011

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Conforme cada página era engolida pelo cérebro de S/n, Billie assistia cada reação da menor, que estava deitada em sua cama enquanto Billie estava apoiada na grade do lado de fora, vendo o movimento dos corredores e, disfarçadamente, admirando S/n.

Um riso gracioso chamou a atenção de
Billie, que até tentou ignorar, mas não
conseguiu.

— O que está lendo? — Billie perguntou
e S/n abaixou o livro e ergueu a vista
para Billie, vendo-a de braços cruzados
do lado de fora.

— Uma comédia romântica. — S/n disse
e Billie assentiu. A menor percebeu que Billie iria dizer algo, porém fechou a boca sem proferir palavra alguma. — Já leu esse? — Ela perguntou, erguendo o livro para Billie ver a capa alaranjada e amarelada, onde continha duas mulheres.

— Já li todos eles. Esta semana chega mais livros que pedi. — Billie falou e S/n assentiu.

— Posso pedir alguns também. Só preciso esperar minha irmã vir me visitar. — S/n disse e Billie deu um passo para dentro da cela.

— Ela ainda não veio te ver ou estou
enganada?

— Veio no dia que cheguei, mas ela anda ocupada com algumas coisas importantes. — S/n disse, colocando o marcador de páginas no livro antes de fechá-lo.

— Quanto tempo você, uh, pegou? Você
disse à médica que não pode ter a pena
reduzida. — Billie falou, entrando de vez na cela antes de encostar na parede, parando de frente para S/n.

— Vinte e dois anos. — S/n disse, vendo
Billie arregalar os olhos. — E você?

— Não te in...

— Para com isso. — S/n pediu, vendo os olhos azuis a encararem após terem fitado o chão. — Está claro que você quer conversar comigo e se aproximar. Eu não sei por qual razão você precisa tentar manter sua pose de durona, mas comigo isso realmente não está funcionando. — Billie bufou.

— Não é uma pose. — Billie falou e S/n riu baixinho.

— Tudo bem, mas mesmo que você seja
assim, comigo não está funcionando. Está ficando vergonhoso você tentar me evitar, mas sempre puxar assunto.

— Eu não sei por que eu ainda ouço o que você diz. — Billie reclamou e S/n riu, levantando rapidamente da cama para prender os dois braços ao redor de Billie, impedindo que ela voltasse a sair.

— Não precisamos ser amigas, se é isso
que teme, porém tampouco precisamos
ser duas desconhecidas, Billie. — S/n
falou e Billie olhou para seus braços ao seu redor.

— Você realmente não tem medo de mim, não é? — Billie perguntou como músculo do maxilar enrijecido e S/n sorriu.

— As vezes, mas cuidando de mim e se
preocupando comigo do jeito que você faz fica dificil manter em mente que preciso ter medo de você. — Billie suspirou e a fitou.

— Só senti pena de uma pobre coitada que seria vítima de Danielle. — Billie disse e S/n sorriu. Qual era o problema dela que, não importava o que Billie falava, sempre sorria?

— Você se preocupou mais cedo com a minha alimentação, Eilish. Você realmente precisa melhorar seus argumentos. — S/n disse e Billie a empurrou.

— Eu não preciso melhorar porra
nenhuma. — Billie disse exasperada e S/n encolheu os ombros.

— Como quiser. — S/n falou, voltando
a se deitar em sua cama e retornando
para sua leitura. Os olhos azuis fitaram a decepção estampada no rosto da menor e logo ela bufou.

— Não precisamos ser amigas se
conversarmos? — Billie perguntou e
S/n a fitou.

— Não quero mais conversar com você. — S/n disse, voltando a olhar para o livro.

— Por quê? Você queria até trinta segundos atrás. — Billie disse confusa.

— Você precisa aprender que nem tudo é como você quer. — S/n rebateu e
Billie bufou.

— Eu não sei porque perco o meu tempo com você. — Billie disse bufando, saindo da cela novamente e voltando a cruzar os braços.

S/n se escondeu atrás do livro apenas para sorrir. Decifrar Billie era fácil demais e, em apenas alguns dias, ela não entendia como todas as detentas temiam aquela garota.

Ela viu como a maior bufava a cada cinco segundos e sabia que estava com seu ego ferido, então fez algo para a outra restabelecer a paz interior.

— Billie?— S/n chamou e a garota
colocou a cabeça para dentro da cela.
Está entediada?

— Por qual outra razão eu teria puxado
assunto com você? — Billie disse e
S/n sorriu. A resposta grossa já era
imaginada.

— Quer ler comigo?— S/n perguntou
e Billie piscou lentamente, cética. — Já disse, não seremos amigas. — Falou, deitando mais para o canto e Billie
assentiu, se deitando ao seu lado.

— Em qual parte está? — Billie perguntou.

— Na parte onde o meninão é descoberto pelas amigas da protagonista. — S/n disse e Billie riu.

— Eu adoro esse livro. — Ela disse e S/n
se permitiu contemplar sua beleza de perto. Não foi uma olhada de soslaio, foi uma olhada daquelas que deixam bem claro para você que está sendo observada.

— Não vai mesmo me dizer quanto tempo pegou? — A menor perguntou e Billie a fitou.

— Sempre insistente assim? — S/n
sorriu e aquiesceu.

— Sempre. — Respondeu sorrindo e Billie bufou.

— Sete anos, mas já cumpri três e por bom comportamento já reduzi mais dois. — S/n sorriu ainda mais e se virou de lado, ficando de frente para a maior.

— Bom comportamento, hm? — S/n
perguntou provocando enquanto o sorriso enfeitava seus lábios. — Não estou surpresa.

— Não está? — Billie perguntou surpresa e S/n meneou a cabeça.

— Não. Eu não sei por que as garotas
temem você, mas já percebi que você é
boa.

— Ninguém nunca ousou cruzar o meu
caminho aqui dentro para eu provar o contrário. — Billie disse friamente e S/n sorriu com a língua entre os dentes.

— Eu ousei. — S/n disse rindo baixinho. — Te desafio o tempo inteiro, não percebeu? E ainda assim você não fez nada.

— Talvez eu não queira fazer nada. —
Billie falou e S/n fitou seus lábios. Deveria ser delicioso beijar aquela boca.

— É nisso que eu queria chegar. — S/n
disse, fitando-a. — Por que comigo é
diferente? — Billie se obrigou a fitar apenas seus olhos, porém a forma como os olhos de S/n estavamn fixos em seus lábios não estava ajudando muito em sua concentração. A maior suspirou rendida e
começou:

— Você me ajudou... — O barulho de um cassetete atingindo as grades atraiu a atenção de ambas.

— Malik, você disse que iria à enfermaria e já está quase na hora das celas se fecharem. Então vá. — Uma policial ruiva requisitou e S/n assentiu.

— Me conta depois? — S/n sussurrou e
Billie negou, se levantando.

— Não tenho nada para contar.

— Billie! — S/n disse e Billie cruzou
os braços.

— Estão te esperando. — Ela disse e S/n
bufou, mas deixou o livro sobre a cama e saiu.

Billie iria Ihe contar, droga! Mas apesar
de Billie ter mudado de ideia em relação a dizer, S/n não desistiria fácil.

1154 palavras

Presa Por Acaso (Billie Eilish / You) Onde as histórias ganham vida. Descobre agora