Raul pegou as fotos nas mãos e olhou cada uma com atenção, depois as deixou no mesmo lugar e seguiu para o canto onde tinha um mancebo com vários chapéus pendurados. Ele passou os dedos por eles e me encarou sorrindo.

— Tudo aqui tem o seu jeitinho. Gostei dos chapéus de cowboy.

— Eu sou uma legítima menina do campo.

Rimos e peguei a sua mão para continuarmos o tour.

— Agora vou te levar para o coração dessa casa.

Descemos as escadas de mãos dadas e fomos para a cozinha. De longe já dava para ouvir a conversa animada.

— Como hoje é sexta-feira o pessoal costuma ir para a cidade passear em algum bar ou alguma festa se tiver.

Quando entramos na cozinha todos olharam para nós. Sorri ao reconhecer os rostos tão queridos. Tia Tereza, Rafa, alguns rapazes que trabalham na fazenda com as suas namoradas ou esposas... Apesar de ser fim de semana até que a cozinha estava movimentada.

Sem soltar as mãos de Raul entramos no espaço que era muito grande para caber todo mundo. A mesa enorme de madeira estava quase cheia. Fui até tia Tereza e a abracei apertado, apresentei Raul e ela também o abraçou dando boas-vindas.
Seguimos cumprimentando todos e eu apresentei Raul para todo mundo. Clara estava sentada no colo do meu irmão comendo batata frita.

Rafael saiu do seu lugar e me abraçou, cumprimentando Raul com um aperto de mão. Nos sentamos à mesa e comecei a nos servir com os petiscos que estavam servidos sobre a mesa. Haviam muitas opções. Fernando ofereceu uma cerveja a Raul que aceitou e fizemos um brinde comemorando simplesmente por estarmos juntos.

Raul gargalhava de uma história engraçada que o meu pai contava, todos nós amávamos ouvir os seus causos. Eu já estava satisfeita de tanto que tinha comido e de vez em quando dava uns golinhos na cerveja do meu namorado. A conversa acontecia de forma leve e gostosa, como sempre foi em volta da nossa mesa. Era bom demais estar em casa.

Algumas pessoas já tinham ido embora, pois no sábado alguns trabalhavam até a hora do almoço num esquema de revezamento, já que na fazenda o serviço nunca tinha folga. Percebi que Clara estava quase dormindo no colo do meu irmão.

— Vou levar a Clara para dormir na cama, ela está pescando no colo do Fernando. — Me levantei e Raul disse que iria me acompanhar pois, estava cansado.

Peguei Clara no colo, ela se aconchegou e deitou a cabeça no meu ombro. Nos despedimos e subimos as escadas em direção ao segundo andar onde ficava os quartos.

Fui para o meu quarto, a minha cama era no estilo viúva, nem de solteiro, nem casal, era confortável para dormir com Clara.

— Acho melhor ela dormir aqui comigo, do que sozinha num quarto de hóspedes. Ela pode acordar e se assustar por estar num lugar estranho. — Cochichei e Raul concordou.

— Tira a colcha, por favor. — Raul tirou a colcha com os travesseiros e acomodei Clara. Tirei o seu tênis e vestido com cuidado, peguei um edredom no guarda roupas e a cobri.

— Ela nem se mexeu. — Comentei. Ficamos um tempo observando Clara dormir serena. Fui até Raul e o abracei sorrindo.

— Você se incomoda de dormir no quarto de hóspedes ao lado? Eu sei que nós estamos acostumados a dormir juntos, mas os meus pais...

— Eu entendo, amor e não me incomodo.

Eu sei que os meus pais imaginam que eu e Raul dormimos juntos, mas não queria ultrapassar os limites. Era o primeiro contato que eles tinham, apesar da nossa relação, para a minha família, Raul ainda era um estranho. E também não ficaria à vontade sabendo que eles sabiam que estávamos dividindo a mesma cama. Falando parecia até besteira, mas eu queria ir com calma e não fazer nada que deixasse qualquer um desconfortável.

— Então pega a sua mala que vou te acompanhar.

Seguimos para o quarto que ficava ao lado do meu. Deixei a porta aberta, caso Clara acordasse e mostrei tudo a Raul. O cômodo era uma suíte, bem ampla e super confortável. Seguia o mesmo estilo do meu e dos demais quartos, e nesse tinha uma cama de casal.
Raul tirou os sapatos e deitamos lado a lado na cama, ambos olhando para o teto.

— Aqui é sempre cheio de gente? — Raul perguntou e acabei sorrindo.

— Sim. A tia Tereza trabalhou a vida toda aqui em casa e o marido dela na lida com as vacas e o gado. O Rafa é filho dela e foi criado junto comigo e meu irmão. Meus pais são padrinhos dele. Os outros são funcionários, mas a nossa relação sempre foi muito boa com todos.

— Agora eu entendo o porquê você reclamava que não gostava de ficar sozinha.

— Meu pai sempre fez questão que fizéssemos as refeições todos juntos. Você vai ver amanhã de manhã. O café começa praticamente de madrugada. Primeiro, o pessoal que tira o leite, depois vai chegando, cada hora uma turma diferente. É gente o tempo todo. Na hora do almoço a mesma coisa, a mesa fica cheia. Tem café o dia todo e a mesa do lanche da tarde fica arrumada. Quem chega se serve, come e volta para o serviço.

— É um bom jeito de se viver.

— Na minha opinião, o melhor jeito de se viver. Espero que vocês gostem daqui.

— Eu já gostei, amor.

Raul me puxou e ganhei um beijo gostoso.

— Mal posso esperar por amanhã. Quero levar vocês para conhecer tudo. Os currais, o haras, a cachoeira, o lago. Não sei se vai dar tempo, tem tanta coisa Raul.

— Eu já não sei se vou conseguir dormir sem a minha namorada.— Fez beicinho e eu dei risada.

— A gente vai ter que encontrar um jeito de dar umas escapadas e namorar.

— Sua safada. — Raul estava espalhando beijos pelo meu pescoço e mordeu o lóbulo da minha orelha.

— Para de me atiçar. — Dei um tapinha no seu braço, um beijo na sua boca e me levantei.

— Vou falar com o meu irmão e dormir. Nós nos vemos amanhã. Boa noite! — Assoprei um beijo na sua direção e saí deixando a porta encostada. Conferi Clara que dormia na mesma posição, acendi a luz do corredor e estava pensando em ir até à cozinha atrás de Fernando quando o vi vindo na minha direção. Nos abraçamos e seguimos calados até o seu quarto, que ficava no fim de corredor, como sempre fazíamos para conversar.
Era tão bom estar em casa.
























Laços de Amor (CONCLUÍDA)Hikayelerin yaşadığı yer. Şimdi keşfedin