Venti Quattro

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Olívia Valente


Meu coração estava extremamente apertado.

Filippo tinha me ligado dizendo que alguns seguranças dele me levariam até Capri e que precisava de mim lá. Ele estava tão... sério. Sua voz não estava acolhedora como quando liguei para ele durante a madrugada. Só conseguia pensar que algo tinha acontecido com meu pai e com minha mãe. 
A viagem de volta a ilha onde passei a minha vida toda, fez com que um filme passasse completo em minha mente e mais lágrimas tomaram meu rosto. Ainda não tinha parado de chorar desde que havíamos saído da boate e por mais que eu tentasse não me culpar, um único arrependimento rondava minha cabeça: eu não devia ter vindo pra Nápoles.

Talvez Filippo não tivesse que estar passando por isso. Ele já teria se vingado de Lorenzo e agora estaria tranquilo, vivendo a vida como vivia, transando com as dançarinas de suas boates como fazia.

Meu pai estaria em segurança, já que era mais do que óbvio que só havia sido pego por terem descoberto a respeito do salvamento de Filippo.

A foto que tiramos em Roma deveria estar circulando nas casas de cada família rival dos Fontana, então já tinham marcado meu rosto.

Um dos seguranças me entregou uma caixa de lenços e dei um sorriso tímido. Nem aqueles homens estavam aguentando mais o tanto que eu estava chorando. Dio, eu só queria chegar na ilha e abraçar meus pais, abraçar o homem que amava. Aquilo tudo era um pesadelo, tinha que ser um!

O barco atracou na área de Capri que eu nunca tinha visitado na vida e aquilo me fez soltar um riso indignada. Durante toda a minha adolescência e até vida adulta, eu planejava visitar aquele local, muitas vezes até desafiando minha mãe, que sempre me olhava feio ou fazia seu drama habitual, dizendo que só de eu pensar naquilo, ela já tinha três tipos de ataques cardíacos. E aí a culpa me tomava inteira e eu prometia que jamais pisaria ali sem que ela permitisse.

Quando coloquei o primeiro pé na ilha, meu coração acelerou e senti como se estivesse cometendo um crime. Os homens de Filippo se colocaram atrás de mim rapidamente, enquanto em nossa frente, outros sujeitos se aproximavam fortemente armados e com expressões de hostilidade.
Queria tanto que ele estivesse ali para me acolher...

Eu estava sendo egoísta mais uma vez. Filippo deveria estar cheio de problemas, buscando alguma forma de argumentar com Lorenzo, para que ele liberasse meu pai e eu só pensando em formas que ele cuidaria de mim. Era por isso que todos estávamos embaralhados nesse emaranhado agora, não era? Devido ao meu total egoísmo! Eu não deveria ter escutado meu coração, devia ter permanecido na ilha, cuidado dos meus. Mal sabia como viver em Nápoles e agora estava em meio uma guerra que nem sabia lutar.

Tentei controlar meus batimentos, meu nervosismo e as lágrimas incessantes que me acompanhavam conforme caminhávamos pela ilha. O dia havia amanhecido fazia algumas horas e ao olhar em volta e ver algumas pessoas caminhando pela praia, pelos portos, apontando para as paisagens de tirar o fôlego do local, senti uma sensação ruim me tomar mais uma vez. Será que eles tinham alguma ideia do que acontecia no lado obscuro daquele paraíso?

Caminhávamos cidade adentro e peguei meu celular algumas dezenas de vezes, esperando encontrar alguma mensagem de Filippo, mas nada tinha.

Um carro nos aguardava e franzi a testa preocupada. Para onde é que iríamos, afinal?

Ouvi os seguranças conversarem entre si e assim como eu, encararem aquele veículo preto de janelas escuras com uma expressão desconfiada. Dei alguns passos pra trás, só para ficar mais próximas dos homens e a porta do carro foi aberta, me fazendo suspirar aliviada.

Mais que Negócios - Duologia Família Fontana - Livro IIWhere stories live. Discover now