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Pov Maraisa

- Marília está sonhando que a Luísa está viva - Falo para a minha irmã enquanto preparo nosso café da manhã - Eu sei que ela quer agarrar em qualquer vestígio de esperança que Luísa ainda está viva.

- Deve estar sendo difícil para ela - Maiara fala baixinho - Continuar sonhando com a Luísa depois de tanto tempo.

- Eu só... queria distraí-la um pouco. tirar esses pensamentos porque quando ela ver que não é uma realidade a Luísa viva, minha noiva vai se machucar muito.

- É..não é uma possibilidade - Maiara fala pensativa.

Minha irmã fica olhando para um ponto fixo, sua mente está distante e eu sei que ela está pensando demais pois seu corpo está rígido e ela está imóvel, como se estivesse tensa. Quando vou questionar do porque Maiara estar assim, vejo Marília descendo as escadas apressada.

- Oi, amor... - Falo assustada ao ver seu jeito agitado.

- Precisamos ir para o Brasil - Marília fala de uma vez - No meu sonho, Luísa disse que está lá, ela disse que é para mim encontrar com ela.

- Marília, foi apenas sonho.

- Não, amor - Ela nega com a cabeça - E-eu sinto que pode ser real, que pode ter alguma coisa, que possa ter algo dela lá, uma foto, uma roupa, eu não sei, algo que a Luísa deixaria para mim.

Marília continua falando do porque precisamos voltar para o Brasil e eu olho para ela incrédula, negando qualquer possibilidade de voltar para o Brasil agora. Não podemos
voltar, acabamos de nos encontrar e querendo ou não a nossa vida aqui não é tão pública, sei que no Brasil as informações iriam se propagar mais rápido e meu pai pode tentar machucar ela e as nossas filhas novamente.

- E se for um engano, amor? - Marília pergunta segurando meu rosto - E se...e se a minha irmãzinha estiver viva?

- Não vamos voltar - Falo afastando as suas mãos - Voltar significa nos colocar em perigo e eu não vou fazer isso, meu amor.

- Luísa pode...pode estar viva - Ela explica esperançosa - Eu sei, eu nunca sonhei algo assim, eu nunca tive um sonho assim. Eu abracei ela, eu senti o cheiro dela, eu sei que é el-

- Lil-

- Vamos ir sim, precisamos ir, temos que ir. Podemos levar as gêmeas, mostrar aonde eu cresci, mostrar a o origem del-

- Não vamos voltar, Marília - Falo já sem paciência - Não vou colocar minhas filhas em perigo por causa de um sonho seu. Luísa não está viva, Luísa morreu a dois anos atrás.

Minha noiva se cala e me olha assustada, enquanto uma única lágrima desce pela sua pele branca. O que mais me irrita é que ela não pensa que voltar é perigoso, se voltarmos tem chances da minha família se machucar e eu nunca vou permitir isso, não novamente.

- Não vamos voltar - Falo pela última vez - Não vou te colocar em perigo, não de novo.

Vejo Marília tentando segurar o choro mas ela não consegue e minha noiva passa por mim, subindo para o andar de cima e caí a ficha do quão grossa e estúpida que eu fui só pelo medo dela voltar para o Brasil e acabar se machucando, mas ao ouvir seu choro, percebo que ela só estava se agarrando em uma realidade paralela para fugir da dor que ela está sentindo.

Respiro fundo e subo as escadas para falar com a minha mulher, mas vejo que duas pequenas pessoas foram antes. A porta do quarto está fechada e Jade e Cristal estão na frente, batendo na porta devagar.

- Mamãe está chorando - Jade fala baixinho e olha preocupada para a porta.

- Acho que ela tá dodói - Cristal coça a sua cabecinha pensativa.

- Vão lá com a tia Mai - Falo baixinho - Ela está lá embaixo para preparar panquecas para vocês. Prometo que eu e a mamãe Lila já vamos ir ficar com vocês.

