Capítulo 39

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Felicity

Desembarco do avião sentindo que minha cabeça pode explodir a qualquer momento. Beber antes de viajar não ajudou em nada, mas, pelo menos esqueci um pouco que estou indo para casa da família.

Eu me sinto mal por ter sumido por cinco anos, apenas me comunicando através de ligação; mas eu não podia voltar. Não queria os olhares de pena ou de tristeza em cima de mim, e também não queria voltar para minha casa. São muitas lembranças na qual sou muito fraca para enfrentar.

Olho no relógio e vejo que ainda faltam duas horas para o chá de bebê da Lily.

Ainda tenho tempo de fazer mais uma coisa.

Pego um táxi, informando para o motorista sobre meu destino. Encosto a cabeça na janela do carro, fechando os olhos e respirando fundo a brisa que bate em meu rosto.

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Caminho a passos lentos pelo cemitério, observando todas aquelas lápides cheias de histórias. Meu coração se encolhe toda vez que vejo o nome dela gravado em uma das placas.

O nome do meu amor.

O caixão está vazio. Não tive a chance de oferecer um enterro digno para Angel. Rebeka e Max simplesmente desapareceram do mapa, junto com o corpo do meu anjo. Depois de um tempo, eu deixei nas mãos de Ian o cargo de procurar por aqueles dois. Eu não conseguia mais.

— Oi, minha SnowFlower... — sussurro com lágrimas nos olhos. — Sinto sua falta. A todo minuto.

Um soluço me escapa, e coloco a mão no peito sentindo uma dor que me acompanha a anos.

— Tudo perdeu o sentido depois que você se foi... Eu só queria me juntar a você. — confesso, balançando a cabeça com a ideia que surge. — Eu me afastei de todos. Fui uma grande filha da puta e sei que você não estaria orgulhosa de mim. Sinto muito.

Não consigo falar mais nada. As palavras estão presas em meu coração e apenas mantenho a cabeça baixa. O tempo passa rápido, e, quando percebo, tenho que voltar para casa.

— Até mais, meu amor...

Me levanto de onde estava ajoelhada, limpando minha calça e caminhando para fora daquele cemitério. O trajeto até em casa foi feito de forma rápida, e quando menos percebo, estou entrando pela enorme porta da casa da minha família.

Todos estão na sala, parecendo felizes com a comemoração. Minha mãe vem correndo até mim, me abraçando com força.

— Oi, mamãe. — falo com um sorriso, me sentindo um pouco melhor ao estar em seus braços.

— Oi, querida. — ela beija minha testa. — Estavamos com saudades.

— Eu também. — respondo, caminhando para a sala.

Lily vem me abraçar, mas com um pouco de dificuldade já que tem uma enorme barriga entre nós. Em seguida, Miles e Eros aparecem com minhas cunhadas e as abraço. Meu pai e meu tio, que estavam no jardim, aparecem e me apertam em outro abraço aconchegante.

Parece que todo mundo ama abraços.

— Oi, Fê. — Cole aparece, um pouco diferente do que tinha me lembrado; afinal, a última vez que isso aconteceu foi há cinco anos. Meu amigo está com a aparência mais madura, mas ainda tem seu rosto e a personalidade doce. — Senti sua falta.

— É, eu também. — abro um sorriso, e mais uma vez, sendo presa por um abraço. — E então... tem comida?

Pergunto para aliviar o momento de tensão que estava se formando. Minha família sorri, e logo caminhamos para o jardim. Mas Miles pega em meu braço, me levando para a cozinha.

— Como você está, bravinha? — questiono e solto um suspiro frustado.

— Vocês vão passar a festa toda me perguntando isso? — indago com um pouco de raiva e meu irmão respira fundo.

— Perguntamos porque nos importamos com você, Felicity. — ele responde com os braços cruzados. — Você quase não deu notícias por cinco anos.

— Eu estava ocupada. — digo simples, desviando o olhar.

— Você precisa seguir em frente. — Miles fala e meu sangue ferve de raiva.

— E acha que eu não tentei?! Acha que eu gosto de me afundar mais e mais no fundo do posso? O amor da minha vida morreu, Miles! Como você se sentiria se o mesmo acontecesse com a Blue? Não é tão fácil, então não venha querer me dá lição de moral. — explodo sem me importar com nada. Saio da cozinha, subindo as escadas para o meu antigo quarto.

Tudo está exatamente como deixei.

Me jogo na cama, afundando minha cabeça no travesseiro querendo sumir de uma vez por todas. Reviro os olhos frustada quando ouço meu celular tocar. Pego o aparelho no bolso da calça, franzindo o cenho ao ver o nome de Ian brilhar na tela. Ele quase não me liga.

Fala. — atendo um pouco grossa.

Preciso que venha até a mansão. Agora.

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SNOWFLOWERWhere stories live. Discover now