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NOAH URREA.

O dia está sendo um porre desde que começou. Para começar, Sina tem agido de modo muito estranho desde o dia em que fomos ao shopping, quase um mês atrás.

Tenho pegado leve, atribuindo seu distanciamento a gravidez, mas mais de uma vez ela deu indícios de que preferia que eu não dormisse com ela, de que não era o ideal.

Eu entendo, porra, claro que entendo.

Desde o início, definimos isso entre nós como casual, mas ainda assim me incomoda a rejeição dela. Isso é o que me deixa puto porque eu não deveria me importar. Eu nunca me importei!

Ainda fazemos sexo, ainda nos vemos com frequência e nos divertimos, mas de repente seu semblante muda e ela parece triste. Outro dia, eu a surpreendi chorando e Sina me disse que eram os tais hormônios.

Imagino que deve ser uma droga esse descontrole emocional que vem com a bebê.

Bebê que ainda não tem nome. Sina me disse que está pensando e acho que deve estar, mas me sinto incomodado por ainda chamar a princesinha apenas de bebê. Logo a menina nasce e ainda não tem um nome.

Pelo que Sina me disse, está com vinte e nove semanas e isso já é mais da metade do caminho.

No momento, risco um pedaço de papel com algumas opções enquanto ouço os comentários de Carter sobre a turnê que se iniciará em breve.

- Começaremos pela Carolina do Norte e de lá vamos seguir com oito paradas em cidades estratégicas diferentes até chegarmos em Nova York. Lá faremos dois shows em pontos opostos da cidade e, em seguida, voltamos para Seattle, onde encerrarão a turnê.

Bailey boceja ao meu lado enquanto risca a mesa com uma palheta.

- Cara, a turnê deveria começar em poucas semanas, mas vejo um problema grande pra caralho, Carter.

Nós nos concentramos em Bailey e esperamos o que ele vai dizer para perturbar a ordem da reunião.

- Sina.

- E o que tem ela? - pergunto sem entender bem onde ele quer chegar.

- O problema é que, de acordo com a firma que ainda tá te defendendo nesse caso estúpido, você não sai sem ela e não dá pra arrastar a garota grávida dentro de um ônibus, de cidade em cidade.

- Cacete, não tinha pensado nisso.

Josh abre um sorriso, aquele presunçoso de quem sabe das coisas.

- A melhor maneira de fazer isso dar certo, da turnê acontecer normalmente sem complicar sua vida, Noah, é terminar com esse caso logo.
Precisamos de uma carta na manga, algo que tire a credibilidade do prefeito e da ex-esposa pra que ele se renda a um acordo.

Aceno concordando com suas palavras e instantaneamente me vem à cabeça a cena protagonizada por Candice no shopping. Acho que é hora de levantar a hipótese de insanidade.

- Estão lembrados do que aconteceu algumas semanas atrás no shopping? Quando Candice apareceu e fez uma bagunça por lá?

Todos continuam em silêncio e tomo isso como um sim.

- Naquele dia, Sina me disse que achava que ela era desequilibrada.
Primeiro por ter me drogado, ou algo assim, e segundo por estar nos atacando sem nenhuma provocação e sem se importar com as filmagens. Ela contou isso ao chefe dela, mas acho que ele não viu nada de mais nisso e nada foi feito a respeito dessa desgraça toda. Acho que se eu conseguir provar que ela não bate bem da cabeça, minhas chances de convencer um júri de que Candice me drogou aumentam e então, pra não correr o risco, Joseph vai aceitar o acordo.

Ritmo Envolvente | Noart Where stories live. Discover now