i'll stay so deep inside your brain

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("Eu não te pediria para fazer isso sozinha se tivessemos outra opção, Kiramman. Valorizo muito sua presença aqui, e essa é uma missão extremamente perigosa, mas você é nossa única chance."

Caitlyn Kiramman ajeitou sua postura na poltrona de couro à frente da mesa de sua chefe - Xerife Grayson -, sua respiração travada em seu esôfago.

"Por que eu? De todas as pessoas daqui, no caso."

Grayson apoiou seus antebraços na mesa e cruzou seus dedos enluvados, seus olhos castanhos e duros não desviando de Caitlyn por um único momento.

"Você é o tipo dela.")

Caitlyn riu quando ouviu as palavras - Tipo dela? O que isso significava? -, e seu riso morreu aos poucos ao notar que o rosto da Xerife continuava sério, seus olhos ainda pesados com sua expressão.

Tudo bem, já sabia que sua área poderia recorrer à alguns meios... duvidosos, para dizer o mínimo, mas seduzir uma potencial criminosa? Oh, não, aquilo era demais para Caitlyn. Nunca que aceitaria fazer algo do tipo.

Era isso que pensava até antes de estar plantada na frente de uma porta levemente duvidosa, sem nenhuma placa ou pessoas ao redor, com um vestido preto que não deixava absolutamente nada para a imaginação e um scarpin de mesmo tom.

Um pouco diferente de suas outras missões, para dizer o mínimo. Se sentia vulnerável sem suas armas, não tendo nem mesmo colocado uma faca dentro de seu sapato pois, segundo Grayson, era desnecessário levar armas se "a missão era para ser completamente passiva, e se tivesse alguma ameaça, teria de seguir a rota de fuga".

Rota de fuga.

Sem armas.

Que piada.

Com uma última suspirada, Caitlyn ajeitou levemente seu cabelo com as mãos antes de abrir a porta, o súbito cheiro de cigarros e música alta preenchendo seus sentidos. Era um pequeno corredor que levava à um grande pátio, com jogos de luzes de inúmeras cores e fumaça para todos os lados, um tanto quanto novo para uma pessoa como Caitlyn.

Andando com falsa confiança, Kiramman ignorou os homens apoiados nas paredes do corredos tentando lhe cantar ou pagar um drink, ainda que um drink caísse muito bem naquele momento. O ar do pátio era um pouco menos abafado do que o corredor, um grande alívio para os nervos de Caitlyn, ainda que o cheiro enjoativo da fumaça doce e cigarro sufocasse seus pulmões.

Algumas mesas redondas estavam espalhadas pelo local, vários homens e mulheres sentados jogando cartas, bebendo ou até mesmo só conversando, as centenas de vozes capturadas pelos ouvidos atentos da atiradora.

Mais à frente estava o bar, uma longa ilha com várias banquetas altas distribuídas igualmente. Sentando em uma das pontas, os olhos azuis de Caitlyn viajaram pelas pessoas. Segundo descrições, saberia de longe quem era seu alvo, mas, malditos sejam os deuses, mulheres eram bonitas. Muito bonitas, especialmente às daquele lugar - algumas ruivas com muita pele a mostra (o que estava longe de ser um problema para Caitlyn, mas esse não era o ponto), outras loiras e com cabelos platinados ou coloridos, alguns penteados esquisitos e roupas extremamente chamativas.

Foco na missão, Caitlyn Kiramman.

Mordendo o lábio inferior, voltou sua cabeça para frente, levando um susto e quase caindo de sua banqueta quando uma garota com os olhos mais coloridos que já havia visto estava na sua frente, o rosto inclinado para o lado e uma expressão curiosa em sua face. Caitlyn agradecia pela ilha do bar entre seus corpos, se sentindo como um animal em uma gaiola com aqueles olhos descendo e subindo por seu corpo.

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