Capítulo Vinte e Um: Parte dois.

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Eu cheguei em meu apartamento por volta das cinco e quarenta. Comi um pacote de salgadinho acompanhado de uma cerveja, eram seis horas. Tomei um banho as seis e meia, e, seis e quarenta e cinco eu saí do banheiro. Como todas as noites, permaneci com meu roupão, então quando o relógio marcou sete horas, peguei o bilhete do rapaz.

"Te vejo hoje às 19h00

- J."

O que quer dizer?
Quem ele vai ver às sete?
Onde?
Para quem era esse bilhete?

Um rapaz misterioso entra na livraria, pega um livro clichê clássico de vampiros, conversa comigo de forma bem estranha e então me entrega um bilhete que diz claramente que ele irá me encontrar sete horas? Em qual lugar desse resumo isso faz sentido?

- Nada estranho. - ironizo. Deixo o bilhete na cama, calço minhas pantufas e vou para a cozinha. Já está na hora da minha clássica janta de toda noite de semana: Macarrão com queijo. Prático, rápido, delicioso. Nada que um nutricionista aprove, mas meu bolso gosta muito dessa janta.

Eu me preparo para minha super receita. Prendo meu cabelo, arregaço as mangas, abro a geladeira, olho para o queijo... Então, eu começo a luta: Retiro do congelador a embalagem do macarrão com queijo congelado semipronto, coloco no microondas e deixo que faça todo o resto. Uh, que cansativo.

Eu espero o tempo e retiro do microondas. Agora, nada melhor do que outra cerveja, que eu não faço cerimônias para abrir e beber. Com meu kit "quarta a noite", eu vou para a sala. Não vejo a hora de sentar em meu sofá e assistir a um belo programa de TV super entediante.

- Você deveria trancar sua porta. - Eu pulo. Em uma fração de segundos, minha garrafa de cerveja está estilhaçada no chão, meu macarrão com queijo espatifado em meu tapete, e eu estou do outro lado da sala, gritando.

Tem um homem sentado em minha poltrona. Tem um homem dentro da minha casa! Tem um homem loiro dentro da minha casa!

Loiro?

Eu paro de gritar. Mesmo com o coração disparado, as mãos tremendo e o corpo todo dizendo para fugir, eu olho no rosto do homem sentado na minha poltrona. Eu olho para aquele rosto que reconheço na hora - o rosto que não conseguiu sair dos meus pensamentos o dia inteiro.

- O que faz aqui? - Eu não pergunto, eu grito. Grito, assustada, grito, com raiva. Porque, seja lá quem for esse rapaz, ele invadiu a minha casa. E, seja lá quem for esse rapaz, ele está na minha casa enquanto eu estou sozinha e de roupão.

- A porta estava aberta, e eu entrei. - O rapaz dá de ombros, mas não se levanta da poltrona. A calmaria em sua voz ou em seu rosto é tão perturbadora quanto assustadora, e, embora seu olhar não me passe medo, como imaginei que passaria, não posso abaixar a guarda.

- Ela estava fechada. - informo com firmeza, dando passos cautelosos até o balcão que divide a cozinha com a sala. Se eu puder pegar qualquer coisa, seja uma faca ou meu telefone, posso ter uma chance de me salvar de seja lá o que este homem pense em fazer. - Sai da minha casa. - eu peço a ele. Claro que não vai adiantar muita coisa, mas por enquanto é o máximo que posso fazer.

Ele se levanta finalmente, mas eu prefiro que permaneça sentado porque agora ele está vindo até aqui, está acabando com toda a distância que meu pulo causou.

Desejo: Um amor perverso (Beauany Fanfic)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora