10 Maneiras de se Apaixonar por Florence Miller / Vol. 3

Prólogo.

Florence

Molhei a ponta do pincel na tinta azul claro, abrindo um sorriso e me virando para a tela na minha frente, fazendo os contornos do céu azul amarelado da manhã. Blinding Lights tocava nos meus fones, enquanto eu aproveitava o ritmo pra pintar. O sol ainda estava nascendo no horizonte, mas isso não impediu minha mãe de me acordar, às 6 da manhã, no primeiro dia de férias, com o barulho do aspirador de pó. Minha única saída foi enfiar os fones e pintar, o que era como uma terapia pra mim.

—Florence! —Me assustei, puxando os fones de ouvido quando minha mãe me cutucou do nada. Ela estava em pé atrás de mim, com as mãos na cintura.

—Que isso, mãe, quer me matar do coração? —Girei o banquinho, olhando pra ela. —Achei que era um ladrão.

—Se fosse você nem ia ver, né? Com essa música quase te deixando surda. —Comentou, negando com a cabeça. Dei de ombros e abri um sorriso inocente. —Não são nem 8 da manhã e você já tá com isso no ouvido.

—A senhora me acordou cedo. —Afirmei, fazendo cara de coitada. —Não pude nem dormir mais tempo hoje. —Ela cerrou os olhos e eu sorri mais ainda. —O que precisa, dona Chiara? —Indaguei, tirando os fones de vez e jogando o pincel sujo de tinta em uma latinha com água.

—Você tem algum plano pra essas férias? —Fiz uma careta e dei de ombros.

—Sei lá. Ficar em casa, maratonar series e dormir até as férias acabar? —Perguntei, retoricamente, o que a fez rir. —Por que?

—Seus primos vão pra Miami. —Eu arqueei as sobrancelhas. —Dafine me contou ontem a noite. Eles e os Carson. Você podia ir junto.

Cerrei os olhos, olhando desconfiada pra minha mãe. Ela nunca se incomodava com o fato de eu não sair muito de casa. Basicamente, ser anti social. Eu não tinha muitos amigos. Não ia em festas. E principalmente, era uma nerd que gostava de pintar telas e vivia suja de tintas.

—Eles não me convidaram. —Dei uma desculpa, tentando fugir daquilo. Eu gostava dos meus primos e dos Carson, mas não me parecia tentadora a ideia de ir pra Miami. E eu tinha um motivo muito bom pra evitar ir pra lá.

—Bobagem. —Ela balançou a mão, como se eu tivesse falando coisas sem sentido. —São seus primos. Além do mais, Kyle é seu melhor amigo. Certeza que vai te chamar.

Como se soubesse que estávamos falando dele, meu celular apitou em cima da mesinha, entre as tintas. A tela se acendeu e mostrou uma mensagem de Kyle.

—Viu, eu não disse? —Ela deu um beijo na minha testa e saiu do quarto, enquanto eu pegava o celular.

Kyle — Adivinha quem vai passar as férias na praia??
Os Willis acabaram de nos convidar e falaram pra eu te chamar.
Você vai, né??
Sei que não gosta de sair muito, mas vai ser legal.
Por favor, KitKat!!!

Abri um sorriso involuntário. Kyle Carson é meu melhor amigo desde que me entendo por gente. Estudamos juntos desde o primeiro ano da escola e nunca mais nos desgrudamos. Ele é a única pessoa que consegue me tirar de casa e não imagino como dessa vez vá ser diferente. Passar as férias na praia com eles pode ser incrível, como um completo colapso pra minha mente. Isso porque, eu era completamente e irrevogavelmente apaixonada por ele.

Quando eu era menor, sempre imaginei que quando crescêssemos ele fosse se apaixonar por mim. Mas isso nunca aconteceu. Kyle sempre me viu como sua melhor amiga e apenas isso. E eu nunca tive coragem o suficiente pra falar sobre meus sentimentos pra ele. Não que fosse necessário, já que todo mundo ao redor já percebeu o que eu sinto, menos ele. Mas independente de tudo, minha cabeça já entendeu que é bobagem esperar mais. Vamos ser sempre amigos e só isso.

Florence — Vai dormir, Kyle!
Não são nem 8 horas da manhã ainda!

Kyle — E você já tá acordada...
Tô indo aí, KitKat.
Você vai junto nem que eu te leve presa dentro de uma mala!

Abri outro sorriso involuntário e peguei os fones de novo, sabendo que não demoraria meia hora para ele bater na minha porta.

Continua...