10. Cair da neve.

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Harry aprendeu a gostar dos momentos sozinho; onde ele podia pegar um livro e um cobertor e passar horas entretido no balanço da varanda, lendo e observando a neve cair gradativamente bem à sua frente. Em momentos assim a sua mente submergia às poucas memórias boas de sua infância, ou das boas e contadas lembranças que tinha; longe de casa e de tudo que o lembrava o significado de lar - mesmo temendo que jamais ao menos soubera -, Harry aprendeu a gostar da bolha que montou para si mesmo nos meses ali.
No entanto, essa bolha foi explodida e substituída pelos momentos que ele passou a ter com Louis.
O primeiro deles sendo à uma semana atrás, um dia depois de seu primeiro beijo: Harry estava tendo o seu agradável tempo no balanço, era tarde e o sol ainda pintava de laranja o céu incrivelmente branco; a noite chegando alertava o ômega de quê em breve teria de se recolher. No entanto, o cheiro de Louis o alertou de que o alfa estava chegando em casa. Seu esposo havia saído cedo naquele dia para uma reunião com Taylor, ele se lembra de ter recebido um selar gélido em sua testa logo pela manhã.

E então as botas bateram sob o piso de madeira; o olhar preso em Harry possuía certo brilho, os passos se aproximaram e então Louis estava sentado ao seu lado. As roupas e todo o ambiente de repente cheiravam à Louis.

"Olá ômega." Ele disse. Sem dar tempo a Harry para lhe responder arrastando os lábios parcialmente rachados sob a pele imaculada de sua bochecha; a barba o arranhando, no entanto ele não poderia se importar menos.

"Olá." Ele se limitou à responder. O rosto queimando enquanto a sensação em seu estômago só tendia a formigar; os dedos dos pés se retorcendo na lã grossa do cobertor.

E então o silêncio confortável se instaurou em seu meio; a mão quente de Louis queimando o seu ombro devido ao toque singelo. Ele sentia os cabelos do alfa roçarem em sua clavícula, eles estavam tão perto; a respiração de Louis batia pouco abaixo de sua orelha. Calma e quente.

E agora, ao cair da neve, enquanto os fragmentos inundavam o chão o pintando em tons de branco, Harry ainda sentia o peito queimar deliciosamente com a sensação de se estar, e se sentir finalmente em casa. Louis estava logo à frente; o corpo forte parecia não fazer um mínimo esforço ao cortar lenha, os braços firmes se apertando minimamente na camiseta xadrez em seu corpo; Harry podia apreciar os fios lisos e acastanhados grudarem em sua testa.
Vez ou outra Louis olhava para ele. Um sorriso pequeno enfeitando os lábios finos, Harry suspirava. As mãos fortes dando destaque às veias proeminentes nela, pressionadas e incrivelmente brancas.

"Encarar não é atraente." Ele foi puxado dos devaneios com a voz divertida de Louis soando em seus ouvidos. Os movimentos cessados e os olhos azuis focados no ômega a sua frente.

"Desculpe." Uma risada mínima escapou pelos lábios. Louis ainda se fascinava em como eles pareciam estar sempre avermelhados durante certos momentos do dia. "Você é único ser vivo além de mim aqui- funciona como distração."

"Oh, então você faz brincadeiras agora?" Ele se aproximou; Harry podia notar o suor e o cheiro único de avelã e café se destacando fortemente, chegando à deixá-lo tonto. Alguns passos e Louis finalmente estava em sua frente; ambas as mãos pressionadas nas laterais do banco de madeira, Harry entre elas. O olhar afiado e divertido em sua direção, tirando o fôlego de seus pulmões, restando apenas o pouco ar que escapava dos lábios separados e batiam diretamente no rosto de Louis.

"Não." Ele ainda se sentia tímido na presença do alfa. O olhar se abaixando para o peito descoberto pelos poucos botões abertos, expondo o peitoral com poucos pêlos; suspirando ao prender os olhos naquela região em Louis. Sentindo-se corar ao ouvir uma baixa risada do alfa, provavelmente por notar seu olhar ali. "Também não é atraente ser convencido." Ele subiu novamente o olhar para o imenso oceano preso nos olhos de Louis.

Tolerate It • (l.s) ABOWhere stories live. Discover now