Capítulo 44

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Fernanda

Eu estava em choque! Eu era compatível? Comecei a chorar e sorrir ao mesmo tempo. O meu irmão me abraçou e gargalhei envolvida nos seus braços. Procurei Raul pela sala e o que encontrei me deixou confusa.

— Ei, amor? Nós vamos salvar a nossa filha.

— Nanda, eu... Você é compatível! — Ele estava me olhando estranho.

— Sim, eu sou — O abracei e ele me apertou forte.

— Fernanda, é um transplante amor, você tem certeza? Eu não quero que você se sinta na obrigação e...

— O que? — Mas do que ele estava falando? Obrigação? Eu estava explodindo de alegria, danem-se os riscos eu era a chance da nossa menina ter uma vida saudável. As minhas preces foram atendidas. Deus estava me dando a oportunidade de salvá-la.

— Raul, nem que eu tivesse que tirar o meu coração e dar a ela...

— Obrigado, obrigado! — Ele me abraçou e pela primeira vez desde que esse pesadelo começou eu vi Raul chorar.
E pela primeira vez eu senti um alívio e a certeza de tudo ficaria bem.

Ouvimos com atenção toda a explicação da equipe médica que seria a responsável pelo transplante. Eu, como doadora viva, teria que fazer uma série de exames para confirmar que estava bem de saúde e apta para realizar a doação.

O médico nos esclareceu tudo que seria feito antes da cirurgia. O tipo sanguíneo do doador precisa ser compatível com o do receptor e não possuir doenças no fígado que contraindiquem o transplante. O que já estava confirmado, graças a Deus.
Além disso, o doador precisa ser avaliado psicologicamente para entender o processo de doação e os investigadores descobrirem se há algo além do que a vontade de ajudar o paciente.
Também me foi explicado que quando se doa para crianças, o risco é menor porque o pedaço retirado do fígado é bem pequeno, mas ainda assim existe o risco.

A porção do fígado transplantado e a porção residual no corpo do doador se regeneram rapidamente, atingindo o volume normal em algumas semanas. Isso quer dizer, que o pedaço do meu fígado que seria retirado e colocado na Clara em breve voltaria ao normal.

Eu seria operada e a parte do meu fígado a ser doada, removida. Em seguida, o fígado doente da Clara, removido e a porção doada por mim inserida no mesmo local. Na sequência, os vasos sanguíneos e ductos biliares são conectados ao novo fígado.

Eu e Clara seriamos operadas ao mesmo tempo, em salas separadas, porém, próximas.
Fui levada para realizar alguns exames e falar com uma psicóloga enquanto Clara também estava sendo preparada para a cirurgia.
Estava ansiosa e não com medo! A ansiedade é porque queria ter a certeza de que tudo daria certo e a minha menina ficaria bem.

Assim que fui liberada, ao lado de Raul fomos para o quarto conversar com Clara e explicar o que aconteceria.
A encontramos assistindo um filme no tablet, o meu irmão estava com ela e assim que chegamos, mesmo desanimadinha, ela sorriu.
Eu farei qualquer coisa por ela!

— A gente quer conversar com você, meu amor — Raul começou falando e ela logo deixou o tablet de lado. Ficamos parados ao seu lado na cama e segurei a sua mãozinha pequena.

— Lembra que o papai te explicou que você estava aqui no hospital porque o seu fígado estava doente? — Ela balançou a cabecinha confirmando.

— Ele já está sarando papai? — Não suportei a emoção e comecei a chorar.

— Não, meu amor. É por isso que os médicos vão ter que fazer uma troca.

— Uma troca? — Ela perguntei interessada e acabei sorrindo.

— Isso mesmo, princesa — Continuei — Os médicos vão pegar o seu fígado doente e tirar daqui de dentro da sua barriguinha. — Apontei e fiz um carinho nela. — Depois, vão pegar um pedacinho do meu fígado, que está saudável, e colocar dentro de você, no lugar que ficava o seu.

— Eles vão tirar um pedaço do seu fígado de dentro da sua barriga e colocar dentro da minha barriga? — Ela parecia incrédula, e realmente era  incrível o que a ciência era capaz de fazer.

— Exatamente, meu amor!

— Então eu vou ter um pedacinho de você dentro de mim, igual eu tenho do meu papai.

Foi impossível não me desmanchar em lágrimas.

— Por que você tá triste, Nanda?

— Eu não estou triste, princesa! Eu estou chorando de alegria porque eu amo você demais.

— Eu também amo você bobinha.

Rimos da sua gracinha e enchi minha menina de beijos!

Demos a notícia para nossa família que eu seria a doadora e todos respiraram aliviados após dias de preocupação. Era a esperança ocupando o lugar do medo que nos assombrou nos últimos dias.

A cirurgia poderia levar até 12 horas, após me despedir de Clara, disse um até breve emocionado aos meus pais, seguido de muitos beijos e abraços apertados. Bruno me apertou forte e carinhosamente me agradeceu. Fernando não soltou a minha mão um minuto sequer, a minha sogra também estava emocionada e aguardei Raul que estava com Clara que também já estava sendo finalmente levada para a sala de cirurgia.

— Nanda, eu nunca vou ser capaz de retribuir o que você está fazendo pela minha filha. Você está salvando a vida dela, sem pensar duas vezes você aceitou se colocar em risco para que ela ficasse bem e... Eu não sei o que te dizer, não sei quais palavras usar para te agradecer. Eu nunca, nunca vou conseguir ser grato o suficiente. Não existem palavras que possam explicar como eu estou me sentindo. Vocês duas são tudo que eu tenho de mais valioso. São tudo que eu mais amo na vida.
— Raul começou a chorar e me abraçou. — Por favor. volta pra mim! Eu tô com medo.

— Vai ficar tudo bem, nós duas ficaremos bem. — Prometi e senti no fundo do meu coração que aquela promessa não era vazia.

— Eu vou tá aqui te esperando. Eu te amo, te amo muito.

— Eu também amo você, amo a família que você me deu. — Dei um beijo rápido nos seus lábios fazendo mais uma promessa. — Eu volto logo.

Assoprei um beijo para todos e segui a enfermeira que me aguardava.
Dentro de algumas horas a cirurgia terminaria e eu teria feito a maior prova de amor da minha vida. O destino encarregou-se de me trazer até Raul e Clara, e os nossos laços de amor, foram os responsáveis por nos mantermos unidos no pior momento das nossas vidas.

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