E mesmo ela me dispensando depois eu não conseguiria.

Tive uma briga feia com Henry quando disse que faria a fusão. Procurei por Sarah assim que saí da discussão com ele. Fui direto ao seu escritório, sem avisá-la e a encontrei com o maldito Chris. Inexplicavelmente, me controlei naquele dia e fui recompensada por isso.

Eu estava fascinada desde o primeiro momento em que a vi, mas eu não poderia dizer isso a ela. Sarah parecia ser o tipo que não acreditava em romances clichês e com certeza eu a perderia sem mesmo a ter se agisse precipitadamente. Então, coloquei minha capa de cafajeste e a seduzi. Ela cedeu e transamos. Só houve um problema: os meus sentimentos repentinos, misturados ao meu apetite sexual, deixou-me fraca. Sarah era exatamente como eu gostava. A pessoa por quem eu esperava. Não conseguindo deixá-la sozinha em sua casa, que parecia tão desprotegida quanto ela, contrariei meus princípios e permaneci lá por dois dias. Para a minha surpresa, há tempos não sentia tão bem e em paz com alguém. Depois de ter tido Sarah em meus braços e ter sentido o seu gosto, dificilmente eu iria conseguir me afastar dela.

Insisti, contrariando os conselhos de Henry. Voltei a procurar por ela e a encontrei com April Wiley. Uma sensação de desconforto pousou sobre mim assim que a vi. Não poderia negar a sua beleza, mas os meus instintos entraram em alerta e odiei ver Sarah ao lado dela. Ainda assim, mais uma vez, consegui me controlar.

Infelizmente, essa noite, não aconteceu o mesmo. Entrar na casa de Sarah e ver o desgraçado do ex-namorado em cima dela, agredindo-a, foi demais para mim. Descontei nele toda a raiva que estava presa, dando-lhe socos.

Relembrando todos esses acontecimentos, completamente suada, meu corpo formigou e não vi mais nada. Fiquei novamente enraivecida e somente a imagem de Sarah sendo agredida pairava em minha mente. Observei as marcas roxas no seu pulso enquanto ela dormia agarrada a mim. Beijei levemente a face onde o maldito Chris havia estapeado. Ainda sentia a ira percorrer o meu corpo. Consegui sair dos seus braços e do quarto sem acordá-la. Descendo a escada em meio à escuridão, apanhei meu celular para clarear o caminho e ver as horas: 23:52pm. Atravessei a casa e o jardim, indo em direção ao salão de lutas. Fui direto para o saco de boxe.

Iniciei uma sequência de golpes fortes e velozes, com a imagem de Chris sobre Sarah em minha mente. Não me importei se ela iria acordar ou não, se iria me ver daquele jeito ou não. Só queria poder encontrar o seu ex-namorado e terminar o que tinha começado, mas como ela havia pedido para eu não deixá-la sozinha, descarreguei a minha raiva no saco de pancadas.

Quase meia hora depois, minha mão doía enquanto eu socava repetidas vezes o saco.

— Lexa?

A voz rouca de Sarah preencheu o salão. Ouvi-a se aproximando, mas eu não conseguia parar. Mesmo sem ver, eu sabia que ela estava com a testa franzida, totalmente confusa. Ela era extremamente curiosa, e eu teria muito que explicar, então, eu comecei a tentar me controlar.

— Ei! — Ela insistiu.

Aos poucos, consegui parar. De repente, tudo ficou silencioso. Só ouvi a minha respiração ofegante. Sarah estava ao meu lado, imóvel. Fechei meus olhos e senti minha raiva se mesclando com o medo da conversa que não teria mais como evitar.

— Lexa? Olha para mim... — Ela pediu com a voz doce e calma.

Fitei os lindos olhos azuis e comecei a respirar como uma pessoa normal. Ela me encarou, sondando, curiosa. Olhamo-nos intensamente por um breve momento.

— Sinto muito! Não queria que me visse assim. — Disse ainda tentando me controlar.

Ela tocou em meu rosto carinhosamente, aproximando-se com cautela. Encostou sua testa à minha e me envolveu em seus braços. Apertei-a contra meu corpo, querendo protegê-la de tudo e de todos, inclusive de mim mesma. Ela roçou nossos lábios e deu leves beijos por toda a minha face. Depois, afastou-se poucos centímetros para me encarar e, sem falar nada, entrelaçou nossos dedos e me levou de volta para o quarto.

Estilhaços De Mentiras (Lésbica)Where stories live. Discover now