Capítulo 10

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            Os raios de sol despontaram no horizonte trazendo luz às trevas que haviam tomado o Pesqueiro da Avenida Niemeyer na noite anterior.

            Daniel não havia pregado o olho. Pensou a noite toda em seu pai e em tudo o que havia acontecido.

            Porque aqueles homens invadiram o apartamento? Quem eram eles? O que eles queriam? Que barulho maldito era aquele?

            Refletiu constantemente, durante todas aquelas horas, sobre suas habilidades.

            Porque era uma aberração? Será que seu pai havia escondido algo dele? E aquela chave, o que deveria fazer com ela?

            Olhou o objeto em suas mãos. A chave era pequena, com segredo em apenas um dos lados. Dois terços dela era de metal brilhante. No meio haviam duas letras: "bb". O corpo de apoio era de plástico azul escuro, e tomava o terço restante dela. Em um dos lados haviam números gravados em branco: "0001-9". Do outro, letra e números: "E56".

            Eram muitas perguntas que a noite não foi suficiente para responder.

            Precisava desvendar esse enigma. Depois de tudo aquilo que viveu há poucas horas, tinha certeza de uma coisa: ele não era o mesmo garoto de antes.

            Após sair do seu esconderijo, caminhou para o Norte pela Avenida Niemeyer até passar sob a Autoestrada Lagoa-Barra e alcançar a marginal do outro lado. Lembrou-se que naquele mesmo lugar, na noite anterior, teve que fugir do seu perseguidor.

            Tinha alguns trocados no bolso da calça, suficientes apenas para um café, um pão de queijo e uma passagem de ônibus. Comeu e bebeu em poucos minutos. Quando deixava a padaria, surrupiou um boné e os óculos escuros de outro cliente que estava distraído.

            Subiu em um ônibus coletivo com destino à Barra da Tijuca. Precisava de ajuda e só conseguiu pensar em uma pessoa: Hugo. Aquele nerd grande e gordo, poderia conseguir alguma resposta.

            Muitos não sabiam, mas Hugo era um hacker. Entendia muito de programação de computadores, linguagem binária, entre outras coisas. Quando eles não estavam jogando The Last of Us ou God of War, o amigo gastava seu tempo invadindo o perfil do Roni nas redes sociais e alterando as fotos, a indicação do sexo para feminino ou o status de "em um relacionamento sério com Rafael e Rodrigo". Esse era o meio dele se vingar de Roni.

            Daniel ainda estava assustado com todo o acontecido. Sentou-se num dos bancos do transporte público, enquanto este seguiu pela autoestrada e passou atrás do edifício onde morava.

            O garoto baixou a aba do boné na testa, sobre os óculos escuros, na tentativa de que ficasse invisível.

            O prédio já ficava para trás quando escutou um carro fritar os pneus ao lado do ônibus. Olhou e sentiu sua espinha gelar. Um Chevrolet preto havia parado a centímetros. Estava pronto para descer e correr, mas então viu uma mulher de cabelos negros na direção. Por um momento sentiu-se aliviado.

            O sol, que ficava cada vez mais alto, dava indícios de que o dia seria extremamente quente. Ele percebeu isso ao sair do Túnel que passava pela Pedra da Gávea e chegar à Barra da Tijuca.

            Desceu ao chegar em frente ao Barra Shopping.

            As propagandas de empresas americanas de lanches e pizzas podiam ser vistas por todo o local. Ali próximo, uma réplica da Estátua da Liberdade saudava os visitantes do New York City Center, um centro de compras inspirado na Ilha de Manhattan.

O Explorador de Mundos - A Esfera de CristalOnde as histórias ganham vida. Descobre agora