Epílogo

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Tulipa saiu das ruínas de sua antiga casa refletindo sobre o que viu e o que sentiu. Era obvio que percebia os olhares próximos, mas preferiu ignorar. Enquanto alguns olhavam com desdém, outros queriam transparecer ameaçadores, mas todos, mesmo tentando desfaçar, estavam curiosos com o que ela estava fazendo na casa após aqueles anos. A garota não olhava para ninguém, afinal não tinha medo e pouco lhe importava o que aquelas pessoas sentiam ou pensavam dela.

No carro, dona Magna a esperava enquanto estava escutando as notícias do rádio. Magnólia disse a garota que iria começar a sua preparação, mas Tulipa não sabia como seria essa preparação. Joana ajudou Tulipa a preparar uma mala com tudo que ela precisaria para ficar semanas viajando.

G – Sinto que agora posso me libertar daqui. - Gilda disse saindo ao lado de Tulipa.

Tp - Você poderia vir comigo. - Tulipa sugeriu, pois achou que seria boa a companhia da amiga na preparação.

G - Você está com medo da preparação, é isso, não é? - Gilda a olhou desconfiada. Tulipa confirmou na cabeça.

Tp – Apreensiva, pois dona Magna não me falou nada de como vai ser. - Falou enquanto as duas se encaminhavam para o carro. Magna estava sentada no banco do motorista escutando séria as notícias do rádio.

G - Não vou atrapalhar as surpresas que estão por vir. - Disse Gilda com um sorriso irônico. Tulipa respondeu com uma careta debochada.

Ao se aproximar do carro as duas começaram a escutar enfim as notícias que estavam deixando Magna tão concentrada. A mulher parecia apreensiva e espantada com seu estado Tulipa ficou curiosa em escutar o que era noticiado no rádio antes de perguntar algo, não queria atrapalhar o relado que passava. Era uma testemunha de um crime que havia acontecido em Fortaleza há alguns dias. "Eu trabalho aqui há vinte anos e conheci vários amigos dos meus patrões. Nunca imaginei ver uma cena dessas. Foi o pior momento da minha vida. Dayse era como uma filha para mim e aquele homem a matou na minha frente. Eu sei o que eu vi e agora a polícia me coloca como suspeita" dizia uma mulher muito abalada para o locutor. Todos ficaram sabendo daquele crime. Um casal influente do ramo imobiliário e a filha foram assassinados na própria mansão e uma das empregadas viu o assassino matando a vítima.

Tp – Teve alguma novidade bombástica nesse caso? - Perguntou a garota curiosa com a expressão de Magna.

Mg – Eles eram meus amigos e dos seus padrinhos também. - Disse a mulher tensa olhando para Tulipa.

Tp – Eu sinto muito. - Disse Tulipa demonstrando condolências.

Mg – A testemunha disse que viu o assassino é o médico desaparecido. - Disse Magnólia ainda tensa.

Tp - Você acha que é... - Tulipa não conseguiu continuar a frase. O médico desaparecido que a testemunha citava poderia ser seu padrinho, então a reação de Magna era apropriada a notícia. - Por isso a senhora está preocupada? Ele nunca... - Ela não conseguiu completar novamente, pois lembrou daquela noite.

Mg – Ainda é cedo para tomar certas conclusões. - Disse Magna engolindo seco. - Não é isso que me preocupa. - Completou Magna respirando fundo e olhando bem nos olhos de Tulipa. O clima era de total apreensão.

Tp - Então o que é? Aconteceu algo. - Perguntou Tulipa já com um frio na barriga e Magna concordou com a cabeça. - O que? - Todo tipo de tragédia veio na cabeça da garota, até que uma se firmou, uma morte já esperada e seu coração derreteu. Lembrou do que Joana lhe confessou.

Mg – Joana acabou de me ligar, ela foi no quarto do neto agora a pouco. - Tulipa já se preparava para o bague e o luto. - Lourenço sumiu. 

Tulipa: Desabrochar.Where stories live. Discover now