Uma mulher marcada com um passado horrível, refém de seus medos e de sua própria mente, Aisha viveu anos sofrendo nas mãos das pessoas que deviam a proteger e com isso se fechou para o mundo, no fundo tinha esperança de que o príncipe encantado em u...
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Desligo o notebook e saio da biblioteca, caminho até a sala e paro quando vejo Austin com a cabeça no colo de Aisha, aperto minhas mãos e bufo por meu irmão ser tão inocente e perdoar as pessoas rápido demais.
Ela passa as mãos pelos cabelos dele enquanto assiste concentrada a TV, fico com raiva.
Era quase de madrugada quando escutei passos, desci e vi ela pronta para treinar, falei tudo que sentia e tive coragem de beijar ela, depois não sei como fomos para a cama e acabamos transando, nós três.
Mas aí o tesão passou e acho que com isso a magia, pois ela acha que tudo foi um erro, para mim não foi, me pareceu tão certo ver a entrega em seu olhar, não me pareceu ser só desejo, por um momento pensei que tinha algo mais em seu olhar.
Está quase anoitecendo e já teve tantos acontecimentos durante esse dia que estou cansado.
Suspiro e volto a caminhar, ela me olha e engulo em seco a ignorando.
- Austin o que você quer jantar? - questiono.
- A Aisha disse que mandou trazerem comida do restaurante para nós - diz sentando e me olhando - Eu já tomei banho, vai tomar o seu para comermos quando chegar.
- Vou jantar em outro lugar então - falo.
- Porquê irmão? A comida do restaurante é boa - diz - E eu gosto quando nós comemos juntos.
- Se for por causa da minha presença eu irei para meu quarto e podem jantar juntos - Aisha diz tirando a almofada do corpo.
- Eu quero comer com os dois - Austin diz fazendo sua cara de pidão - Aaron a Aisha disse que quer ser nossa amiga, é só a gente deixar o que aconteceu para trás.
- É claro que para ela é fácil não é? Se aproveitou do fato de sermos apaixonados por ela para que fizéssemos o que nosso pai não está fazendo - digo irritado e vejo a feição de Aisha mudar.
- Eu não me aproveitei de ninguém - diz, mas sua voz sai com mágoa - Vocês pareciam querer tanto quanto eu.
- Eu queria - Austin diz rápido.
- Eu posso ter errado em aceitar ir para a cama com vocês, posso ter errado em ceder ao momento, mas nunca diga que eu me aproveitei de ninguém - fala e engole em seco - Eu quis, mas vocês vieram atrás Aaron, você quem chamou primeiro, não forcei ninguém a fazer nada comigo, isso eu não fiz.
Ela fecha os olhos e respira fundo apertando as mãos, vejo abrir os olhos e suspirar saindo apressada, aperto as mãos e observo ela subir as escadas quase correndo.
- Você deixou ela triste Aaron - Austin fala - Ela já tinha dito que queria ser nossa amiga, isso é melhor que não ser nada não é?
Olho para ele e suspiro, me sento no sofá e massageio minhas têmporas irritado com tudo isso.
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Saio do quarto e caminho até a cozinha, vejo tudo silencioso, abro a geladeira e tomo um pouco de água, suspiro me recostando no balcão e lembrando dos beijos e do gosto de Aisha em minha boca.
Puxo na minha mente a primeira vez que a vi, eu era uma criança e ela tinha entre dezoito e dezenove anos, foi assim que ela se casou com meu pai e veio morar aqui.
Confesso que tinha certo medo dela, ela era séria e não falava com ninguém, eu achava que ela só queria roubar o pouco tempo do nosso pai com a gente.
Devido a separação dos nossos pais, Austin e eu ficamos com nossa mãe, como era quase sempre ocupado Erick nos via poucas vezes no ano, quando soube do novo casamento dele fiquei com medo dele parar de nos ver de vez, não por mim e sim pelo Austin, mas isso não aconteceu, ele continuava nos vendo quando podia, a gente quase não vinha para cá e quando víamos Aisha nunca aparecia.
Só fomos ter mais contato quando viemos morar aqui dois anos atrás, no começo ela era reclusa, mas com o tempo foi nos dando espaço e assim fazendo eu e Austin ficarmos apaixonados por ela.
Eu tentei negar a todo custo isso, Austin nem tanto, me contou assim que percebeu, durante esse tempo tudo que eu queria era beija-la e ter ela para mim, nem que por um momento, eu tive e agora quero mais.
Mas ela não quer pois de uma forma que não entendo ela ama nosso pai, o homem que trai ela constantemente.
Como pode ele fazer isso? Aisha é tão perfeita e maravilhosa.
Depois de ontem eu só me sinto mais apaixonado por ela, e ele tem tudo isso e não dá valor.
Deixo o copo na bancada e volto para o quarto, assim que estou terminando de subir as escadas vejo a porta do seu quarto ser aberta e ela sair de lá, decido a ignorar e sigo até meu quarto, mas antes de entrar nele ouço um fungado seu.
Me viro e vejo ela levantando a cabeça e me vendo, ela limpa o rosto e respira fundo antes de começar a caminhar, suspiro me sentindo idiota.
- Está sentindo alguma coisa? - pergunto chegando perto dela.
- Por favor, diz que não sentiu que eu me aproveitei de vocês - fala engolindo em seco - Você me falou que queria e eu aceitei, não quis de maneira alguma me aproveitar de algo, sinto muito por não ter terminado da maneira que queria, eu fui errada eu sei, mas nunca quis me aproveitar de ninguém.
Ela passa a mão no rosto e franzo o cenho, ela me olha esperando que diga algo, suspiro sabendo que é inútil eu lutar contra o sentimento dentro de mim.
- Você não se aproveitou Aisha, eu e Austin queríamos, só falei aquilo pois fiquei irritado com o fato de você ter fugido após tudo - digo sincero - Tem noção do quanto eu queria transar ou só simplesmente beijar você? O quanto eu queria que fizesse o mesmo? Você fez e depois fugiu, isso me deixou puto.
- Eu sinto muito Aaron - diz - Você não entenderia meus motivos, não conhece eles.
- Eu não sei nada sobre você na verdade - digo e mordo o interior da bochecha - Não sobre quem é, e o que esconde.
- Com vocês eu sou essa Aisha que gosta de treinar, tabalhar e assistir, isso que importa não é? - diz feito uma menininha - Eu gosto de vocês dois, mas não da forma que querem, gosto da amizade de vocês e isso me faz bem.
- Eu gosto da sua amizade também, mas não queria só isso, eu queria você como minha e o do Austin - falo e me aproximo - Você acha que isso poderia dar certo?
- Eu só posso ser amiga de vocês, nada além disso - diz se afastando um pouco - Eu sinto muito por tudo, se quiser ser meu amigo ainda, eu prometo ser uma boa amiga, mas se quiser me ignorar e fingir que não existo vou entender.
Ela tem as mãos na frente do corpo, a vejo suspirar e comprimir os lábios me olhando.
- Acho que entendi, bom eu vou voltar para meu quarto então - diz e da dois passo, seguro sua mão e a encaro.
- Eu quero ser seu amigo se isso é a única coisa que consigo - falo a olhando - Mas saiba que o que sinto não vai mudar, eu vou continuar querendo ter você como minha.
