Capítulo 18

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Raul

Vejo quando Fernanda corre e pula na piscina com roupa e tudo. Seu desespero é tanto que demoro a entender o que está acontecendo. Largo o sorvete sobre a mesa e corro em sua direção. Ela abraça minha filha, que assim como eu não está entendendo nada, com tanto desespero que sinto meu peito arder.

Vejo Fernanda sair da água com minha filha nos braços, Clara está assustada.
- O que aconteceu? - Pergunto e percebo o quanto Fernanda treme agarrada a minha filha.

- Eu não sei papai, a Nanda está chorando. - Minha filha em sua inocência, passa os bracinhos envolta do pescoço de Fernanda e tenta consolá-la.

Acompanho as duas até uma cadeira. Aproximo e me ajoelho em frente as duas. Noto Rosa se aproximar com uma expressão assustada.

As duas a minha frente continuam agarradas e toco a mão de Fernanda que aperta Clara e treme incontrolávelmente.

- Nanda? - Ela me encara e vejo tanto medo em seus olhos. - Tudo bem, pode soltar a Clara. - Procuro Rosa ao meu redor e a vejo com as mãos juntas sobre o coração. - Leve Clara para o banho, por favor.

- Pode soltá-la Nanda. - Ela afrouxa os braços e pego minha filha de seu colo entregando-a para Rosa.

- Me desculpe! - Ouço seu sussurro e ajoelho-me novamente a seus pés.

- O que aconteceu? - Ela me olha e desaba em um choro sentido.
Aproximo-me mais e a puxo para meus braços. Ela enterra o rosto em meu peito e chora de soluçar. Acaricio suas costas suavemente esperando que se acalme e possamos conversar.

- Eu pe - pen...sei que e - e...la ti - tinha se afogado. - Fernanda mal consegue falar de tanto que soluça. Seu corpo treme demais e sinto a necessidade de abraçá-la mais forte.

- Está tudo bem. - Afirmei para que ela se acalme. Levantei da posição agachada que estava e firmei mais meus braços ao seu redor. Suas mãos que até então estavam soltas ao redor do corpo envolveram minha cintura.

Ficamos abraçados não sei por quanto tempo, mas quando ela se afastou percebi que não tinha sido suficiente.

- Eu a vi boiando de bruços na água. Pensei que...

- Ela só estava nadando. - A interrompo. - Eu entendo que você tenha se assustado, mas está tudo bem agora. Vamos? - Lhe estendo minha mão. - Você precisa tomar banho e tirar essa roupa molhada.

Seguimos de mãos para dentro de casa, Fernanda ainda tremia.

- Ela deve ter se assustado tadinha. Eu a arranquei da água de repente. Preciso falar com ela.

Subimos as escadas de mãos dadas e levo Fernanda até o quarto de hóspedes.
- Primeiro tome um banho, aqui não tem roupas, mas você pode usar um roupão. Vou pedir para Rosa colocar suas roupas na secadora. Depois que terminar vocês conversam.

- Certo, obrigada e me desculpe Raul.

Ela estava envergonhada? Por se preocupar com minha filha?

- Você não tem que se desculpar por se preocupar com Clara. Na verdade eu lhe agradeço por tanto cuidado. Fique à vontade.

Saio do quarto sentindo meu coração inquieto. Ver a reação de Fernanda, saber que ela gosta e se preocupa verdadeiramente com minha filha trouxe lembranças que eu não gostaria de reviver. Uma pessoa que conheceu Clara há poucos dias desesperada com a possibilidade de um acidente, enquanto a própria mãe nem se lembra que ela existe.

Eu como pai seria capaz de qualquer coisa pela minha filha. Morreria mil vezes por Clara.
Nunca serei capaz de me esquecer do que aquela mulher asquerosa foi capaz de fazer.

Laços de Amor (CONCLUÍDA)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora