• CAPÍTULO 6•

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!ALERTA GATILHO!

Alana

Desde que acordei não parei um minuto, afinal tenho que aproveitar o fim de semana pra deixar a casa em ordem, resolvi o problema do pneu do carro, lavei roupa, tirei pó dos móveis, lavei e guardei a pouca louça que tinha, dei uma volta com Apollo e o alimentei. Enquanto a casa não estava brilhosa e cheirosa, não sosseguei.

Já estava escuro quando decidi deitar no sofá pra descansar e assistir um filme. Apollo dormia no meu colo tranquilamente enquanto recebia um cafuné.

Ao olhar em volta me sinto tomada por aquele sentimento incômodo mais uma vez, olho para tv suspirando sem prestar atenção no meu filme de romance preferido, o sábado era um dia em que eu podia descansar, mas também era o dia em que eu mais me sentia sozinha, a solidão fazia o meu coração se apertar dentro do peito, aperto forte os olhos e respiro fundo tentando me tranquilizar, mas em questão de segundos meus olhos estão marejados.

Eu sentia tanta, mas tanta saudade da minha mãe, será que ela ainda pensa em mim? Sentia saudades do meu pai também que me deixou cedo demais, ele faleceu quando eu tinha quinze anos, por conta de um acidente de carro.

Minha mãe e eu ficamos sozinhas por um tempo, eu estava com dezoito anos quando ela conheceu Robert, e foi aí que começou minha dor de cabeça e uma das piores fases da minha vida,depois da morte do meu pai.

O cara além de agir como se fosse meu dono, tentou diversas vezes abusar de mim, e até propor coisas horrendas, o que ferrou com psicológico, assim que eu pude, juntei um dinheiro e coloquei uma fechadura no meu quarto.

Nem mesmo meu namorado da época sabia o que acontecia e eu já havia tentado conversar com minha mãe sobre meu padrasto, mas vi que era perda de tempo, ela estava cega, completamente apaixonada.

Quando eu completei meus 25 anos já não aguentava mais, eu chegava do trabalho cansada e tinha que lidar com aquele nojento bêbado dando em cima de mim, o ápice da situação foi quando ele me ameaçou, disse que se eu não fosse dele, não seria de mais ninguém.

Eu nem sei o que acontecia comigo, por que eu não contava pra ninguém? Não sei se era medo, ou se era vergonha, e se julgassem que eu me insinuei pra ele?

Nada importava mais, porque acabou naquele dia, mas antes de ir embora tive que escutar as duras e amargas palavras da minha mãe.

Só de lembrar as palavras que ela usou sinto um nó se formar em minha garganta, minha cabeça até dói ao lembrar dos seus gritos histéricos me dizendo com tanto rancor que não queria me ver nem falar comigo nunca mais se eu passasse por aquela porta, e com muita dor no coração eu tive que sair.

Uma das minhas maiores alegrias aqui foi ter encontrado Apollo, mas mesmo assim ainda me sinto sozinha, chegar em casa e não ter ninguém te esperando, alguém com quem você possa desabafar ou contar como foi seu dia... Eu mereço isso?

As lágrimas fluem dos meus olhos revelando toda a mágoa e tristeza que está em meu coração, suspiro fundo tentando me acalmar, mas é tão difícil, o choro já é tanto que minha cabeça chega a doer, Apollo dorme profundamente no meu colo enquanto eu o acaricio, beijo o topo da sua cabeça tentando afastar essas lembranças que me sufocam.

Eu juro que algumas vezes já pensei em pôr um fim nisso, em por fim nesse aperto no peito que insiste em me perseguir, nada faz sentido nessa vida, eu trabalho tanto pra quê? Tenho uma casa, um carro, vivo bem na medida do possível, mas de nada me adianta ou preenche o vazio que tá aqui dentro, se minha mãe não está aqui para que  compartilhemos disso tudo, ou seja lá quem fosse, eu estou sozinha aqui.

Predestinado a você •CONCLUÍDO✓Where stories live. Discover now