Capítulo 11

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- "Pai"? Ainda tem a ousadia de me chamar de pai seu moleque insolente! - Estava completamente irritado, mas aquele que acabara de acordar nem ao menos sabia porquê. - Eu concordei em viajar para conhecer a família e você se envolve com qualquer rapariga que encontra pela frente? Está tão culpado que nem se quer atende nossas ligações! - Gritou.

- Mas do que o senhor está falando? Eu não faço ideia a que... - Naquele momento, recordava das memórias da noite passada. - Espera.

- Filho? - Disse a mãe pelo outro lado do telefone. Ela tentou de todas as formas fazer com que seu pai não o ligasse, mas sua única chance foi quando o mesmo iniciou o seu drama. - Seu pai está muito irritado mas eu sei que você não tem culpa meu anjo, então me diga. Quem é essa mulher que está com você? Desde quando se conhecem? - Soava preocupada, mesmo que no fundo tivesse um respingo de esperança.

- Notícias? Eu realmente não sei do que está falando, onde está isso? - Rapidamente entrava no seu navegador em busca da nova notícia.

- É o assunto mais falado no weibo¹, como ainda não estava sabendo?

Quando enfim pode ter em mãos a notícia, percebeu que não somente era cheia de mentiras, como também eram mentiras que manipulavam completamente a população. Fotos tiradas de um ângulo que apenas mostrava o quanto "insolente" o jovem era.

- Mas... Mãe, precisa confiar em mim. Não é nada como estão dizendo, eu apenas estava ajudando uma amiga a voltar para casa, somente isso! - Estava envergonhado mas ao mesmo tempo nervoso, toda aquela situação por somente uma foto tirada de um ângulo errado?

- Eu confio em você, mas o seu pai... - Pode ouvi-la suspirar. - De qualquer maneira, não complique mais a coisas. A Coreia não é mais segura, fique onde está até tudo se acalmar. Está bem?

Ele queria concordar, porém seu coração estava ainda mais preocupado com o que pensariam de Binna.

- Eu prometo.

Pela primeira vez estava mentindo para sua mãe. Apenas o tocar do fim da ligação já foi o suficiente para ele se levantar e procurar a mulher no seu hotel.

Apesar de tocar e tocar a campainha, ninguém atendia a porta ou ao menos dava um indício de que havia alguém lá dentro. Foi então que o jovem decidiu descer até a recepção para procurar por ela, mas quando chegou lá se surpreendeu com s notícia dada.

- Desculpe senhor, mas não temos nenhuma cliente com esse nome - Disse uma das duas mulheres por trás do balcão.

- Como assim não tem nenhuma cliente? Eu a trouxe ontem a noite para cá, veja direito! - Dizia ansioso.

- Senhor, sinto muito, mas devo repetir que ninguém com esse nome entrou ou saiu deste hotel - Reforçou.

- Você tem certeza!?

Seus olhos estavam arregalados, se encontrava num estado angustiado, confuso. Como aquela mulher não existia se ele mesmo a trouxe para o quarto onde estava? A pessoa com quem falou com tanto tempo e ainda sim acabou envolvida naquele escândalo no final nunca existiu? Nada parece se encaixar. No caso, onde estaria Choi Binna?

[...]

- "Chaebol² embebeda uma jovem e a leva para passar a noite em um hotel de luxo." - Eun Ha estava lendo a reportagem que não só estava pela rede social chinesa como também pelos jornais da Coreia do Sul. - Não bastasse terem dinheiro, ainda querem usufruir dele para se aproveitarem de jovens inocentes... Homens não prestam, não acha, Lisa?

A tailandesa estava distraída observando alguns papéis. Ambas andavam pelos corredores da instituição, mas somente a mais velha estava concentrada em algo importante.

- Professora Lisa? - Repetiu.

- Sim? - Disse quando despertara.

- Escutou sobre o que eu estava falando?

Naquele momento a moçoila suspirou fundo, obviamente que não estava conseguindo a ouvir, faltava pouco tempo para enfim ser a festa de comemoração dos 20 anos da empresa do próprio pai e estava lotada de trabalhos e preocupações.

- Não, Eun Ha, sinto muito... Sobre o que estava falando? - Deixou os papeis de lado, parando de andar enquanto tocava com uma das mãos a região lateral do seu rosto.

- Está por todos os jornais, um homem rico se aproveitou de uma jovem e a embebedou para levá-la a um hotel! - Ela dizia aquilo de uma forma tão animada, ao contrário da sua companhia.

- Uma pena... - Nem se quer prestava interesse, fazendo a mais nova se questionar. - Eu preciso voltar para casa, estou morta de cansaço... Depois nos encontramos. Tudo bem?

- Claro... deve estar sendo uma rotina muito cansativa para você. Quer que eu lhe acompanhe? - Sabendo que ela negaria, insistiu.

- Não, muito obrigada Eun Ha. Não precisa se preocupar, eu consigo me virar sozinha. Tenha um bom dia - Disse esboçando um sorriso.

[...]

Após pegar um carro, desceu em frente a uma farmácia para comprar remédio e logo após a compra, percebeu que ao tocar na mochila sua garrafa de água não estava lá. Foi esperta a ponto de somente perceber isso após andar alguns passos da farmácia.

- Eu devo ter deixado no vestiário... Espero que encontrem - Andava mais um pouco, chegando perto da loja de conveniência que gostava de frequentar.

Mesmo sendo um pouco longe do hotel onde ficava, era um ótimo lugar para parar nas suas caminhadas noturnas, levava cerca de alguns longos minutos, mas não passava de 1 hora de caminhada.

Como já esta acostumada ali, entrou para comprar uma garrafa de água e um samgak kimbap³. A garrafa seria usada para beber com o remédio e o bolo de arroz triangular, para matar a pequena fome que estava sentindo.

- Aí está a gêmea número dois! - Disse a senhora do caixa com um sorriso. Podia considerar que as duas já viraram amigas por todo tempo que passaram.

- Boa tarde, senhora Hak - Também exibiu um sorriso, mesmo nas condições que se encontrava. Pegou sua carteira e entregou o dinheiro necessário.

- Aigoo... Não acha que está trabalhando demais? - Ofereceu um saquinho, mas a mais nova negou, então, pegou alguns saquinhos de ginseng vermelhoatrás do balcão, oferecendo a outra. - Aqui, leve alguns deles e tome todos os dias, fazem bem à saúde e vai lhe deixar mais forte! - Continuava a esboçar um sorriso doce e inocente.

- Senhora Hak, não precisa. Vou apenas lhe causar prejuízo, a não ser que me deixe pagar por eles - Sorriu, tomando o remédio e bebendo a água.

- É apenas ginseng, não precisa pagar por isso. Veja como um presente - Insistiu.

Naquele momento, Lisa suspirou, grata por aquela senhora ser tão prestativa e bondosa com ela. Não conseguiria resistir àqueles olhos brilhantes de pureza, acabando por aceitar os saquinhos.

- Muito obrigada, senhora Hak - Se curvou suavemente para a mulher, que fez o mesmo logo em seguida.

- De nada minha querida - Arrumou a franja da tailandesa e deu leves tapinhas no seu ombro. - Deixe de comer essas comidas prontas, coma uma refeição saudável e evite o estresse. Está bem?

- Irei tentar... Até mais, Senhora Hak! - Riu baixinho, se curvando novamente já que dessa vez estava se despedindo dela.

Após descer o primeiro degrau, guardou o que recebeu de presente em um bolso da mochila, pronta para retirar a embalagem do lanche rápido que comprará até que ouviu uma voz masculina distante gritando. Essa voz se aproximava cada vez mais mesmo que seus passos continuassem, até um certo ponto em que sentiu uma mão firme sobre o seu braço, puxando e fazendo-a virar-se para trás.

Um homem alto e de porte forte, parecia ofegante enquanto a olhava ansioso e ao mesmo tempo irritado, não fazia ideia de quem era aquele homem e com toda certeza ele nem se quer sabia qual era o seu nome.
Estava assustada demais, nenhum pensamento passava por sua cabeça.

- Binna? - Disse Sehun.

- Me desculpe mas eu acho que você está me confundindo com outra pessoa, se me der licença... - Tentou se soltar, mas somente o fez a puxar para mais perto.

- Outra vez está tentando me enganar? Se Choi Binna não é o seu nome, me diga qual é então - Obviamente que aquela mulher a sua frente parecia diferente da que encontrava quase todos os dias. Mas estava tão nervoso, ou melhor dizendo, desapontado, que nem se quer queria notar aquilo com seus olhos.

A jovem suspirou olhando para os lados brevemente, antes de novamente continuar a olha-lo nos olhos.

- Eu não sei o que essa mulher fez com você, mas deveria me escutar quando eu digo que não sei do que está falando! - Firmemente ditava aquelas palavras, sua voz embora demonstrasse presença, ainda permanecia e consistia baixa, olhando nos olhos daquele que parecia mais uma pedra no meio do seu caminho, e isso não lhe cheirava nada bem.

- Choi Binna! - Insistiu com firmeza.

Ele já estava tirando-a os nervos, a ponto de estourar. Assim o fez.

- Eu não sou Choi Binna! - Gritou quando puxou o braço com força, se soltando e se afastando dele.

Se antes não estavam chamando atenção, agora estavam os dois na mira de todos os cidadãos que passavam pela calçada e até mesmo pela estrada. Ambos se entre olhavam, percebendo a movimentação ao redor, não demorando muito para que logo todos percebessem quem eram eles.

