Paranoids, But Not Androids!

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— Não não, para com essa barulheira, parece até que tu está tocando em latas de tinta e não em uma bateria cara para um caralho! — Dio resmungou, se jogando sobre o sofá do estúdio onde sempre combinavam para ensaiar nos fins de semana. — Para cara, essa merda tá doendo nos meus ouvidos.

Leone soltou as baquetas desanimado, quieto o bastante para se manifestar. Levantou do banco e achou melhor tomar um gole de água antes que ele arremessasse uma das baquetas em direção a cara de Dio. Ele bem que preferia alguma bebida alcoólica ilegal, mas como era menor de idade, o estúdio não permitia. A banda inteira estava quieta demais, inclusive Jotaro, o mais silencioso de todos.

Porém seu silêncio tinha um baita motivo:

— Mas que saco, a porra da corda mi torou de novo! — o grito repentino de Jotaro alarmou todos na sala do estúdio.

Eis o maior desespero de alguém que toca violão ou guitarra: as cordas mi se arrebentando do nada no meio dos ensaios. Fora a dor que é ter uma linha de aço entrando de uma vez em seus dedos calejados por causa do atrito das cordas, a ausência da nota mi dificulta toda a composição de solos, mas ainda bem que a maioria dos kits de cordas sempre trazem uma mi extra.

E enquanto removia a corda arrebentada de sua guitarra, Jotaro pediu ao amigo Dio:

— Me empresta o seu exemplar de Holy Diver?

O loiro terminou de afinar a guitarra e lançou a Jotaro um olhar cercado de ironia.

— Para quê? Para o seu pai dizer que vou queimar o fogo do inferno ao lado do nosso lorde senhor satanás?

— Não, não, só quero ouvir mais da composição musical das faixas. — Jotaro argumentou, louco para por as mãos em um dos seus álbuns preferidos, mas que Sadao não o deixa ter. — E não se preocupe, só de eu dizer que estou ouvindo um álbum com um nome que se parece bíblico ele vai ficar feliz.

— Sabe o que também tem nome bíblico e que seu pai nunca poderá ouvir? Pois é, "The Number Of The Beast" do Iron. — Dio protestou, resvalando os dedos na guitarra ligada no amplificador e tocando algum solo que inconscientemente saiu de sua mente. — Porra Jotaro, vê se cresce, você vai fazer 18 anos e ainda vive nas asinhas do papai do céu o lorde Sadao Kujo!

Só de falar em Sadao, Jotaro fechou os olhos e viu anjinhos subindo para o reino dos céus e carregando sua alma. Porra, tinha que estragar mesmo o humor?

— Se eu não o tivesse ouvido eu seria que nem você, que reprovou dois anos e agora está quase fazendo vinte anos e ainda está no ensino médio.

Dio fechou a cara e mostrou o dedo do meio a Jotaro.

— Foda-se. E o que você disse ao seu pai?

— Que eu ia sair com meus amigos do colégio. — Jotaro respondeu, sério e com uma cara de que implorava ficar sozinho enquanto trocava a maldita corda mi. — Porra, eu não trabalho, eu não tenho para onde ir, só quero fugir daquela porra de casa!

Jean apenas observou o bate boca entre os amigos em silêncio, e ele e Leone preferiram ficar quietos lendo alguma coisa, no caso, compartilhando uma edição de uma revista que trata sobre a próxima edição do Unplugged da MTV.

— É bom começar a procurar algo para fazer, mira naquela faculdade de biologia que você tanto quer. — Dio deu dois tapas nas costas do amigo, mas dessa vez, sem o engasgar. — Aliás, meu pai chamou a gente para amanhã ir lá pra casa, ele comprou umas brejas boas pra caralho!

— Tô dentro. — Jotaro foi o primeiro a se manifestar, deixando a guitarra de lado e convencido de que o ensaio por ora acabou.

Dio sorriu, mordendo o lábio inferior. É mais que certo que sua casa é o point de alegria dos amigos roqueiros e desmiolados assim como ele, já que seu pai Dario é mais liberal que todos os outros. Dario é crítico de uma revista especializada em música e batizou o filho por causa da banda liderada por Ronnie James Dio, então ele não sabe, mas o contrabando de instrumentos musicais da Star Fingerz é patrocinado por seu trabalho.

Battle Blood! | (BL Jotakak)Where stories live. Discover now