Capítulo 33

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Felicity

Avalio os quatro idiotas sentados na cadeira, abrindo um sorriso venenoso quando o olhar de Otávio, irmão de Cole, se fixa em mim.

Angel e Cole estão em casa. Fomos para o hospital e meu amigo não sofreu nenhuma lesão séria, ainda bem. O médico receitou alguns analgésicos e repouso. Foi fácil convencer Cole a me contar um pouco sobre seu irmão. Só precisei investigar umas coisas aqui e alí, e consegui a localização do desgraçado e seus amigos.

- Sabe... eu estou curiosa. O que passa nessa sua cabecinha de vento? - questiono, com minha adaga apontada para o pescoço de Otávio. - Você se acha melhor que o Cole?

- Não acho, eu sei que sou melhor que aquela bichinha. - responde com repulsa e pressiono ainda mais o metal na sua pele.

- Você é só um saco de merda, Otávio. - falo, apertando seu membro com meu pé. - Você nunca chegará aos pés do Cole. ELE é uma pessoa boa, enquanto você... acho que será útil para o divertimento dos meus colegas de trabalho.

Otávio tenta se soltar, mas é inútil. Vou até uma mesa onde guardo todos os meus objetos de diversão. Isso vai ser interessante.

- Escutem-me bem todos. A única pessoa que será morta hoje é o Otávio. Enquanto aos demais, vou dar uma segunda chance, mas não sem antes receberem uma boa punição. - aviso, andando devagar de um lado para o outro com um alicate em mãos. - Se eu souber que vocês foram transfóbicos ou bateram em uma pessoa por causa da sexualidade ou do gênero dela, eu juro que acabo com a raça de vocês. E acredite, eu sempre acabo sabendo de tudo.

Vou até Otávio, olhando bem no fundo dos seus olhos.

- Você é um erro. Você é um pecado. O Cole nunca fez mal a ninguém. Ele vai viver, feliz e bem. Enquanto a você? Vai virar comida de verme. Esse é o seu destino. - falo com todo o nojo que tenho por esse ser. Olho para cada um naquela sala, abrindo um sorriso perverso. - Que a diversão comece.

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Tomo um bom banho antes de voltar para casa. Minhas roupas ficaram sujas de sangue e não quero ter que explicar nada para Angel e Cole. Esse é outro assunto que eu tenho que tratar. Preciso contra a Angel sobre o outro lado da minha vida.

Decido pensar nisso depois. Saio do banho e visto uma calça de couro preta, uma blusa branca e minha habitual jaqueta de couro da mesma cor da calça. Pego minhas chaves, caminhando para fora daquela mansão.

- Ainda nenhum sinal deles. - Ian chega ao meu lado, se referindo aos pais de Angel. - E o Klaus está quase morto.

- Pode terminar o serviço. - é tudo o que eu digo, saindo da mansão logo em seguida.

Depois de um tempo, finalmente chego em casa. Meu coração se aquece ao ver Angel e Cole dormirem abraçados no sofá. Vou até eles a passos silenciosos, pegando meu amigo nos braços e me dirigindo até o quarto de hóspedes. Cubro ele para que não fique com frio, sei que o mesmo fica resfriado até com uma simples bebida gelada.

Volto para sala, sorrindo ao ver meu anjo coçando os olhinhos. Ando até ela, me segurando no encosto do sofá quando uma tontura me invade. Angel vem correndo até mim com a expressão preocupada, me ajudando a deitar.

- Eu estou bem. Acho que foi só uma tontura porque não comi muito bem hoje. - explico para tranquilizá-la.

- Como assim não se alimentou hoje?! - Angel indaga parecendo brava, mas respira fundo e volta a falar. - Por que não se alimentou hoje, Felicity?

- Eu estava ocupada e esqueci de comer. - sussurro, encarando meus dedos. - E também... eu costumava tomar o leite do peito. Mas como não estou morando em casa, fica difícil ver o Miles e sabe... mamar.

- Oh, meu amor. - Angel me puxa para seu colo. Ela retira seu moletom, deixando seus seios à mostra. Percebi que nessa última semana eles andam maiores que o normal. - Semana passada, quando deixei você mamar, escutei seu chorinho e percebi que você queria leite. Então pedi para o Miles me indicar um remédio para lactação.

Olho para Angel assustada. Bom, assustada de uma forma boa. Eu jamais poderia pensar que...

- Você sabe que não precisava, não é? - falo baixinho. - Não quero que modifique alguma parte do seu corpo por mim.

- Eu fiz porque eu quis, amor. É um gesto de amor e quando te vejo sugar meu peito, quase morro de fofura. - responde me fazendo rir. - Provavelmente o leite só vai sair semana que vem.

- Obrigada, SnowFlower. - meus olhos estão marejados e beijo Angel com todo o amor do mundo.

Nunca pensei que poderia amar tanto alguém.

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- Você está melhor? - pergunto para Cole que bebe um xícara de café.

- Estou sim. Quero agradecer a vocês duas. - ele diz e o abraço de lado. - Obrigado por tudo.

- Não precisa agradecer. Somos suas amigas, e cuidamos um dos outros. - Angel fala, também abraçando Cole do lado direito.

- Infelizmente, todo esse preconceito vai existir em cada lugar do mundo. Não podemos mudar as pessoas. - Cole diz com pesar. - Eles não aceitam o que é diferente e sabe o que dói? Se conformar a viver assim. Com medo. Toda vez que saio de casa, eu rezo para qualquer ser supremo me proteger. Tenho medo de ser humilhado, espancado ou até morto enquanto ando na rua. É esse tipo de batalha que nós da comunidade LGBTQIA+ temos que lutar todo santo dia.

Apenas escutamos tudo o que Cole fala. Tudo o precisa ser dito. Esse mundo machuca, e toda vez que alguém sofre preconceito por ser quem é, um pedaço de sua alma morre.

Nunca conseguiremos estabelecer a paz mundial. Não quando o ser humano foi, e continua sendo a pior praga que já pisou nesta terra.

- Apesar de tudo, eu ainda acredito da bondade humana. Eu espero que, em um futuro próximo, conseguiremos vencer essa batalha. Estamos indo bem, não é? Um passo de cada vez. - meu amigo fala por fim.

Olho para Angel, sorrindo em meio as lágrimas. Essas últimas palavras de Cole tocaram meu coração de um jeito inexplicável.

- Fê? - meu anjo chama.

- Sim?

- Canta pra gente?

- Claro que sim.

Penso em alguma música, e lembro de uma na qual possui um trecho que me deixa muito emocionada.

Fire on fire would normally kill us
But this much desire, together, we're winners
They say that we're out of control and some say we're sinners
But don't let them ruin our beautiful rhythms
'Cause when you unfold me and tell me you love me
And look in my eyes
You are perfection, my only direction
It's fire on fire
It's fire on fire

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Tradução da música:

Fire On Fire - Sam Smith

“O fogo em chamas normalmente nos mataria
Mas com todo esse desejo, juntos, somos vencedores
Eles dizem que estamos fora de controle e alguns dizem que somos pecadores
Mas não os deixe estragar nossos belos ritmos
Porque quando você me desdobra e diz que me ama
E olha nos meus olhos
Você é a perfeição, minha única direção
É fogo em chamas
É fogo em chamas”

SNOWFLOWERWhere stories live. Discover now