38.

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Pov Marília

- Te amo, meu amor - Falo baixinho - Toma cuidado, por favor.

- Eu vou tomar cuidado - Maraisa sorri fraco e deixa um beijo na minha testa - Eu prometo, tá bom?

Concordo com a cabeça e a minha noiva se afasta de mim para ir dar tchau para Jade, antes de ir para o seu trabalho. Quando Maraisa sai do nosso apartamento, sinto um aperto no peito em deixar ela ir, como se eu sentisse uma necessidade enorme em ir com ela, mas não posso, temos que fingir que é um dia normal que ela saí para trabalhar e eu fico com as nossas filhas.

Cristal que está nos meus braços começa a chorar novamente, ela está totalmente quente hoje e os remédios não estão fazendo efeito. Com esse choro Jade acaba acordando no seu quarto e eu vou até ela com sua irmã nos meus braços.

- Bom dia, meu amor - Falo alisando a sua barriga - A mamãe está aqui, não precisa chorar.

Cristal se joga para a sua irmã e eu deixo as duas no berço, enquanto pego as roupas que as duas vão estar vestindo na nossa viagem para a França. Mesmo com medo e receosa de fugir com a minha família, penso que é a melhor forma de nós manter seguras é assim, que a melhor forma de nos mantermos unidas é em outro lugar, que ninguém vai saber aonde é. Mas ao mesmo tempo é tão assustador fugir, tão assustador ir para longe de um lugar que eu me apeguei, que aconteceu tantas coisas, seja coisas boas ou coisas ruins.

Mas espero que tudo acabe bem no final.

Pego Jade nos braços e troco a sua roupa e logo em seguida faço o mesmo com a pequena Cristal. Coloquei vestidos rosas nas duas, coloquei presilhas de borboletas no pouco cabelo que elas tem, além da botinhas sobre a meia calça branca.

- Hoje vocês vão conhecer a casinha da mamãe - Falo para elas e ambas sorriem para mim - Vamos conhecer aonde a mamãe cresceu, aonde a titia Luísa de vocês viveu, o quartinho de vocês ainda não está pronto mas as mamães vão deixar tudo perfeito para vocês duas.

Jade e Cristal esticam os bracinhos para mim, querendo ambas irem para o meu colo ao mesmo tempo, não gostando de ficar no berço. Coloco a bolsa das duas no ombro e me arrumo para ir em encontro a minha noiva no aeroporto, a grande hora está chegando. Pego as duas no colo e antes de sair, eu respiro fundo e olho para o meu apartamento aonde eu vivi tanta coisa.

- Dá tchau para a nossa casinha, filhas - Sussuro com a voz embargada - A gente não vai mais voltar para a nossa casinha.

Me despeço do nosso apartamento e desço com as gêmeas para o estacionamento, ainda com um nó na garganta. Coloco as duas no banco de trás e prendo o cinto nelas. Fecho a porta de trás mas quando vou abrir a porta da frente em um movimento rápido, tudo fica escuro e eu sinto um tecido na minha cabeça, minhas mãos são amarradas e meu corpo é arremessado dentro de algum lugar.

- Me solta - Grito desesperada e tento mexer as minhas mãos - Me soltem agora.

Escuto o choro das minhas filhas e isso faz meu coração bater tão rápido, como se fosse sair pela minha boca. Tento desmarrar as minhas mãos mas não consigo.

- Deixem as minhas filhas em paz - Peço ofegante, com falta de ar pelo saco na minha cabeça - Deixem as minhas filhas em paz.

Só entendo que eu estou dentro de um porta malas, quando sinto meu corpo se mexendo ao mesmo tempo que eu escuto o motor do carro fazendo barulho. Tento lutar, tento desmarrar as minhas mãos mas não consigo e eu começo a chorar, tentando me libertar para salvar as minhas filhas.

- Socorro - Grito novamente e minha voz começa a se misturar com o choro - Me deixem sair.

Começo a bater contra o porta malas do carro sentindo as minhas mãos ficarem machucada mas eu não me importo, só quero sair, salvar as minhas filhas, mas parece que cada vez mais eu luto, nada adianta. Sinto que o carro para e eu paro de bater no porta-malas.

Quero você do jeito que quiser (Reescrevendo) Where stories live. Discover now