Capítulo Quinze: Parte dois.

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Nicolae havia dito que eu deveria descansar o suficiente para assimilar tudo o que está acontecendo comigo. Em algumas semanas morando na mansão Beauchamp, eu descobri que os mitos sobre vampiros, bruxas e lobisomens são reais. E que, acima de tudo, sou um deles.

Sou uma bruxa, embora não me sinta como uma. E afinal, como eu deveria me sentir? Há alguma descrição sobre as sensações que as bruxas recém descobertas deveriam sentir?
Eu não me sinto diferente do que sempre fui. Não sinto nada. Nenhuma energia, conexão ou dor de barriga. Absolutamente... Nada.

Dois dias se passaram. Eu pensei que agora que sei quem eu sou, ou melhor, o que eu sou, sentiria mesmo que um pouco, o vestígio de magia. Porém, não há nada.

Hoje começa o terceiro dia da minha tentativa de encontrar alguma magia perdida em mim. Eu estou pronta para tomar café com os meninos - para eu tomar café enquanto eles me assistem devorando meu croissant. Vesti uma calça legging simples, acompanhada de um moletom branco folgado. Nada muito planejado, já que Nicolae e eu iremos treinar um pouco a magia que eu aparentemente não tenho.

Desci as escadas de pouco em pouco, me arrastando para o andar de baixo. Minha animação estava longe de atingir seu pico hoje. Acho que a falta da minha magia faz eu perder as esperanças a cada dia, e então acreditar que os meninos se enganaram ao dizer que eu era uma bruxa. Eu não me sinto uma bruxa. E talvez a situação com a mamãe tenha sido apenas um sonho louco. Ou a minha conexão com aquele lobo preto seja apenas ele imaginando que eu deva ser suculenta.

Talvez tudo isso seja um monte de bobagens e eu não seja o que eles pensam que sou.

Respiro fundo, tão fundo que sinto meu pulmão doer por tanta pressão. Em seguida, solto o ar lentamente, esvaziando minha mente, meu desespero, minha ansiedade. Repito o processo por duas ou três vezes, o suficiente para que eu me acalme e entre na sala de jantar da mansão.

- Bom dia. - digo baixo, deixando evidente meu desânimo.

Como nos dias anteriores, Nicolae está na ponta da mesa, onde parece ser o seu lugar fixo como rei da casa. Noah está ao seu lado, lendo um livro quase pela metade. Josh, no entanto, não está mexendo no celular como nos dois dias anteriores. Ele está me encarando sem expressão alguma em seu rosto, apenas com sua indiferença familiar. Ele não parece bravo, nem distante. Não está tentando me evitar assim como sempre.

- Any, sente-se por favor. - Nicolae pede com gentileza, fazendo o mesmo processo que nos outros dias. Eu me sento, calada. Então ele prossegue. - Nós estávamos discutindo sobre seu treinamento. Concordamos que seria melhor você treinar sua defesa pessoal em várias etapas.

Tento entender o que ele acabou de dizer, mas minha dúvida é nítida.
Os meninos me examinam, esperando que eu diga algo. Mas quando eles percebem que eu realmente estou sem entender, um deles toma uma atitude.

- Vou tentar ser resumido, já que os seres humanos tendem a acordar bem lerdos. - Josh toma a voz da situação, com sua arrogância afinada como sempre. Está para nascer alguém mais mesquinha que ele. Eu o lanço uma cara feia que evidencia um belo "vá se danar" para ele. O loiro, em resposta, pisca para mim. - Você precisa aprender a se defender das ameaças que seus poderes trazem a você. Quando pessoas além de nós souberem que você é uma bruxa, você se tornará um alvo para eles. E como você não pode ser a nossa Coitadinha frágil para sempre, vamos te ensinar a lutar.

Eu ouvi bem ou ele acabou de dizer que os Beauchamp me ensinarão a lutar? Lutar? Como em um ringue?
Eu não me imagino lutando como naqueles programas de tv que as pessoas saem ensanguentadas e sem alguns dentes. E eu não imagino que precise disso. Em minha vida inteira eu nunca tive inimigos, e não será agora, com a magia que eu não tenho, que formarei um inimigo.

Desejo: Um amor perverso (Beauany Fanfic)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora