Eu gostei disso, adorava saber que não precisa esconder nossa relação.
Dona Rosa sorriu tímida e antes que eu percebesse já havia nos deixado a sós.

— Chegou mais cedo! — Apoiei minha cabeça em seu peito, evitando encostar minhas mãos no seu terno.

— Estava com saudade, queria voltar pra casa logo

Virei-me de frente e lhe dei um beijo casto.

Sempre que o olhava sentia meu coração acelerar. Raul era tão bonito e carinhoso. Um príncipe!

— Você é tão lindo!

Ele sorrio e se aproximou mais ainda me beijando. Era o melhor beijo, era perfeito e encaixava perfeitamente. Meu corpo respondeu imediatamente e tive a necessidade de ficar mais perto, como se fosse possível. A boca dele era macia e quente. Sua língua buscava a minha enquanto suas mãos passeavam por todo o meu corpo. Eu ainda tentei manter minhas mãos sujas de farinha longe, mas foi impossível. Eu tinha a necessidade de tocá-lo.

O beijo que começou devagar se tornou urgente, Raul me prendeu contra a bancada da pia e senti sua dureza contra a meu baixo ventre  enquanto sua boca me devorava. Ele desceu beijando e lambendo meu pescoço. Mordiscando minha pele quente. Suas mãos me seguraram firme na bunda e ele me colocou sentada encaixando-se no meio das minhas pernas.
Nos separamos para podermos respirar e ri ao ver seu cabelo sujo de farinha.

— A gente tá na cozinha seu tarado e acabei sujando seu cabelo de farinha.

Raul descansou sua testa na minha e me abraçou apertado em seguida me deixando emocionada com seu carinho.

— Eu já disse que você foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida? Você e a Clara são tudo de mais importante que eu tenho.

— Você já disse sim, mas pode continuar dizendo. Eu amo saber e ouvir que sou importante pra você. Assim como você também é pra mim.

— Quero te contar a minha história com a mãe da Clara, eu quero que sejamos sempre honestos um com o outro.

Lembrei da conversa que tive com Bruno, na possibilidade de Raul acreditar que eu era de uma família humilde e estava ali por necessidade. Precisava esclarecer essa questão, apesar de não acreditar que aquilo causaria algum mal entendido entre nós.
Tanto a minha quanto a condição financeira dele era relevante.

Clara entrou na cozinha junto com o motorista e pelo jeitinho manhoso e tristonho que pediu colo a Raul notei que havia acontecido algo de errado. Ela era uma criança muito alegre e fazia a maior festa quando voltava da escola.

Aguardei enquanto Raul a enchia de beijos para me aproximar.

— O que aconteceu meu amor?

Ela me olhou ainda agarrada ao pescoço do pai e não quis vir para o meu colo. Vi quando seu queixinho tremeu, mas ela não chorou.

— Conta pra Nanda o que aconteceu.

Ela se agarrou ainda mais a Raul e não quis falar comigo. Meu coração doeu de um jeito inexplicável ao vê-la tão triste. Eu queria muito fazer alguma coisa, qualquer coisa que pudesse tirar aquela tristeza dela. Clara é tão feliz, inteligente, carinhosa e falante.

— Vamos tomar um banho bem gostoso? Depois a gente faz um lanchinho...

Ela amava tomar banho e com isso consegui que viesse para o meu colo. A abracei forte sentindo seu cheirinho gostoso de criança. Como era possível amá-la tanto assim? Sentia por Clara um amor comparado ao tinha por meu irmão. Chegava a doer vê-la tão chateada.

Dei um tempo e deixei que ela se sentisse confortável para falar comigo se assim ela quisesse. Debaixo do chuveiro lavei seu cabelo com calma e esperei, não disse nada.
Ela estava pensativa, e de repente sua pergunta me fez respirar mais fundo para não chorar na sua frente.

— Por que eu não tenho uma mamãe, Nanda?

Meu coração ficou apertado e me desesperei por não saber o que dizer. O que eu poderia responder a uma criança de cinco anos o porquê ela não tinha uma mãe? Eu não sabia nada dessa história.

— É por isso que você esta triste?

— Sim, na escola disseram que eu não tinha mãe. Eles riram de mim.

— Mas você tem um papai que te ama muito. Tem a sua vovó, sua tia, e tem a mim também. Você tem ideia do quanto eu te amo?

Ela balançou a cabecinha negando e implorei a Deus que conseguisse fazer com ela se distraisse.

— Sabe a lua? — Ela confirmou com a cabecinha mais uma vez.

— Ela fica lá no céu, muito, mas muuuuuito longe de nós. O meu amor por você é indo e voltando da lua, umas mil vezes.

Ela riu achando graça do meu jeito exagerado enquanto falava, assim terminamos o banho. Enquanto a levava para o quarto para colocar uma roupa fui conversando e distraindo sua atenção. Quando terminamos, sentei na cama e a coloquei no meu colo.

— Eu quero que você nunca se esqueça, que eu sou sua melhor amiga, que vou estar sempre aqui.

Raul entrou no quarto e toda aquela tristeza se foi quando ele anunciou que o jantar seria hambúrguer com batata frita. Eu sabia o que ele estava fazendo. Usando a comida preferida para que ela esquecesse o que aconteceu. Já tinha percebido que ele sempre fugia do assunto com ela. Eu não concordava com aquilo, apesar de ter apenas cinco anos, Clara era uma criança muito inteligente e já estava na hora de Raul começar a explicar a ela o que realmente tinha acontecido com a mãe, seja lá qual fosse a história.







Laços de Amor (CONCLUÍDA)Where stories live. Discover now