CINQUENTA E OITO

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Capítulo 58

Tempo

• Hayato

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Hayato

Era início de primavera quando ela me deixou, lembro-me de seu rosto coberto pelas lágrimas que insistiam em cair. Se soubesse que aquela seria a última vez que eu veria, faria de tudo para ter morrido antes disso acontecer.

Meus pais viviam brigando entre si, e eu sempre era o alvo dos dois, a mulher que dizia ser minha mãe sempre me batia quando chegava bêbada em casa, assim como o homem que dizia ser meu pai. Após ter sido abandonado, com a pura inocência, tentei retornar para casa, mas quando havia chegado vi que eles estavam bem melhor sem mim, já que havia uma outra criança em meu lugar.

Depois desse dia, vaguei pelas ruas da cidade natal onde nasci, até que parei em um local onde consideraria aquilo minha casa. Era apenas um beco, um tanto sujo, havia encontrado algumas caixas de papelão grandes, juntei duas delas e tentei subir em cima, mas feito isso acabei caindo no chão e batendo minha cabeça, naquela noite chorei tudo o que podia, estava sozinho, não tinha um colo e braços quentes como as demais crianças que via.

Os dias foram se passando, pra falar a verdade os anos, me lembro que fiquei quatro invernos na rua, como sei disso? Apenas contava na cabeça. Vivi de restos de comidas e sozinho, muitas das vezes fui machucado, expulsos de lugares onde pedia comida.

Era época do verão, já fazia quatro dias que meu estômago doía e eu não tinha a quem pedir ajuda, já que todas as vezes em que chegava perto de alguém, sempre era agredido ou a pessoa nem mesmo dava bola. Estava deitado no chão, pois meus papelões haviam desaparecido, sentia tanta dor que não conseguia me manter de pé, então permaneci deitado no canto, mas a única coisa que se passava em minha mente era "Esse será meu último dia..."

Quando fechei meus olhos, passei a escutar vozes distantes, permaneci onde estava, mas acabei levando um susto quando senti algo tocar em mim. Abri meus olhos completamente assustado, tentei me levantar, mas a força me faltou e assim eu acabei caindo no chão.

"Quem são eles? Vieram me matar?"

Esse era o tipo de pensamento que se passava em minha mente, olhei para a pessoa de cabelos escuros, em seguida para sua barriga e quando apontei, pois a voz me faltou no momento, ele havia me respondido que estava esperando por um bebê. Essa mesma pessoa havia me perguntado se queria ir com ele, fiquei com muito medo, mas acabei aceitando, talvez ele pudesse me ajudar com a dor na barriga e me dar um pouco de água limpa.

Tentei me erguer mais uma vez, mas foi em vão, então acabei sendo carregado por uma outra pessoa, entramos em um carro e saímos dali.

"Eu não sei quem é essa pessoa, mas ele parece ser bom..."

Fui levado para uma casa, e ela era muito grande, como aquelas casas que passavam nas televisões. Eles me alimentaram e aquele mesmo homem não parava de olhar para mim.

DOCE AROMA • Resta Con Me RivailleOnde histórias criam vida. Descubra agora