As gêmeas concordam tristonhas e vão andando em direção a escada e eu vejo Maiara indo em encontro a elas. Encosto a cabeça na porta e consigo ouvir o choro da loira e isso me machucar profundamente porque eu sou o motivo desse choro. Abro a porta e encontro Marília chorando com uma foto nas mãos e eu consigo ver que é uma foto dela e da Luisa juntas.

- Lila...

- Me deixa em paz - Ela fala com a voz embargada - Não quero você perto de mim. Você está feliz? Conseguiu me fazer chorar e...e me fazer desistir.

Me aproximo dela devagar e fico de joelhos na sua frente, encontrando seus olhos cheios de lágrimas e ela me olhando com raiva.

- Me descu-

- Eu não quero suas desculpas - Marília fala visivelmente magoada - Desde antes nos separarmos você é estúpida quando está brava e sempre pede desculpas.

- Eu estou com medo, Lila - Falo de uma vez - Eu não quero ter que lembrar daquela maldita dor que é te ver sofrendo pela morte de quem você mais amava. De ver nos duas separadas de não lembrar de como é o cheiro das minhas filhas, de esquecer de como eu amo seus abraços. Se voltarmos tudo isso pode acabar e eu não quero que isso acabe.

- E eu quero ir ver o que meu sonho está dizendo - Marília nega com a cabeça - Ela pode estar...sem vida, mas eu sei o que eu sonhei, sei o que eu senti. Eu estou tentando fazer isso com você, minha noiva, minha futura esposa, mas você está pensando em apenas como me distrair para não ir atrás da minha irmã.

- Eu não quero te fazer esquecer da Luisa, até porque não tem como...eu só não quero te ver machucada igual antes.

- Não ir atrás disso vai me machucar mais ainda.

E mesmo sabendo o risco que vamos correr, eu lembro que amar é apoiar a cima de todas as coisas, independente da situação ou consequência. Marília me olha esperando uma resposta e eu limpo as suas lágrimas com meus dedos e encosto minha testa na sua barriga, respirando fundo.

- Eu vou com você...- Falo baixinho - Vamos procurar a Luisa juntas.

- Obrigada, meu amor - Marília fala beijando a minha cabeça e alisa meus cabelos - Obrigada...

- Com uma condição - Resmungo ainda de olhos fechados.

- Qual? - Marília pergunta confusa.

- Quero um filho seu - Levanto minha cabeça e procuro seus olhos - E você não pode me dizer não.

- Ja temos duas filhas, Carla Maraisa.

- Então não vou - Nego com a cabeça e fingo chateação - Só vou por um filho.

- Isso é chantagem - A loira fala rindo e alisa minha bochecha.

- Está funcionando? - Pergunto esperançosa.

- Um pouco... talvez.

Sorrio orgulhosa e junto nossos lábios, apoiando meus braços nas pernas grossas da loira maravilhosa que eu posso chamar de minha. Marília passa sua língua para dentro da minha boca e intensifica o beijo quando eu aperto a sua coxa devagar, sorrindo ao ouvir seu suspiro abafado. Passo meu nariz no seu e deixo um beijo na sua testa, antes de deitar minha cabeça nas suas pernas e sentir seu carinho.

- Só vamos tomar cuidado, tudo bem? - Falo baixinho - Não podemos nos expor novamente, não podemos correr os mesmos riscos que antes.

- Não vamos correr os mesmo riscos, amor - Marília fala beijando meu rosto - E se acontecer...vamos estar juntas.

- Sempre juntas...

- Sempre, meu amor...

Marília deixa vários beijos pelo meu rosto, alisando minha bochecha com a ponta dos dedos devagar. Mesmo não querendo ir, não posso deixar Marília ir sozinha, não posso correr o risco de perder ela novamente, foram dois anos sem ela e eu sei que. mais um eu não iria sobreviver, porque seria muito dolorido e meu peito não iria aguentar.

- Se...se não tiver nada da Luísa, nós vamos voltar para a nossa casa aqui, não é? - Pergunto baixinho - Não é?

- Vamos, meu amor...

Quero você do jeito que quiser (Reescrevendo) Where stories live. Discover now