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SINA DEINERT.

Acordo com o despertador e, sem dar tempo para que a preguiça me consuma, transformando-me em uma massa disforme e sonolenta, levanto-me rapidamente.

Um erro.

Gravidez e erguer-se abruptamente não combinam. Quase sempre é uma combinação que gera náusea e vertigem. Apesar do enjoo frequente pelas manhãs, o vômito é bem raro, ao menos se eu me mantenho alimentada, então isso se tornou minha prioridade pela manhã. Se como, fica tudo bem.

Estou aqui a trabalho e é necessário começar imediatamente minhas análises sobre o processo, verificando formas de provar — que formas serão essas, ainda não sei — a inocência de Noah, antes que as coisas realmente fiquem sérias e minha firma perca o caso, e com ele nossa grande chance.

Abro o guarda-roupa em busca de algo formal e sério, o que é uma tarefa fácil já que minhas roupas são quase todas assim. Hoje estou de volta ao modo advogada responsável que luta com unhas e dentes pelo seu lugar ao sol.

Não posso me dar ao luxo de ser a garota excitada e boba que se atira aos pés do rockstar bonitão.

Após uma noite de insônia, refletindo sobre o que conversamos, estou certa de que se Noah acha mesmo que tenho alguém, um namorado ou algo parecido, isso pode fazer com que fique afastado. Com isso consigo me manter longe também.

Uma saia e blazer vão servir aos meus propósitos. Escolho uma camisa de seda verde para quebrar um pouco as cores escuras e calço saltos pretos.

Com toda a coragem que ainda tenho e toda determinação de não me deixar ser impactada pela presença dele, caminho em direção à cozinha, buscando minha dose matinal de cafeína e comida.

Quando abro a porta, porém, percebo que não estou sozinha. Uma moça, um pouco mais jovem que eu, está sentada à mesa. Talvez seja o corte curto nos cabelos loiros que passem a impressão de jovialidade. Ela tem a pele pálida, contrastando com os olhos claros e grandes, exatamente como os de Noah.

Ela sorri discretamente, mas percebo certo desagrado; talvez prefira ficar sozinha.

— Oi — diz em tom baixo.

— Bom dia, tudo bem? — pergunto educadamente.

Ela apenas me observa, sem responder minha pergunta retórica.

— Você é mais elegante que as de costume.

A princípio, meu cérebro ainda embotado pelo sono não compreende a insinuação.

— Desculpe, não entendi.

Ela ri.

— Mais educada também. — De repente, sua expressão muda e endurece. — Estava com Noah? Ele é quem tem o gosto mais… refinado.

Finalmente compreendo.

Ela pensa que sou uma das dezenas de mulheres que se atiram aos pés dos rapazes da Dominium. Bom, eu não sou.

Não exatamente, afinal, eu me controlei, certo?

Sorrio em resposta, dando o mínimo de importância a isso.

— Eu sou Sina Deinert, a advogada do Noah.

Ela cora um pouco, constrangida pelas suposições que havia feito.

Besteira. Eu transaria mesmo se a vida fosse menos complicada. Decido que irei culpar os hormônios pela atração que sinto por Noah, foram eles que me colocaram nessa situação. Sou refém dos meus desejos e do meu corpo traidor.

Ritmo Envolvente | Noart Where stories live. Discover now