Capítulo 27

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Pode conter choros e gatilhos nesse capítulo ⚠️🥺

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Pode conter choros e gatilhos nesse capítulo ⚠️🥺

- Então, o que você quer falar? - Erick questiona após um tempo olhando para ele.

- Eu pensei muito durante esse tempo que você estava viajando - falo calmamente e ele me olha - E cheguei a uma conclusão que era para ter sido tomada a muito tempo.

- Conclusão de quê? - questiona.

- Que é melhor nos separarmos - sou direta.

- O que disse? - pergunta surpreso - Separar porquê?

- Erick nós nem temos um casamento de verdade! - falo.

- Podemos tentar ter a partir de agora - diz e fecho os olhos - Eu te amo Aisha.

- Eu gosto de você, mas não como queria que gostasse, eu sinto muito não ter conseguido amar você durante todo esses anos - digo e toco o rosto dele - Não adianta ficarmos preso nesse casamento em que só uma das partes ama, não é justo com você, sabe que durante todo o tempo fiquei com você por medo e proteção, mas agora Hugo está morto e embora seja grata a você por tudo que fez por mim, não acho justo continuar assim.

- Não faz isso Aisha, podemos tentar mais uma vez - diz e respiro fundo fechando os olhos, eu pensei em pedir a separação, mas não planejava o que vou fazer agora - Vamos tentar só mais uma vez.

- Eu não posso Erick - digo e respiro fundo mais uma vez - Eu dormi com outra pessoa e estou apaixonada por ela.

Ele me olha paralisado, prendo a respiração e o encaro.

- O que disse? - questiona apertando as mãos, passo as mãos nos cabelos e vejo seu rosto ficar furioso - O que disse!?

- Sinto muito Erick - digo e ele pega o abajur jogando na parede com raiva, dou um pulo de susto e vejo ele caminhar em minha direção, engulo em seco quando ele chega perto de mim.

- Você está me dizendo que dormiu com alguém e agora está apaixonada!? - pergunta alterado - Está dizendo que não se apaixonou por mim durante todo nosso casamento, mesmo com tudo que fiz, mas agora dormiu com alguém e se apaixonou?

Não me contenho e me encolho um pouco pelo seu tom de voz e pela raiva refletida em seus olhos.

- Me responde porra! - grita e dou passos para trás, mas me encosto na parede - Me responde! Por que não sabe o tanto que me senti mal quando descobri que se obrigava a transar comigo por medo do que eu poderia fazer! não sabe quantas vezes quis morrer por imaginar sua cabeça nos nossos momentos - comprimo os lábios sentindo vontade de chorar - Eu me senti sujo, me senti pior que o Hugo só pelo fato de você pensar que eu seria capaz de te machucar.

- Você não é como ele, nunca foi Erick, é alguém bom e doce - digo.

- Eu me odiei Aisha, me odiei pois não parava de pensar que alguma vez dei a entender que te machucaria se não transasse comigo - diz - Sabe como a minha cabeça ficou fodida quando tudo aconteceu? - questiona - E você simplesmente diz agora que dormiu com alguém e se apaixonou, por que não fez isso por mim?

- Não foi minha culpa, não porquê eu quis - falo.

Ele soca a parede algumas vezes e fecho os olhos me encolhendo.

- Não foi porquê você quis o quê? - pergunta gritando - O que exatamente você não quis!?

- Me apaixonar por outra pessoa - digo baixo - Eu quis, tentei amar você, mas nunca consegui.

- Então o erro sou eu - diz rindo amargo e se afasta.

Ele pega outro objeto e joga na parede, daí então começa a pegar as coisas e quebrar o quarto enquanto fala que eu deveria o amar, me encolho no canto e fecho os olhos.

Lembranças vem em minha mente, catorze anos eu tinha, alguns anos sofrendo abuso, mas ainda tentava ser forte, chegou uma aluna nova na sala, um pouco mais velha que o restante dos alunos e queria ser minha amiga, eu relutei, mas no fim aceitei aos poucos sua amizade.

Só nos falavamos na sala de aula pois sempre que dava o horário eu saia correndo para não ter Hugo brigando comigo já que ia me buscar todos os dias.

Toda vez ela questionava sobre isso, mas eu sempre dizia que tinha coisas a resolver, um dia quando sai correndo após o horário ela me seguiu, eu tentei fazer ela ir embora mas a mesma não fez o que pedi.

Hugo chegou e me chamou, eu fui para o carro e ela ficou olhando tudo e se despediu de mim, por incrível que pareça ele não disse nada, no outro dia aconteceu a mesma coisa e assim se seguindo, enquanto eu esperava Hugo ela ficava comigo e dizia que amava o fato do meu pai ser tão atencioso comigo e me buscar todos os dias, ela dizia que queria ter um pai como ele.

Então um dia eu tive coragem de dizer tudo a ela, contei todas as coisas que sofri até aquele momento, abri meu coração, mas quando terminei me arrependi pois pensei que ela não acreditaria em mim assim como a professora e minha mãe não fizeram.

Porém diferente do que pensei, ela  acreditou em mim, me abraçou apertado e disse que me ajudaria, uma garota de dezesseis anos ia me ajudar.

Eu não sabia que tipo de ajuda ia me oferecer, mas meu coração ficou feliz por uma vez na vida ter ajuda de alguém.

Eu nunca soube o que ela queria fazer pois um tempo depois ela apareceu morta, eu chorei, chorei por dias por sua morte.

Até que um dia no momento dos abusos Hugo confessou que foi ele quem a matou, a única pessoa que acreditou em minha palavra foi morta.

Eu gritei com ele, chorei e ele surtou quando eu disse que amava ela, eu gosta a dela como uma irmã, queria que ela fosse minha irmã e me ajudasse nos meus piores momentos.

Então ele surtou por isso, disse que eu não poderia amar ninguém, que deveria ser somente dele o meu amor, enquanto dizia isso quebrava todo meu quarto, ele parecia furioso.

Ele disse que mataria todas as pessoas que eu amava, daí então comecei a me afastar de todos, deixava Ellinor de lado pois sabia que assim que demonstrasse algo por ela, ele a machucaria.

Ver Erick quebrando tudo agora e dizendo que eu deveria o amar, me trás lembranças involuntárias das vezes que Hugo fez o mesmo.

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A Verdade De Aisha RuskinWhere stories live. Discover now