Capítulo 41

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Fernanda

Mais um dia no hospital e tudo que eu mais desejava era ver Clara recuperada, no entanto, não conseguia enxergar nenhuma melhora. Ela estava mais amarelada, mais fraca e mais desanimada.
Fiz promessas, implorei para que Deus me trocasse de lugar com ela, não era justo que uma criança sofresse numa cama de hospital. Não era justo ver a nossa menina tão cheia de vida nessa cama.

Estávamos nos agarrando a esperança de não ser necessário o transplante. Eu queria acreditar que a qualquer momento o médico passaria pela porta dizendo que tudo estava bem, que o pesadelo havia acabado, poderíamos voltar para casa e Clara estava curada. Porém, no fundo, como foi desde o início, eu sinto que não será assim. Uma sensação ruim não me abandona.

Eu nunca senti tanto medo na minha vida. Não consigo comer, dormir... Não consigo tirar os olhos de Clara, rezando para que os sintomas não evoluam, para que o seu fígado se recupere logo.
Eu tinha tantos planos, o café, piqueniques no lago, tardes na cachoeira, passeios a cavalo. Estava planejando dar um cavalo a Clara de presente  e agora tudo que eu tenho é o medo e a incerteza de um futuro.

Eu quero a nossa menina cheia de vida e saudável de volta!
Eu quero poder chamá-la de minha filha!
Eu quero ouvi-la me chamar de mãe!

— Fernanda? — Procurei a minha volta e Raul estava agachado ao meu lado. — Amor, eu estou te chamando a um tempão.

— O que aconteceu? — Perguntei aflita, o tempo todo era essa apreensão, esperando qualquer notícia.

— Nada, você parecia meio perdida nos seus pensamentos. Precisa comer alguma coisa, Nanda.

— Eu vou comer. — Prometi.

Me levantei da cadeira onde estava sentada no corredor enquanto Clara dormia, observada pela sua avó, peguei o meu telefone cheio de mensagens no grupo da minha família. Os meus pais e o meu irmão estavam nos apoiando de longe, organizando a vinda para o Rio. Eles queriam passar alguns dias, por isso precisavam deixar tudo em ordem na fazenda.

Eu me sentia exausta, letárgica e o meu corpo não parava de tremer. Fui até a lanchonete do hospital com Raul, pedimos um suco e um sanduíche de frango. Precisava dar um tempo no café, estava me sentindo muito acelerada.

— Olá casal! — Sorri observando Bruno sentar-se conosco na mesa. — Estive pensando com os meus lindos botões...

Ele é muito alto-astral, e estava sempre tentando nos fazer rir e deixar o ambiente mais leve. Bruno era um verdadeiro amigo, não ficou longe um dia sequer e estava cuidando dos negócios enquanto Raul se dedicava a Clara. Ele trouxe um livro novo todo o dia desde que Clara foi internada. Era um superpadrinho.

— Vão para casa, tomem um banho relaxante, namorem um pouco, durmam e voltem renovados. Sério, vocês estão parecendo dois zumbis, não podem cuidar da Clara assim.

Olhei para Raul e demos risadas. Realmente estava me sentindo péssima e Raul não estava muito diferente. A ideia era tentadora, mas...

— Não sei, e se ela perguntar por nós, se precisar da gente aqui...

— Relaxa, Nanda! Eu ficarei aqui até vocês voltarem e a mãe do Raul também tá aqui. Qualquer novidade eu prometo que ligo.

Raul e eu trocamos um olhar cúmplice, ele segurou a minha mão e decidimos aceitar a oferta.

— Nós não vamos demorar. — Raul prometeu. — Vamos passar no quarto e pegar as roupas para lavar e se ela estiver acordada falaremos com ela.

Entramos em casa e parecia que não pisava ali há anos. Era tão estranho estar sem Clara, saber que ela estava no hospital. O meu peito ficou apertado e não aguentei, fiz o que não queria. Desmoronei!
Ajoelhada no chão chorei tudo que estava entalado desde que Raul me contou sobre o transplante. Deixei que o medo, a angústia e o desespero explodisse. Raul me amparou nos seus braços e não me soltou enquanto eu soluçava.
Após alguns minutos, depois de me acalmar vi Rosa num cantinho da sala chorando, sozinha. Fui até ela e nos abraçamos.

Ela sentia a mesma dor que nós, foi ela que ajudou Raul a cuidar da nossa garotinha desde bebê. Rosa continuava cuidando da casa e preparando as nossas refeições. Ela ia ao hospital nos horários de visita e fazia a alegria de Clara com as suas frutas picadas em formatos de bichinhos. Ela exalava carinho e cuidado.

Eu e Raul subimos para o banheiro, tiramos as nossas roupas e entramos no chuveiro juntos. O que mais amava em nós, era a nossa conexão, a nossa maneira de nos comunicar sem dizer uma palavra. Peguei a esponja, coloquei sabonete e lavei o seu corpo. Ele sentou-se no banco e lavei o seu cabelo com carinho. Após enxaguar o seu corpo, foi a minha de receber o seu cuidado. Relaxei com os seus dedos massageando o meu coro cabeludo. Quando terminamos, depois de nos secarmos, escovamos os dentes. Fechei as janelas, as cortinas, liguei o ar e apaguei as luzes.

Deitamos de frente um para o outro e permanecemos em silêncio.

— Você é tão linda.

Sorri e contornei o seu rosto com a ponta dos meus dedos. — Eu te amo tanto, Raul!

Ele me beijou, um beijo necessário depois de dias aflitos. As suas mãos exploraram o meu corpo e senti a sua excitação, o que me deixou desejosa. Nós precisávamos nos reconectar. Fiquei por cima e espalhei beijos por todo o seu corpo. Os nossos olhares não se desviaram um minuto, nem quando a sensação era gostosa demais e eu queria fechar os olhos. Me encaixei sobre o seu membro e sentei o recebendo dentro de mim. Gememos juntos quando a sua largura exigiu passagem, me abrindo. Rebolei devagar e as suas mãos apertaram os meus seios. Me posicionei e comecei a me mover devagar, saindo quase que completamente e voltando a engolir o seu päu. Raul segurou o meu quadril com força e me ajudou a cavalgar. Não demorou para me desmanchar, atingindo o orgasmo. Raul estocou forte mais algumas vezes e gozou.

— Eu amo você, Nanda. Tenho certeza que vamos vencer, logo a nossa filha estará em casa.

Deitada no seu peito, fechei os meus olhos e rezei. Logo adormeci sentindo o seu corpo quente sob o meu.

Laços de Amor (CONCLUÍDA)Where stories live. Discover now