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O famoso toque de recolher soou e todas foram rumo às suas celas. S/n havia passado no começo do dia nela, apenas para saber a localização, porém não tinha ideia com quem dividiria o ambiente.

Ela estava exausta e só queria dormir, por isso foi até sua cela, mas antes de entrar observou a figura de Sabrina entrando na cela de frente para a sua. O que dividia o espaço entre as celas era os corrimões azuis, que eram proteção para ninguém cair no enorme vão do meio do local, que dava a visão clara das celas de baixo.

Sem mais delongas ela entrou, vendo um vaso sanitário no canto da cela e um minúsculo lavatório. Não que usassem o vaso dali sempre, tinham banheiros fora das celas. Mas se uma delas tivesse dor de barriga durante a madrugada? Pensou S/n. Teriam que fazer suas necessidades na frente da outra?

Definitivamente S/n não sabia quem ficaria mais constrangida. Céus, ela rezou por não terem dor de barriga. 

Seus olhos analisaram o beliche, porém a dúvida lhe surgiu: qual seria sua cama? Seu olhar se focou no pôster de uma banda desconhecida por ela na parede de cima, então ela presumiu que sua cama fosse a de baixo. 

Se sentou na cama e viu uma revista sobre ela, com seu nome. Sim, aquela era mesmo sua cama. Um longo suspiro se esvaiu de seus pulmões quando notou a letra de sua irmã, pedindo para ela abrir na página doze.

Seus olhos se esbugalharam ao ver uma foto sua algemada enquanto a levavam para o carro de polícia. Sua irmã pede para ela não contar ser rica e Ihe manda a porra de uma revista onde "A milionária S/n Malik Collins foi presa, nesta quarta-feira, por ser a principal suspeita no assassinato do Empresário Carlos Collins Malik." Genial ideia a de sua irmã, pensou revirando os olhos.

S/n soube que a revista não era tão atualizada, afinal de contas, já não era a principal suspeita; era a assassina, pelo menos aos olhos das leis e dos milhões de telespectadores.

Ela fechou a revista quando viu alguém se aproximar e logo seus olhos reconheceram a figura. Ela rezou internamente para não fecharem aquelas celas, não poderia, não era justo com ela.

Dividir a cela com Danielle estava fora de cogitação. 

Mas era sua realidade e, à medida que a garota se aproximava, um sorriso vitorioso ia preenchendo seus lábios.

— Olá novamente, novata. — Ela disse, enfiando as mãos nos bolsos da calça marrom clara, fazendo S/n a olhar receosa.

— Olá. — S/n disse, até que a garota subiu em sua cama e se calou. S/n rasgou a parte da revista onde falava sobre ela e sem pressa picotou em centenas de pedaços, até que sua imagem foi desaparecendo por completo.

Novamente o ruído, exatamente como as sirenes, soou nos corredores e logo S/n viu que policiais estavam indo de cela em cela, revistando as garotas antes de fecharem o local. Sua vez chegou e ela e Danielle foram revistadas. Todo o processo continuou e, após finalizarem, as luzes principais dos corredores foram apagadas.

O pesadelo do fim do dia começou aí, porque a garota da cama de cima desceu, subindo em cima de S/n, que já havia se deitado confortavelmente.

— Finalmente a sós, boneca. — A garota disse, distribuindo beijos ao longo do pescoço de S/n. A menor acertou o joelho no meio das pernas da outra garota, porque apesar de não ter a genitália masculina, ela sabia que aquilo doaria também.

A garota se retorceu em cima dela, mas logo pressionou seu joelho contra a intimidade de S/n. Visivelmente ela era mais forte, S/n sabia, porém, não deixaria as coisas serem tão fáceis assim.

— Eu vou gritar. — S/n resmungou, empurrando ela. — Mas você não vai me tocar.

— Você está fazendo as coisas mais difíceis para mim. — A garota disse, se levantando e pegando algo, que S/n não soube identificar o que era, antes de bater contra as grades do lugar. Instantes depois uma policial loira apareceu e S/n suspirou aliviada.

— O que quer, Bregoli? — A policial perguntou secamente.

— Preciso que cuide do perímetro para mim, vou me divertir um pouco. — Ela disse e a policial entortou uma sobrancelha.

— Você é uma filha de uma mãe, Danielle. — A mulher disse suspirando. — Quero os três mil na conta amanhã por esse favor, se não, as coisas vão se complicar para você. — S/n arregalou os olhos.

— Fechado. — Danielle disse sorrindo, se virando para S/n. — Parece que teremos uma longa noite, boneca. — Ela disse, indo até sua cama e pegando um lençol, o pendurando nas grades para tampar a visão das outras celas.

— Você não vai tocar em mim. — S/n disse, se afastando da cama e indo para o canto do vaso sanitário.

— Oh, eu vou. — A mulher disse sorrindo prepotente. — Mas não se preocupe, você terá a minha proteção, ninguém aqui vai arrumar encrenca com você e, bem, diga-me o que sentir vontade de comer que eu te arranjo. — Ela disse, retirando sua camisa e deixando seus seios à mostra.

— Você quer dizer além de você? — S/n perguntou e a garota sorriu.

— Você tem garra, admiro isso em você, mas acredito que precisa entender como as coisas funcionam aqui. — A garota disse, se aproximando de S/n antes de tentar puxá-la para si.

S/n a empurrou, mas a garota acabou puxando-a junto, fazendo ambas rolarem pelo chão. A garota inverteu as posições e subiu em cima de S/n, que ergueu um braço e puxou o lençol das grades, deixando as outras de fora observarem o que acontecia ali. 

Ela se levantou ao chutar Danielle e encostou o rosto nas grades, gritando com toda a força por socorro, mas sentiu uma dor lancinante ao sentir seu rosto ser empurrado contra o ferro com força.

Seus olhos captaram a imagem do olhar preocupado de Sabrina na cela distante, à frente dela. Sua cabeça foi acertada outra vez contra o ferro antes de sentir uma lágrima escorrer de seus olhos e a garota agarrar seu corpo, rasgando sua blusa.

Ela olhou uma última vez suplicante para a garota da cela à frente, vendo Sabrina começar a bater algo contra suas grades sem falar nada, como se não quisesse ser reconhecida por ser a causadora do que viria a seguir: Todas as outras começaram a bater em suas grades, gerando assim os gritos de "Briga, briga, briga."

Um minuto depois havia três policiais abrindo sua cela, com armas apontadas para elas.

— Virem-se e mãos na cabeça, sem gracinhas. — Uma delas disse e ambas obedeceram. — Quem começou isso? — Ambas se calaram, até que a voz da cela ao lado surpreendeu S/n.

— Foi a Bregoli, eu ouvi tudo. — A garota disse. S/n conhecia aquela voz, era Scar, a garota da fila.

— Vai se foder, Scarlett. — Danielle gritou e a risada do outro lado da parede ecoou.

— Boa sorte na detenção. — Ela retrucou.

— Você vem comigo! — A policial disse para Danielle. — E você... enfermaria. — Completou, apontando para S/n. — Está livre desta vez, mas se arrumar mais brigas será a próxima naquela detenção. — A mulher disse seriamente e S/n assentiu, sendo levada por uma das policiais para a enfermaria.

Seus olhos olharam agradecidos para Sabrina, que tinha uma expressão preocupada no rosto, provavelmente pelo sangue que S/n sentia escorrer de sua testa.

No caminho, apenas a duas celas da sua, seus olhos captaram um par de olhos azuis, analisando confusa as duas policiais levarem Danielle sem a parte de cima do uniforme, com os seios à mostra, logo, ela encarou S/n, que vinha atrás com a outra policial. 

Billie analisou minuciosamente cada pedaço de seu estrago: sua camisa rasgada, onde mostrava uma parte de um de seus seios, o lábio cortado e a testa sangrando. S/n não viu muito, afinal passou rápido por ela, mas jurava ter visto os dedos brancos se apertando contra as grades, como se algo estivesse realmente enfurecido. 

Presa Por Acaso (Billie Eilish / You) Donde viven las historias. Descúbrelo ahora