Capítulo 4

1.4K 104 19
                                    

Capítulo 4

             Em frente à porta do apartamento de Will Baker, enquanto o som metálico ainda ecoava no céu, o agente Thompson e outros dez soldados aguardavam a ordem para arrombamento, quando o diretor chamou pelo rádio.

             — Thompson, emanação de energia confirmada. O alvo está no apartamento. Entre agora. Vai, vai, vai! – vociferou Ed Smith e sua voz saiu em meio a estática.

             — Entendido! – respondeu o agente, dando dois passos para trás e fazendo um aceno com a cabeça para um dos soldados junto dele.

             No instante seguinte, o mesmo soldado detonou o explosivo colocado na porta do apartamento. Lascas de madeira voaram por todos os lados. O local ficou imediatamente tomado por uma fumaça densa e os soldados invadiram. Suas armas equipadas com miras à laser faziam uma dança de luzes escarlates em meio a névoa. Uma delas encontrou o peito de Will.

             Tão logo viu o ponto vermelho em seu pai, Daniel se jogou sobre ele. Ambos caíram atrás do sofá e Will não conseguiu segurar a tela que escorregou para longe. Na tentativa de ficarem afastados da visão dos invasores eles rastejaram até a sala de jantar, escondendo-se atrás da parede.

             — Vá para a lavanderia. Você precisa descer até o andar de baixo. Eu sei que você consegue – sussurrou Will. Mas o garoto hesitou, não deixaria o pai. — Vá logo! Irei em seguida.

             Daniel não entendeu o que estava acontecendo, mas sabia que precisava fazer o que seu pai ordenara. O garoto correu e Will levantou-se, sacou a pistola, e disparou contra os soldados, acobertando a escapada do filho. Escondeu-se, em seguida, atrás de outra parede. Os soldados não revidaram. Foi nesse momento que Baker soube que seu opressor o queria vivo. Isso não era melhor que morrer.

             Tão logo Daniel chegou na lavanderia, olhou através da janela e se surpreendeu com a altura, algumas dezenas de metros até o chão e nenhuma escada. Procurou em volta, precisava agir rápido, e teve uma ideia. Puxou o varal que ziguezagueava acima da sua cabeça. O cordão era um cabo de aço revestido por uma camada de borracha. Deveria servir, e embora não tivesse certeza se aguentaria seu peso, era sua única opção.

             Mais atrás, os lasers ainda procuravam seus alvos. Will Baker aguardava o momento certo para recuperar a tela que deixara cair. Ao avistá-la, percebeu que ela havia pousado a apenas alguns metros, porém, estava mais próxima dos soldados do que dele e desistiu.

             Aproveitou a inércia momentânea dos invasores e correu na direção de Daniel, ao mesmo tempo em que disparou para trás, na tentativa de retardá-los. Ao chegar na lavanderia viu que o garoto já havia alcançado o andar inferior.

             — Venha, pai – gritou Daniel ao vê-lo na janela.

             — Preciso pegar o quadro antes.

             Com Daniel à salvo, ele poderia voltar e tentar recuperar a tela.

             — Não, não dá. Venha logo.

             Seu filho estava certo. Não era possível resgatar a tela, não naquele momento. E o pior, ele conhecia aqueles homens, Daniel ainda não estava à salvo.

             Pegou as granadas que trouxera consigo e jogou-as em direção aos soldados. Uma explodiu num clarão que tonteou os soldados. A outra expeliu mais fumaça por todo o ambiente. Imediatamente Will começou a descer pelo cabo de aço. Sob seus pés, um poço no qual a queda era morte certa.

O Explorador de Mundos - A Esfera de CristalOnde as histórias ganham vida. Descobre agora