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Demorou mas eu cheguei :)

Me perdoem pela demora, a escola tá puxada :(

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A suavidade e a calma que a mão de S/n tocou a porta contradizia totalmente o que ela sentia por dentro. O médico havia lhe dito que sua mãe havia surtado e que uma dose forte de calmante havia sido necessária para tranquilizá-la e que, apesar de tentar descobrir, a mulher jamais revelará o fator que havia lhe deixado daquela maneira. Ela só queria falar com S/n e, por tal razão, a clínica resolveu contatar a garota.

Quando ela não obteve resposta ao tocar pela segunda vez, ela decidiu abrir a porta, vendo sua mãe recostada na cama, encarando a parede com o olhar vazio. S/n respirou fundo e virou a cabeça na direção de Billie, sentindo levemente mais calma ao ver sua namorada lhe mandar um beijo no ar enquanto acariciava as costas de Adelaide, que dormia em seu colo, tendo a cabeça apoiada em seu ombro.

— Vá, eu espero aqui na porta. — Billie sussurrou e S/n assentiu, entrando no quarto no momento seguinte. Billie ficou encarando-a da porta na medida que a menor se aproximava cautelosamente de sua mãe.

— Mãe? — S/n chamou, parando ao lado da mulher. A mesma piscou lentamente, tendo a boca levemente inclinada para o lado, um típico sinal de que ela estava mesmo dopada. A mulher lentamente fitou sua filha, fazendo a garota se surpreender ao ver os olhos fundos e avermelhados; havia uma trilha de lágrimas em seu rosto e a garota percebeu que sua mãe estava chorando em silêncio.

— Hey... O que houve, mamãe? — Ela perguntou, se sentando rapidamente na cama ao lado de sua mãe e acariciando o rosto da mesma. A mulher parecia sem rumo, presa em seu próprio mundo, como se apenas estivesse ali por obrigação.

— Eu... o matei, não foi? — Sua voz não passou de um resquício, fazendo S/n abrir a boca sem reação ao ouvir aquilo. 

Ali era sua mãe. Sem os sintomas de sua doença, porque a mulher teria jogado a culpa em algum demônio que invadiu seu corpo ou em espíritos malignos, mas não, a pessoa em sua frente havia perguntado se fora ela a culpada da morte de seu irmão. A mais nova sentiu seu coração se comprimir em seu peito, sua mãe havia se lembrado.

— Você não estava be…

— Quero ouvir um sim ou um não. — A mulher a cortou seriamente, olhando com a maior dor existente em seu peito para sua filha. — Foram as minhas mãos que esfaquearam o meu filho? — S/n não queria ter que responder aquela pergunta. Sua mãe não estava bem quando havia feito aquilo, porém, de fato havia sido suas mãos que executaram o crime.

Os olhos da mais nova buscaram os de sua namorada, que de longe a fitava com carinho no olhar. S/n mordeu o lábio inferior e suspirou, se virando novamente para sua mãe.

— Sim, mãe. — Disse com profundo pesar.  — Só que... — Um choro agudo perfurou seus ouvidos, a impedindo de tentar falar, fazendo-a tentar segurar as mãos de sua mãe para tentar acalmá-la, porém a mulher não Ihe deu espaço. Apesar do forte efeito do calmante, Carol chorava alto, com os olhos fechados conforme tremia seu corpo; a cor arroxeada já preenchia o tecido de sua pele e as veias já estavam saltadas.

S/n queria poder fazer algo, porém sua mãe estava visivelmente alterada. Ela fitou sua namorada, mas viu a garota se afastando da porta do quarto para que os gritos não acordassem Adelaide.

— Mãe, por favor... — S/n pediu, vendo a mulher chorar ainda mais alto.

— S-saia daqui, S/n! — A mulher disse com dificuldade, pois chorava alto. — S-sai, por favor, f-filha! — Pediu, afundando as mãos no rosto para abafar os gritos de sofrimento.

— Não posso te deixar assim, mãe, — S/n disse, segurando o choro ao ver sua mãe lhe empurrar.

— Eu não mereço você como filha. — Ela gritou. — Eu mereço morrer. Saia daqui! — Gritou, voltando a tapar o rosto com ambas as mãos. S/n disfarçadamente enxugou uma lágrima de seu rosto, que não resistiu em cair. Ver aquilo estava lhe proporcionando uma dor dilacerante. Era como reviver o momento da morte de seu irmão.

