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SINA DEINERT

Acordo incomodada no meio da noite. Não sei que horas são e nem por quanto tempo dormi desde que me fechei aqui dentro. Estou aqui enfurnada desde mais cedo, quando Carter me mostrou o quarto que haviam preparado para minha estadia na mansão.

Não vi razão para sair daqui, pois é tudo simplesmente lindo!

As paredes são revestidas com um papel cinza listrado de preto;
moderno e bonito. A cama grande de casal é centralizada e atraiu minha atenção imediatamente após cruzar a porta. Ela é imensa e coberta por almofadas nas cores preto, branco e cinza. Um tapete, macio e convidativo, em tom chumbo, ladeia a cama.

As pesadas cortinas ocultam as portas que descobri que dão para a sacada.
O guarda-roupa preto, com puxadores cromados, está abastecido com lençóis limpos, toalhas e cobertores. O restante do espaço vazio foi limpo e preparado para receber meus pertences.

O quarto de hóspedes tem um banheiro bonito e clean. O chuveiro é digital e a bancada com duas pias fica diante de um espelho imenso, que pode ser uma benção ou uma maldição dependendo da minha aparência no dia.

Também tem também uma banheira de tamanho razoável e muito convidativa.

Imagino que as outras suítes sejam ainda maiores e mais modernas.

Infelizmente, por mais perfeito que tudo possa parecer, há um problema. Não tive certeza até acordar suando, com os cabelos molhados, sentindo-me como se estivesse em uma sauna.

Não há um ventilador sequer pela razão óbvia de que o quarto possui ar-condicionado, porém, pude constatar depois de algumas tentativas o que eu já havia suspeitado. Está quebrado.

Seattle não é conhecida pelo clima quente, muito pelo contrário, costuma sempre cair aquela garoa, que não chega a incomodar, mas te deixa com uma aparência de quem acaba de sair do banho o tempo todo. Apesar disso, é verão e faz um calor razoável lá fora, porém, aqui dentro do quarto abafado, sem nenhuma ventilação, é como se eu estivesse em uma sauna, uma grande e bonita, mas ainda assim uma sauna.

Minha garganta seca começa a me irritar e sinto muita sede. Viro-me de lado e chuto o lençol, tentando obter algum refresco, mas nas condições climáticas em que se encontra o quarto isso se torna impossível.

Levanto-me inconformada e abro a porta da varanda para que o ar circule. Apesar de estar com sono, não tem outro jeito, preciso de um copo de água.

Prendo os cabelos e coloco meu short folgado antes de deixar o inferno para trás e me esgueirar pelos corredores escuros e, graças aos céus, silenciosos, em busca da cozinha.

Sigo reto até o fim, passando por algumas portas que provavelmente são dos quartos onde dormem os rapazes da banda. Repreendo-me mentalmente por não ter gravado exatamente onde a cozinha fica. Apesar de Carter ter me mostrado rapidamente o cômodo, uma bandeja foi levada para mim no quarto na hora do jantar e acabei não me familiarizando muito bem com o lugar.

Quando chego a uma bifurcação, avisto a geladeira enorme de inox.

Dou poucos passos e me refresco com o ar que sai das portas abertas dela;
teoricamente a abri para pegar água gelada, mas oportunidades são para serem aproveitadas.

Abro o armário em busca de um copo e faço uma prece para não ser pega aqui; não é como se estivesse fazendo algo errado, mas seria um pouco constrangedor que me encontrassem fuçando os armários. Encho o copo de água e tomo de uma vez. Depois tomo mais um só por precaução.

Fecho a geladeira, repouso o copo vazio sobre a pia e, ainda sonolenta, caminho de volta para o meu quarto. Abro a porta e entro bocejando, mas então congelo instantaneamente.

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