Trentatre

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Filippo Fontana


A vida estava me sorrindo de novo e eu não poderia estar mais grato!
Depois de tantos momentos pesados que poderiam ter me destruído, lá estava eu, dando a volta por cima. Foi difícil não me emocionar ao me lembrar de minha mãe, ao me lembrar de Catarina partindo para a América ainda criança, deixando-me sozinho de novo junto de meu pai, que sempre exigiu muito para que eu fosse o exemplo perfeito de primogênito de um Don. Pensei também em Francesca e em todo o processo doloroso que foi passar por seu luto. Todo o trabalho que tive para processar que culpa era culpa e dor era dor. 
Encarar meu reflexo no espelho, era ver um homem renascido após sofrer aquele atentado tramado por Lorenzo. Sei que talvez as coisas pudessem ter sido diferentes, mas isso significava que os aprendizados também seriam diferentes e eu não seria quem era hoje.
Olívia havia me mudado e eu tinha orgulho disso. Orgulho de ser um homem muito mais racional e empático se tratando de negócios, do que o sujeito explosivo que precisava de Leonardo em meu encalço para me tirar das minhas próprias enrascadas.

A vida definitivamente estava me sorrindo de novo!

Finalizei os últimos ajustes em minha gravata e bateram na porta. A segurança em torno da igreja estava reforçada e dessa vez, não discuti com Leonardo a respeito da administração de tudo. Sabia que como conselheiro, ele queria proteger seu Don de todas as possíveis reações de nossos rivais e, como meu melhor amigo, não queria que nada de ruim estragasse meu dia. Até Sergio estava armado, o que significava que o nível de confiança dele para com nossa família, estava aumentando ainda mais.

Dois homens faziam a segurança da ''sala do noivo'', que era onde eu estava, e assim que a porta foi aberta por um deles, vi que meu pai estava ali, com um enorme sorriso orgulhoso no rosto e em seguida, levou uma das mãos no peito, num gesto cheio de carinho e admiração.
Assim que entrou, a porta foi fechada atrás dele e ele veio até mim, estendendo as duas mãos para me tocar no rosto e beijar-me em cada lado de minhas bochechas:

- Olhe só para meu bambino! Pronto para se tornar um homem realizado e completo!

- Grazie, papa. Como estão as coisas lá do lado de fora? - Perguntei curioso e ansioso.

- Todos estão em seus devidos lugares e a segurança está reforçada. - Ele tocou em meus ombros, mantendo o mesmo sorriso de quando entrou ali e suspirou - Mas não queria perder a  oportunidade de trocar algumas palavras com você antes de assisti-lo se tornar chefe da sua própria família.

O senhor Giuseppe estava emocionado, o conhecia o suficiente para ter certeza disso. Meu pai não era um homem que costumava demonstrar muito o que sentia, mas desde meu atentado, ele também havia baixado um pouco suas barreiras e se tornado mais carinhoso. Ele sempre exigiu tanto para que eu seguisse seus passos, que foi bom ver essa mudança, já que apesar de termos tanto em comum, éramos homens bem diferentes um do outro. Antes de ser meu Don, ele era meu pai e era bom ver que agora enxergava mais isso.

Ele abaixou o olhar, limpou a garganta e se apoiou em uma das poltronas, ficando de frente pra mim, sem me encarar diretamente:

- Já me deu muitas dores de cabeça, Filippo. - Meu pai riu - Desde adolescente, sabia que seria quem mais me traria preocupações e bem, não errei. Não dava pra te moldar a minha maneira, porque sempre teve sua própria personalidade, mas conforme ia crescendo, notei o quanto a maturidade lhe caía bem e mesmo após sofrer tantas perdas, sejam elas por culpa minha ou por infelicidade da vida, você lutou contra seus próprios demônios e deu a volta por cima.

Mais que Negócios - Duologia Família Fontana - Livro IIWhere stories live. Discover now