— Não diga isso. — S/n insistiu.

— Você foi presa por minha culpa! — Cuspiu as palavras, surpreendendo sua filha. — Você deveria me odiar. Saia! — Gritou, levando a mão até o peito e negando com a cabeça.

— Senhorita? — A voz masculina fez S/n desviar a atenção para a porta no exato momento em que ouviu. — Você está desestabilizando o emocional de sua mãe e isso pode fazer mal a ela. Eu realmente preciso que saia. — Pediu com gentileza. — Pelo menos até ela se acalmar. 

S/n assentiu tristemente, se levantando da cama de coração partido. Seus olhos transmitiam ao seu cérebro que sua presença fazia mal à sua própria mãe.

— Eu te amo, mãe, não te odeio por algo que você sequer tem culpa e não pode controlar. — Ela disse. — Mais tarde eu volto para te ver. — Falou, decidida a pernoitar ali se fosse preciso, mas tinha a necessidade de falar com sua mãe novamente.

Foi quando saía do quarto que seus olhos avistaram aquela mesma revista tão conhecida por S/n, já não tão nova, jogada na prateleira ao lado da saída. Sua ficha, de repente, caiu, fazendo-a correr em direção a Billie sem olhar para mais nada.

A maior, ao avistar S/n correndo para si quase desabando, apenas abriu um dos braços, sustentando o peso de Adelaide apenas com o outro. Alguns segundos depois ela sentiu um leve impacto contra seu corpo, abraçando fortemente sua namorada, que nesse momento já não resistiu, chorando sem pudor algum, porém baixo, tudo para não acordar sua menina.

— Shh... — Billie disse, acariciando as costas de sua namorada e sentindo lágrimas quentes rolarem seu pescoço. — Vai ficar tudo bem, amor… — Sussurrou, ouvindo pequenos soluços escapando dos doces lábios de S/n.

— Ela não se lembrou... — S/n disse entre o choro. — Eu pensei que ela tinha se lembrado, mas foi só a porcaria desse lugar que não administrou as revistas e deixou isso cair nas mãos dela. — Reclamou irritada, chorando baixinho, — Ela não sabia e mesmo assim soube que não fui eu... Soube que foi ela, Bill... — Explicou entre o choro. — Ela confiou em mim, quando ninguém mais o fez.

— Amor... — Billie murmurou, mantendo a carícia em suas costas enquanto segurava bem Adelaide. Seu braço já estava doendo, claro, afinal Adelaide não pesava meros cinco quilos para ser fácil de se manter em apenas um dos braços, porém ela não se importou, consolar sua namorada era mais importante. — Não chora, por favor… Olhe, as coisas vão se ajeitar. — Disse docemente.

— Desculpe! — S/n murmurou em um fio de voz, chorando ainda mais. — É que... vê-la assim me destrói. — Se explicou. — Ela não tem culpa. Não por querer. Não é justo... — Desabafou a dor de anos reprimida em seu peito. — Não é justo que alguém tão bom como ela tenha que ter isso, tenha que sofrer assim.

Billie nada disse, apenas resolveu deixar S/n desabafar, ela precisava.

Quatro horas depois um beijo suave foi deixado na testa de sua namorada, fazendo-a se mover assustada e fitar Billie confusa. Elas haviam se sentado no banco mais próximo dali: Billie com Adelaide em um de seus ombros e S/n no outro e acabaram adormecendo. Ou melhor, S/n acabou adormecendo, Billie não pôde pregar os olhos.

— Heey... Aonde vai? — S/n perguntou com a voz ligeiramente mais rouca devido a que dormia.

— Cuide da nossa menina, a abrace forte e volte a dormir. — Pediu delicadamente ao ajeitar Adelaide no colo de sua namorada antes de se inclinar e deixar um suave beijo na testa da criança e outro tão suave quanto em S/n, porém nos lábios. — Eu só vou ao banheiro e já volto. 

A menor apenas concordou com a cabeça, fechando os olhos no momento seguinte. Billie sorriu singelamente ante a visão das pessoas que mais lhe deram carinho na vida depois de seu avô e suas amigas Drew e Zoe. Tal visão só confirmou ainda mais a decisão que havia tomado: iria tentar ajeitar as coisas e, ao ver de longe a porta do quarto de Carol entreaberta não pensou duas vezes, apenas caminhou até lá.

1397 palavras

Presa Por Acaso (Billie Eilish / You) Where stories live. Discover now