Capítulo 35 - Mãe e Filha

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— Mamãe... — eu murmurei, com a voz falhando.

— Minha menina.

De repente senti toda força se ausentar de mim, caí de joelhos e acho que comecei a chorar, ou pelo menos eu queria chorar, e tudo dentro de mim gritava: Mãe! Mamãe! Ouvia seus passos vindo até mim. Então era verdade? Minha mãe estava aqui? Helen...

Senti-me sufocada por dentro, minhas mãos tremiam e meus dentes rangiam. Então ela me cobriu com um abraço revigorante, e logo depois eu senti seus lábios macios em minha testa.

— Mamãe... você está aqui mesmo? — choraminguei.

— Claro que estou, querida.

— Mas... mas... por que aqui? — sussurrei, soluçando.

— Aqui, neste pequeno apartamento, foi onde eu cresci e passei grande parte da minha infância antes de conhecer seu pai e ir para Riverdown. Fui muito apegada a este lugar, talvez por isso acabei vindo parar aqui. Acho que nunca tive a oportunidade de contar isso a você, afinal, não conversávamos muito, não é? — Sua voz era calma e melancólica.

Eu a agarrei e a abracei forte enquanto chorava em seu ombro.

— Desculpe, mamãe. Por tudo. Eu senti tanto a sua falta...

— Eu também, minha menina — ela falou, acariciando meus cabelos. — Como está nosso pequeno Nathan?

— Ele está bem... — solucei, tentando controlar minhas emoções. — Está em Édenia. Annie McCarthy está cuidando dele.

— Oh, Annie. Então deu tudo certo, não é?

— Sim...

— Olhe só para você — ela me ajudou a levantar. — Já é uma Ceifadora! Eu pensei que nunca iria ter a oportunidade de ver você assim. Estou tão orgulhosa de minha pequena Lola. — Ela me puxou para outro abraço. E eu não ousaria estragar aquele momento dizendo a verdade; que ainda não era uma Ceifadora, que estava aqui apenas como parte de meu treinamento. Ou melhor, porque Duke Wall exigiu.

— Pensei que eu precisaria morrer para sentir seu abraço de novo — murmurei, enxugando as lágrimas.

— E eu pensei que teria que ressuscitar.

Demos uma risadinha.

— Mas você está aqui agora, é o que importa. Queria que Nathan também estivesse aqui para vê-la, abraçá-la...

— Eu também, querida... — ela disse. — Estou aqui, mas é por pouco tempo.

— Eu sei.

— Você é quem vai me ajudar, certo?

— Sim — disse, abaixando a cabeça. — Mas você pode ficar mais um pouco? Por favor.

— Claro, querida.

Andamos de mãos dadas até uma cama suja e desgastada que tinha naquele cômodo, então sentamos e olhamos uma para outra.

— Lola, tenho algo importante para te contar.

— Tudo bem, mãe. Pode falar.

Ela estava tão bonita. Parecia ter ficado dez anos mais nova. Seria maldoso da minha parte dizer que a morte, nesse sentido, tinha lhe caído bem? Helen estendeu um sorriso radiante, mostrando seus dentes branquinhos, e depois disse:

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