Capítulo 9

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            Uma viatura com dois peritos parou em frente ao edifício em que Daniel vivia. O local ainda estava tão escuro quanto antes.

            — Pra mim já chega — disse irritado o delegado Paulo Torres. — Vamos lá, Silveira.

            — Doutor, mas e a ordem do chefão? — disse o inspetor, ao parar o malabarismo que fazia com duas lanternas.

            — Ah, que se ferre. Eu não me tornei policial pra isso. Pra permitir que gringos tomem conta da minha cidade. Do meu país. Vamos logo, estou cansado e com fome.

            O delegado e o inspetor deixaram a viatura e se dirigiram ao portão de acesso ao edifício.

            — Vamos entrar — disse o inspetor aos peritos que acabavam de chegar e fez sinal para que acompanhassem o delegado.

            Tão logo o delegado se aproximou do portão do condomínio o homem negro de terno cinza veio recebê-los.

            — Senhores, já ia mandar chamá-los. Entrem, por favor — falou Ed Smith abrindo o portão de pedestres.

            — Babaca — soltou o delegado, não tão baixo, para que o homem na entrada pudesse ouvi-lo.

            O diretor enrijeceu o semblante e os policiais seguiram para o interior do prédio com o auxílio das lanternas.

            Subiram as escadas até o quinto andar, onde as denúncias indicavam que teria ocorrido um crime e se dirigiram ao apartamento de Will Baker. Não haviam mais bastões luminosos, apenas o agente Thompson e dois soldados. Nenhum deles portava armas. Ao menos, aparentemente.

            Os dois peritos, com as mãos já protegidas por luvas de látex, adentraram ao local. O delegado e o inspetor também vestiram suas luvas e entraram, enquanto Thompson e os soldados permaneceram na porta.

            Armas de vários tipos e calibres haviam sido amontoados em um canto. Pelo menos umas dez armas entre fuzis e pistolas. Um dos peritos clareou um telescópio junto da janela.

            O delegado ficou surpreso quando o outro perito jogou o facho de luz em uma das paredes e puderam ver que ela estava coberta com mapas da cidade e recortes de locais conhecidos, além de trajetos de metrô rabiscados e alfinetes dispostos sobre o mapa em pontos de grande movimento.

            — Que merda, Silveira — disse o delegado.

            — Põe merda nisso, Doutor. Algo me diz que a noite vai ser longa.

            Paulo Torres continuou vasculhando o apartamento. Sinais de tiro em direção à porta de entrada, mas nenhum na direção contrária. A porta da sala estava arrebentada. Possivelmente, por algum tipo de explosivo. Havia um quadro caído próximo e uma bolsa havia sido largada à entrada da lavanderia. Na área de serviço a janela aberta ainda lançava um cabo para fora.

            O delegado colocou sua cabeça pela janela e apontou sua lanterna para baixo. Observou que a janela do apartamento inferior estava quebrada. Pensou na coragem dos homens que desceram por ali. Um erro e despencariam trinta metros abaixo, calculou.

            — Silveira, anota aí. Quero que você investigue junto aos moradores a rotina dos suspeitos. Quero ainda, uma investigação sobre ligações telefônicas, cartões de crédito, viagens, etc. — o inspetor assentiu e se afastou. — Tem algo estranho em tudo isso — falou pra si mesmo.

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