Estilhaços De Mentiras (Lésbica)

Paixão e Preconceito

— Não acho que transar com alguém seja importante nesse caso. — Retruquei.

— É importante porque esse alguém pode vir a ser a sua sócia! — Ela rebateu.

— Sabe o que está parecendo, Brenda? Que você não vê a gravidade de tudo o que eu disse. Vocês duas estão no mundinho de vocês e ultimamente só pensam em sexo!

— Basta, Sarah! — O tom e o olhar de Brenda mudaram repentinamente. Olhei surpresa para ela. Casey também não pareceu feliz com o meu comentário.

Ela voltou a sentar-se ao lado da namorada.

Eu sabia que tinha agido de uma péssima forma assim que encarei as duas.

— Mas que inferno! — Abaixei a cabeça, massageando minhas têmporas.

— Não estou dando toda essa importância que você quer, porque nada demais aconteceu! — Brenda começou o sermão, e eu sabia que não conseguiria interrompê-la.

— Você tem feito uma besteira atrás da outra e nós duas estamos sempre ao seu lado. Mas agora, chega! — Suspirou. — Eu já sabia que Alexandra iria fazer algum tipo de proposta para você. A minha surpresa foi ela ter aceitado a fusão, e não o contrário!

Abri a boca para protestar, mas ela lançou um olhar furioso e achei melhor apenas ouvi-la. Brenda continuou:

— Esse tipo de negociação é comum nesse meio. Alexandra é uma empresária e era óbvio que ela iria tentar alguma coisa mais favorável para a empresa dela! Se ela aceitou uma sociedade imediata com você é porque tem alguma coisa a mais nessa história e eu asseguro que não é o seu projeto e nem a sua equipe. A AYERS não está passando por nenhuma dificuldade financeira e eu deixei isso claro desde o primeiro dia! Não é minha culpa se, naquele momento, você estava distraída, pensando em Alexandra e não na sua empresa. Tampouco, é culpa dela.

Percebendo que a conversa ia ser longa, Casey saiu para preparar mais café. Ouvindo o ponto de vista de Brenda, comecei a ficar em dúvida.

— Aonde você quer chegar? Pode ser mais clara? — Perguntei.

— Posso sim. Para de ser dramática, mimada e egoísta! — Ela berrou.

— O quê? Eu estou sendo egoísta? — Arregalei os olhos.

— É isso mesmo o que você ouviu! — Ela levantou-se. — Sarah, por causa das coisas que você contou, desde o primeiro dia, eu venho observando você... Vocês duas, sendo sincera. Poxa! Tá na cara que vocês estão apaixonadas!

Ela me olhou, esperando algum comentário, mas preferi ouvir o que ela tinha a dizer.

— Passou, por algum momento, na sua cabeça o conflito que Alexandra pode estar vivendo? Afinal, ela aceitou uma fusão sem necessidade. Você teria feito isso? Você mudaria a sua empresa por ela?

— Mas do que diabos você está falando? Ela não fez isso! — Contestei.

— Sarah, acorda! Se não por interesse em você, por que mais ela aceitaria a negociação? — Brenda parou a minha frente, encarando-me. — Responda!

Fiquei em silêncio. Eu não tinha resposta para ela. Repassei em minha mente toda a conversa da noite anterior com Alexandra e percebi que em momento algum ela tinha falado em desistir da fusão. E mesmo assim, eu agi impulsivamente e a tratei de forma grosseira. O único momento em que me calei foi quando ela fechou a porta com força, me assustando. Ela teve a chance para se defender ou explicar o que estava acontecendo, mas cedemos ao nosso desejo.

— Fui eu a cretina! — Pensei e fechei os olhos, respirando fundo.

— Foi o que eu imaginei. — Brenda voltou a falar. — Vocês duas precisam conversar e resolver isso. Conversar, não transar! E por favor, amiga, pare de agir precipitadamente, como sei que você faz, e espera ela falar.