísa. Você é minha irmãzinha, você é grande parte de mim.

- Me desculpa por ter acreditado, Lila...

- Isso nunca vai ser culpa sua - Nego com a cabeça e puxo ela para um abraço - Nunca vai ser culpa sua.

Luisa começa a chorar nos meus braços, soluçando e eu abraço ela com força, tentando não apertar seu corpo mas é impossível, foram tanto anos sentindo saudades dela que eu só quero abraçar ela com força e esquecer todo o mundo.

- A Mara me salvou - Luisa fala me olhando - Ela pediu para me libertarem e ela ficou no meu lugar.

- O quê?

- O pai dela disse que se ela voltasse com você, ou se te procurasse, ele ia matar eu, as gêmeas e até mesmo...até mesmo você...

" - Amor... o que está acontecendo? - Pergunto confusa.

- Eu não te julgo pela decisão que você teve anos atrás - Maraisa sussurra baixinho e tira a aliança da sua mão - Foi necessário.

- Não, você não vai tirar a nossa aliança - Nego colocando a joia de novo na sua mão - O que está acontecendo? Olha para mim e me fala o que está acontecendo.

Vejo ela lutando para não chorar mas não consegue e me afasta de uma vez, mas quando vou abraçar ela novamente, dois braços fortes me impedem e seu segurança se coloca na sua frente.

- Me deixa ficar com ela - Tento passar pelo homem mas ele me impede - Maraisa, manda ele parar.

- Pode buscar as gêmeas e as coisas delas - Maraisa manda para os homens - Eles vão voltar para a casa delas. Para a antiga casa da família Mendonça."

Tudo faz sentido.

Maraísa sacrificou novamente a sua felicidade pela minha.

Engulo em seco e Luisa me olha apreensiva, sem saber o que dizer e eu apenas respiro fundo, tentando pensar em como tirar minha futura esposa da garra daquele homem.

- Nos vamos atrás dela - Falo baixinho - Vamos trazer ela para casa e nunca mais voltar para esse lugar.

- Maiara pode nos ajudar mas não podem saber que ela está envolvida, dificultaria muito as coisas.

- Eu vou falar com ela...

Quero você do jeito que quiser (Reescrevendo) Onde histórias criam vida. Descubra agora