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SINA DEINERT.

Quando noto os três brutamontes parados atrás de mim, assusto-me e rapidamente me atiro na água. Não era para ser assim! Eles não deveriam me ver na piscina e muito menos usando essas roupas.

— Doutora Sina, não sabia que era tão… saudável.

Ouço a voz de Bailey e sei que devo estar parecendo um pimentão, vermelha de tanta vergonha. Ele não tem filtro mesmo. Nenhum. Noah está lá, parado, encarando-me com aquele olhar que me deixaria molhada caso eu já não estivesse encharcada.

— Viemos almoçar com vocês.

É a voz de Josh. Ao menos alguém parece ter tato e não ser um completo babaca nesse trio.

— É, mas acho que vou entrar na água antes.

Noah mal diz isso e pula na piscina, espirrando água para todo lado.

— Eeei, meu cabelo, seu idiota! — Linsey grita e eu não posso deixar de sorrir por ela estar dentro da piscina evitando molhar os cabelos a todo custo.

Ele ouve a repreensão da irmã e uma expressão travessa toma suas feições. Caminhando lentamente, ele vai na direção dela, que já começa a gritar e “correr” dentro da água.

Já viram como as pessoas ficam lentas na água? Pois é. Ao que parece Linsey não sabe nadar, porque ela tenta se esquivar dele andando e claro que Noah a alcança. Ouço os gritos e risadas dos dois enquanto ele a afunda na piscina repetidamente, molhando os cabelos dela completamente. É isso.

Por isso eu quis ter um filho, uma família, alguém com quem eu possa partilhar essa intimidade. Ao ver cenas como essa, apenas reafirmo minha decisão.

Enquanto os observo, noto quando o foco dele muda, concentrando-se em mim. Como uma pantera cercando a presa, ele caminha em minha direção.  Linsey aproveita a deixa e sai da piscina.

— E você? — questiona, chegando mais perto. — Tem alguma coisa contra molhar os cabelos dentro da piscina?

Ele está próximo, bem perto, e meus olhos se distraem com o peito forte e molhado.

— Não, nada contra. Meus cabelos não estão secos.

Para ilustrar, balanço a cabeça de um lado para o outro para espirrar água nele, que acaba por dar risada da minha tentativa ridícula de revidar o que ele fez com Linsey. Digo ridícula porque ele já está dentro da água.

Mesmo com os olhos de todos sobre nós, Noah não para de se aproximar, enquanto eu vou me afastando, tentando aumentar a distância entre mim e ele, porém, sinto quando minhas costas batem no azulejo frio atrás de mim. Noah coloca uma mão de cada lado do meu corpo e abaixa o rosto em minha direção para falar comigo em um tom comedido que só eu posso ouvir.

— Jogo baixo, Sina. Não pode me dar o que quero e fica me provocando assim.

Eu? Provocando? Não tenho culpa se ele chegou sem avisar e muito menos posso ser responsabilizada pela escolha do biquíni.

— Não tô fazendo nada disso. Como poderia saber que iria chegar agora? Além disso, a responsabilidade por controlar sua mente suja não é minha, senhor Urrea.

Empurro-o levemente, apenas o bastante para ganhar espaço e para que vejam que não está acontecendo nada aqui. Não há nada para ser visto.

— Senhor Urrea? Acho que em outro momento posso gostar de ouvir você dizer isso. Agora, não venha me distrair com suas ideias perversas, Sina, eu me referia a essa calcinha minúscula. Como quer que eu raciocine se a peça deixa pouco espaço para imaginação?

— Desvie os olhos! Pense no almoço! Inclusive, a comida deve estar esfriando…

— Comida. É o que tenho em mente. Comer… Vou te ensinar uma coisa, Sina. Moças como você, advogadas, nerds e meninas certinhas, usam calcinhas de algodão, de preferência beges.

Dou risada.

— Ah é? E homens como você acabam com processos por assédio sexual, Noah.

— Touché, doutora…

— Vamos almoçar? Todo mundo tá olhando pra cá e tô com fome.

Ele sorri e seus olhos parecem faiscar.

— Vá na frente.

Cachorro.

— Linsey! — grito. — Pode pegar uma toalha pra mim, por favor?

Em questão de segundos, ela está de pé diante de mim com a toalha estendida. Noah ainda ousa encará-la com raiva e ela dá de ombros com um sorrisinho

Irmãos.

Eu pego a toalha e caminho até a escada. Assim que piso no primeiro degrau, já me enrolo nela, tentando ocultar o máximo possível do meu corpo do olhar insano dele.

— Senta aqui, Sina.

Ouço a voz de Linsey e corro para seu lado. É tudo muito vergonhoso, principalmente me flagrarem na piscina deles e com este pedaço de pano. Agora, para completar, vamos almoçar todos juntos.

Bailey já está atacando a comida e eu sinceramente tenho vontade de fazer o mesmo, mas me controlo e espero que os outros se sirvam antes.

— Tô te achando muito contida, Sina. Não tá com fome?

A menina nunca vai esquecer o quanto eu comi no café da manhã. Eu apenas a encaro sem dizer nada e ela começa a rir.

— Que foi? — É Josh quem pergunta e é até estranho ouvir a curiosidade em sua voz. Ele se manteve o mais distante e calado possível desde que cheguei aqui.

— Tomamos café juntas e a Sina come muito. Acho que vocês três não comem juntos o quanto essa menina come de manhã.

Reviro os olhos ao ver as expressões divertidas deles.

— Não é pra tanto, ela tá exagerando. Eu tenho um apetite saudável, mas como mais de manhã, por isso Linsey estranhou.

Noah me encara, achando graça.

— E por que come mais de manhã?

É, Sina, por quê? Linguaruda.

— Porque acordo com muita fome, é normal se considerar que ficamos cerca de oito horas dormindo, sem nos alimentarmos.

Isso! Pensou rápido.

Respiro aliviada ao ver todos rindo. Ninguém achou nada estranho, mesmo assim vou precisar contar logo.

Vai ser muito estranho se minha barriga começar a aparecer sem que saibam de nada, mas também não posso aproveitar que estão reunidos e atirar a notícia sobre eles como se fosse um acontecimento importante. É importante, só não para eles.

Precisa ser casual.

Vou contar, logo. Antes que fique muito evidente, eu conto.

Ritmo Envolvente | Noart Where stories live. Discover now