- Ei! Esse não é o chaebol das notícias? - Gritou um.

- O canalha sem vergonha! - Exclamou outro.

- "Chaebol"? "Canalha sem vergonha"? - A tailandesa murmurou quando tentava entender o que estava acontecendo, se lembrando do que lhe fora dito por Eun Ha. - Ah... - Apontou para ele com a outra mão. - Você é aquele que embebedou uma jovem? - O olhou com desdém.

Sehun soprou entre os dentes.

- Sua atuação está cada vez melhor... eu embebedei quem?

Não estava na hora dos dois discutirem, começavam a estar cercados por homens e mulheres enojados pela presença do coreano que até então não tinha tomado consciência do que a mídia coreana era capaz.

Envolta por várias pessoas falando mal de si, em um ato de desespero ele pegou a mão de Lisa e saiu correndo com ela dali assim que percebeu; sem olhar para trás e pensar por onde estavam indo, seguindo a péssima intuição que tinha.

Estavam chegando no hotel, proximos a um quarterao e completamente exaustos. A entrada parecia lotada demais e a mulher já estava pedindo arrego.

- Eu apenas te segui porque elas poderiam vir para cima de mim, mas o que você vai fazer agora? Estamos cercados... - Tentava recuperar o fôlego.

- Podemos entrar por trás, não sei... Me parece a única opção - Ofereceu.

- É uma boa alternativa... - Nem se quer o esperou, já saiu andando na frente cuidadosamente para a parte traseira do prédio.

Oh clamaria para que a moçoila o esperasse, todavia já estava tão distante que somente escutaria se ele gritasse. Por isso, seguiu os seus passos até conseguir entrar no hotel, ficando os dois no mesmo elevador.

Lisa suspirava de cansaço de um lado e Sehun do outro, mas na hora de tocar no andar que iriam, ambos apertaram o mesmo botão. Despertos, foi assim que ficaram ao perceber a coincidência de suas ações.

- Como você... - Disse o homem.

- Eu que pergunto. Por que apertou esse botão? - Se entreolharam preocupados.

- Eu estou hospedado nesse andar - Disseram em uníssono.

O coreano riu soprado, fazendo aquela típica expressão quando você finge simpatia.

- Está bem, Binna. Vou fingir que você está no mesmo andar que eu e no mesmo hotel, qual será a próxima desculpa? Que está no quarto 2××? - Carregava um sorriso debochado.

[...]

- Isso só pode ser brincadeira... - O sujeito passa o cartão na porta do seu quarto olhando para ela, vendo a jovem fazer o mesmo na porta ao lado.

- Stalker? - Disse com sotaque.

[...]

- Eu não sei como você foi capaz de nos confundir mas não, eu não sou essa tal Choi Binna que tanto diz - Enquanto ela dizia de uma forma tão tranquila e despreocupada, o outro estava andando para lá e para cá no quarto, pensando sobre toda a situação

- É estranho, por que você se parece tanto com ela e ao mesmo tempo não? - Parava para a observar por alguns segundos, desde seu cabelo até seu corpo e os pés.

"O que tanto procurando esses olhos de peixe morto?"

- Se continuar a me olhar dessa forma eu terei que mostrar que nossas diferenças são maiores do que nossas semelhanças... - Fitava quase a ponto de o matar. Dali, continuava a comer o bolinho de arroz que comprara.

Com aquela ação ele se sentou na cama, em frente a poltrona a qual ela estava, sua cabeça processava de forma lenta mas conseguiu ter o que falar bem mais rápido do que calculou.

- Tenho uma ideia, parece loucura, mas vai nos ajudar bastante.

Aquele mistério nas suas palavras, somente em ouvir Já conseguia sentir que aquilo que não cheirava bem já estava mais do que podre, estava em decomposição total. Um cadáver.

- E qual é a sua ideia mirabolante? - Arqueou uma das sobrancelhas.

Respirou fundo, arregalando aqueles olhos tão caídos e fechados.

- Lisa, finja ser minha namorada.

- O que!? - Engasgara com o que comia.

| Glossário:

¹Weibo é a segunda maior plataforma de rede social da China. Um twitter/instagram chinês por exemplo.

²Chaebol é o termo coreano dado ao fundador de uma empresa familiar (um conglomerado por exemplo) ou filho de um.

³Samgak Kimbap é basicamente um bolinho de arroz, geralmente em forma de triângulo, envolto por uma folha de alga.

⁴Ginseng Vermelho é uma planta tradicionalmente consumida em países do Leste Asiático, como a Coréia, China e Japão e utilizada na forma de alimento funcional ou como medicamento terapêutico natural.

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