— Lola querida — murmurou ele, agora um pouco mais calmo —, eu confio em você. Sei que fará um ótimo trabalho. Sei disso. Prometo-lhe que se você se sair bem nessa Caçada, acrescentarei pontos extras para você. Aí você não estaria mais prejudicada por ter falhado no exercício dos Braceletes. Tudo bem?
Balancei a cabeça positivamente, apesar de me questionar se aquilo não seria antiético. Entretanto, foi sobre outra coisa que questionei:
— Mas Duke... Por que eu?
— Digamos que eu apenas desejo o seu bem e o de todos.
• • •
— Pois é mocinho... Você terá que se comportar muito durante esses dias em que vou ficar fora — disse a Nathan, depois de explicar toda a situação.
— Eu vou me cuidar — prometeu ele.
Eu estava usando um casaco preto de capuz, com uma blusa branca por baixo, calças justas pretas e botas. Em minhas costas estavam uma mochila com alguns suprimentos básicos e uma katana ao invés de duas, mas em compensação eu trouxe várias facas e punhais para me precaver.
O sol já estava se escondendo atrás das montanhas de Édenia, enquanto um conjunto de Ceifadores se deslocava do bosque voltando de sua Caçada. Notei que um deles era Annie.
— Já está indo, Lola? — perguntou-me quando me viu.
Franzi a testa.
Como ela já estava sabendo? Não havia acabado de chegar? E por que ela já estava de volta? Geralmente Caçadas duravam dias.
— Quero dizer — ela tentou disfarçar —, onde está indo?
— Duke Wall me mandou ir a uma Caçada com os Ceifadores.
Acabei supondo que ela já soubesse disso. Suspeito. O que ela e Duke estariam aprontando?
— Ah... Isso é incomum. Geralmente, meros semianjos não vão em uma Caçada com os Ceifadores. Mas talvez Duke tenha percebido que você é tão boa quanto, sem precisar de testes. — Ela sorriu, parecendo orgulhosa. — De qualquer forma, se Duke ordenou, é melhor obedecê-lo sem questionar.
— Sim — concordei. — Eu apenas estou preocupada com meu irmão — olhei para Nathan ao meu lado e acariciei seus cabelos escuros.
— Eu vou ficar bem — insistiu ele.
Annie McCarthy andou em direção a ele, curvou-se e afastou minha mão de seus cabelos — que para mim foi como um insulto —, acariciando sua bochecha. E, para me deixar ainda mais com ciúmes, notei que Nathan aparentou gostar mais do carinho que a mulher lhe dera.
— É claro que ele vai ficar bem — confirmou Annie. — Ele é um ótimo menino... vou cuidar dele para você.
— Não será necessário. Já falei com minha amiga, Bonnie. Ela vai ficar tomando conta dele para mim.
— Eu insisto.
Eu não fiquei nem um pouco confortável ou aliviada com aquela situação, mas tentei não deixar isso parecer tão óbvio.
— Bem, quanto mais gente melhor. Assim, eu fico um pouco mais aliviada — fingi.
Ela sorriu novamente, exibindo seus pés-de-galinha.
Eu não sabia exatamente o porquê de desconfiar tanto de Annie. Não mesmo. Ela era uma pessoa legal, parecia querer o meu bem. E tinha sido uma grande amiga da minha mãe. Bom, acho que talvez eu devesse tentar confiar um pouco nela, não? Eu daria meu voto de confiança.
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Entidades
RandomE se anjos e demônios realmente existissem? E se os anjos descessem dos Céus, se apaixonassem por humanos e tivessem filhos? A jovem Lola Witt descobre da pior forma possível que seres malignos existem, e que seu pai, um dia, fora um anjo. Isso faz...
Capítulo 29 - Uma Jornada Inesperada
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