Battle Blood! | (BL Jotakak)

Breaking The Law

— O pecado no reino de Deus é inaceitável, ele morreu por seus filhos e veio para a terra para livrar os males do mundo!

Terça-feira, e Jotaro bufava de ódio por ter que assistir por pura obrigação a missa na igreja em que o pai e a banda cristã dele tocava. Batendo os pés contra o chão, ele se deixou levar pelo ritmo que criava em sua cabeça, o ritmo imaginário de "Heaven's On Fire" do Kiss enquanto ouvia o enfadonho sermão do pastor. Em alguma parte de seu delírio, ele até simulou perfeitamente uma guitarra ao ar, discreto como sempre, imerso no silêncio que sempre incomodou o pai.

Jotaro era irônico o suficiente para sobreviver, usando de artimanhas silenciosas para escapar das missas da igreja católica que ia duas vezes por semana por causa de Sadao. Dessa vez, a peripécia escolhida foi uma camiseta com um padrão de caveiras queimando em um fogo vermelho, pulseiras de couro cheia de adereços de metal e um colar com um crucifixo invertido. O cabelo longo e escuro estava solto, despenteado e sujo a ponto de estar oleoso e duro. Kujo sempre provocava o padre, mas por ordem do pai, nunca atingia o seu objetivo de ser expulso da missa por mais que ganhasse olhares atravessados de todos os fiéis e indiretas bastante afiadas do padre Pucci:

— E quem pecar sentirá o fogo do inferno!

— Mas que saco! — Kujo rosnou alto o suficiente para que as pessoas ao redor dele lhe lançassem olhares de repulsa, principalmente Sadao, que deixou o saxofone sobre um dos bancos da igreja e cruzou os braços para o filho.

O padre desceu do altar e caminhou pelo corredor até o banco onde estava o jovem quieto, silencioso e julgado apenas por um simples palavrão sussurrado instantes atrás.

— O inferno dói, queima, é a casa de todos os males e coisas ruins, e o jovem que conhece a casa do senhor, jamais vai querer ir para lá.

Pucci tentou amedrontar Jotaro, mas nenhuma de suas palavras conseguiram fisgar o jovem e essa era uma das raivas do pai.

Jotaro rolou os olhos para o lado. Porra, ele queria ser aqueles roqueiros Noruegueses malucos e queimar essa igreja nesse exato momento a ter que aguentar toda essa merda em seus ouvidos!

— Entendido, irmão Kujo? — o sussurro do padre Pucci indicava que o sermão foi totalmente direcionado para ele, e tudo que Jotaro queria fazer era realmente dar o fora dali.

Silencioso, o jovem apenas moveu a cabeça. Olhou para o relógio no pulso e viu as horas, faltavam apenas dez minutos para a tortura acabar, dez minutos era uma música a mais fantasiada em sua cabeça e ponto final, ele poderia finalmente ir para o quarto e acabar dormindo em meio ao vazio de sua mente. Escolheu "Master Of Puppets" do Metallica e puft! Oito minutos seriam consumidos com sucesso!

— O inferno é a casa do sat...

Nojo, Jotaro bufou cansado de ouvir aquele discurso repetitivo de sempre, mas por medo, ele nunca encarava o pai. Porém dessa vez, o olhar de Sadao o amedrontou, alguma coisa aconteceria quando eles chegassem em casa e durante o trajeto, o jovem tentaria se manter o mais neutro possível. Em vez de olhar para Sadao, preferiu olhar para o coral da igreja e especificamente, uma das meninas vestindo branco e que pregavam em nome do senhor.

Ryoko Kakyoin era o nome dela. Jotaro riu em deboche, Ryoko era tão sem graça quanto o irmão dela, Noriaki, porém como nunca trocou uma palavra sequer com a garota, decidiu se manter neutro. Preferiu ficar olhando para a jovem ruiva e rindo de suas escolhas sem graça. Dar a voz para Jesus Cristo, que patético, ele pensou.

O órgão na Igreja começou a tocar e Jotaro se animou, por um instante achando que o tecladista estava tocando a intro de Mr. Crowley do Ozzy, porém era apenas a música de encerramento da missa. Para quê Ozzy agora quando ele tinha a liberdade de ir para casa?