Capítulo 21: Gosta de tintas e KitKat.

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Kyle

Quando meus lábios tocaram os dela, eu descobri três coisas. Um: Florence tinha gosto de chocolate. Dois: os lábios dela eram perfeitamente e milimetricamente maravilhosos. E três: eu não queria parar de beija-la nunca mais. Ou melhor, eu deveria ter beijado ela muito antes.

Minha mão apertou a cintura dela, a puxando mais para mim, enquanto a que estava na sua nuca, impedia que sua boca perfeita se afastasse. Mas ela não parecia querer se afastar, já que estava me beijando de volta, colocando a mão na minha nuca. No começo, foi lento e carinhoso, porque nossos lábios pareciam querer descobrir um ao outro e saber do que gostavam. Mas depois, se tornou mais urgente, como se nossas bocas desejassem ter feito isso a muito, muito tempo.

Deveríamos, tenho certeza. Mas não consigo saber se estou raciocinando direito nesse momento, com os lábios provocando os dela. Todos os meus sentidos estavam ligados no gosto dela e na forma como ela tocava minha nuca, entrelaçando os dedos nos meus cabelos. Na boca do meu estômago, inúmeros fogos de artifício estavam explodindo um em seguida do outro.

Não era meu primeiro beijo. Mas com certeza era o melhor beijo da minha vida. Sei que era o primeiro dela e queria que fosse o mais perfeito possível. Porque era Florence e ela merecia ganhar o melhor de mim. A puxei mais, mesmo sabendo que nossos corpos já estavam colados o suficiente. Não ouvia mais o som da música ou qualquer outra coisa. Só conseguia senti-la naquele momento.

Com um último selinho, afastei nossos lábios, sugando o ar com força, já que minha mente estava embaralhada e nublada. Meus olhos se abriram e encontraram os dela. As pupilas estavam dilatadas, enormes e brilhantes. As bochechas estavam coradas e os lábios rosados, enquanto ela tentava recuperar o ar.

Descobri mais uma coisa. Quero beija-la de novo. E isso me assusta. Porque Florence é minha melhor amiga e talvez eu esteja ficando maluco agora.

—Arrumem um quarto! —Alguém gritou, fazendo Florence arregalar os olhos e se afastar de mim, com as bochechas ficando violentamente vermelhas.

Pelo tom de voz e pela frase, sabia que tinha vindo de Peter. Havia esquecido completamente dele e dos outros. Ótimo, havia acabado de dar um belo show para meus irmãos e para os primos de Florence. Talvez Collin me matasse agora.

—Desculpe. Peter é... —Ela balançou a cabeça negativamente e eu parei de falar, me sentindo sem jeito, como havia ficado no dia que estava tentando ensiná-la a jogar sinuca. Meus olhos não conseguiam desviar dela. Ela estava tão bonita. E agora que eu sabia como era beija-lá, me sentia estranho. Ainda havia um frio na barriga, que me fazia ficar mais desconcertado ainda.

—Talvez seja melhor dar um tempo, okay? —Peter apareceu do meu lado, me tirando do transe.  Ele estava com uma expressão divertida no rosto. —Você está deixando nossa princesa sem graça. Sabe, hm, foi um beijo e tanto. Percebi que nunca tinha visto vocês dois... sabe...

—Eu não fiz nada. É você quem está deixando- a sem jeito. —Olhei pra ele de cara feia. E quando me virei para Florence de novo, ela estava se afastando com a Bia. Mas seus olhos estavam voltados para mim, como se ela também não conseguisse parar mais de me olhar.

—Mais controle da próxima vez, talvez? Collin estava quase vindo aqui te enforcar. —Peter afirmou, me puxando pelo braço. É, eu imaginava que sim. —Nada contra você olhar pra sua namorada assim. Mas... em público é meio desconcertante.

—Da pra calar a boca? —Resmunguei, ficando irritado. Ele soltou uma gargalhada.

—Moleque, eu ainda sou seu irmão mais velho. —Ele bagunçou meu cabelo, enquanto meus olhos teimavam em ir até onde Florence estava, longe demais naquele instante.

[...]

Tinha alguma coisa muito errada comigo. Depois de alguns minutos, minha mente começou a girar e girar. Meu cérebro parecia ter virado gelatina e eu me sentia zonzo demais, como se tivesse bebido muito. Mas eu não havia bebido absolutamente nada. Exceto aquele único copo, que agora eu não tinha tanta certeza se era uma simples bebida.

A música alta estava me deixando confuso. Eu havia acabado de me separar dos meus irmãos pra procurar Florence e agora não parecia que eu conseguiria ir muito longe. Trombei em alguém, murmurando uma desculpa que eu tenho certeza que a pessoa não entendeu. Minha língua parecia pesada e seca.

—Kyle? —A voz de Lilian fez meus olhos se revirarem tanto, que pensei que não voltariam mais a posição correta. —Você está bem?

Me escorei em uma das mesas, quase caindo no chão. Quem me visse ia achar que eu estava realmente bêbado. As mãos de Lilian vieram pra cima de mim e eu a empurrei.

—Me deixa em paz! —Murmurei, me afastando dela e tentando voltar a andar.

—Só quero te ajudar. Você não parece bem. —Ela veio atrás de mim. Me afastei, andando pela praia até minhas pernas parecerem gelatina também. Lilian me segurou antes que eu caísse de cara na areia.

—Me solta, cara. Sério! —Segurei os braços dela, tentando afastá-la.

—Você não está bem. —Afirmou, e eu revirei os olhos de novo. Ela me colocou sentado no chão, com minha cabeça girando e girando.

—Hm, você é chata. —Afirmei. —Odeio gente chata, sabia?

—Você está bêbado? Não vi você bebendo. —Ela tocou meu rosto e eu me afastei das mãos dela na mesma hora.

—Você viu minha namorada? Ela é uma loirinha linda, com uma trança cheia de flores, que gosta de tintas e KitKat. —Afirmei, vendo ela fazer uma careta. Pisquei várias vezes e fiz uma careta também. —Eu te conheço?

—Kyle? —Olhei para o lado, vendo Florence vir na minha direção, parecendo confusa. —O que... o que estava fazendo com ele?

—Nada! —A garota na minha frente, que eu não fazia ideia como se chamava, falou, ficando irritada quando viu Florence. Mas eu não estava irritado. Abri um sorriso muito grande quando a vi. —Ele estava quase caindo e eu o ajudei.

—KitKat, eu estava te procurando. —Afirmei, e ela se ajoelhou na minha frente, enquanto a estranha se afastava, ficando de pé, nos observando com uma expressão séria.

—Você bebeu, Kyle? —Indagou, parecendo uma mãe brava.

—Hm, não. Eu não bebi, eu juro. —Minha mente girou de novo e eu pisquei várias vezes. —Na verdade, foi só um copo. E era ruim, KitKat. Queimou minha garganta.

—Certeza que era bem mais que uma bebida. —Ela me abraçou pela cintura, me fazendo ficar de pé.

—Tem duas de você agora. —Afirmei, vendo a Florence 2 olhando pra mim. —Será que a outra Florence aceitaria namorar comigo também? Se você não ficar com ciúmes, é claro.

—Meu Deus, o que tinha naquela bebida? —Ela pareceu realmente assustada e eu acabei rindo.

—Quer ajuda? —A outra garota perguntou e Florence bufou ao meu lado.

—Não! —Exclamou, e eu me encolhi, vendo que ela parecia brava. A outra garota não disse nada. Mas pela cara dela, não estava nem um pouco feliz.

—Você está brava comigo? —Perguntei, quando ela começou a me levar para não sei onde. —KitKat, não fica brava comigo, por favor. Juro que não fiz nada de errado.

—Eu não tô brava com você. Só preocupada. —Ela passou a mão no meu rosto, me fazendo sorrir.

—Eu tô bem. Eu tô muito bem. —Afirmei, sentindo o cheiro do perfume dela. —Eu amo seu perfume. E... e... —Olhei ao redor, notando algo. —KitKat, a outra Florence sumiu.


Continua...

10 Maneiras de se Apaixonar por Florence Miller  / Vol. 3Où les histoires vivent. Découvrez maintenant