Quattro

2.7K 285 205
                                    


Olívia Valente


- Ele parece educado.

Cassandra ajudava minha mãe cortando os espinafres para o jantar que estávamos preparando. Até Antônio estava colaborando no processo, entregando a senhora Valente, todos os tomates cerejas já lavados.

- E é muito bonito. - Cassandra parecia transformar o foco da conversa em Filippo, o que me fez revirar os olhos e continuar limpando os peixes.

- Ele é mesmo educado. - Respondi, tentando o máximo possível não dar abertura para continuarmos com aquilo.
Minha mãe vez ou outra pairava os olhos em mim, mas depois que mencionei que ele havia pedido desculpas pelo susto, sua feição desconfiada e cruel até diminuiu um pouquinho. Aquilo era um feito e tanto, mesmo que o pedido de desculpas nem tivesse saído da boca dele.

- Devemos nos lembrar que essa opinião é baseada apenas no que Olívia nos contou. - Disse ela, dando de ombros - Infelizmente minha filha vê bondade em todo mundo.

Fiz uma caretinha para aquele comentário e foquei no que estava fazendo de novo, preocupada se Filippo acordaria faminto, já que devorou em menos de cinco minutos o que havia preparado para ele. E eu sabia que não estava errada em minha percepção, ele foi muito educado na forma que agiu e mesmo um pouco relutante, não argumentou quando pedi que voltasse pra cama. A noite já começava a cair e Filippo continuava repousando. Isso era muito bom para a recuperação dele.

Nápoles era tão perto... Talvez devêssemos mandar alguém ir até lá, informar que ele estava bem. Imagino o desespero de sua família o procurando.

- Você acha que ele é o Aquaman? - Antônio puxou a barra de meu vestido e sussurrou a pergunta, como se fosse alguma espécie de segredo.

- Acho que podemos perguntar quando ele acordar, o que acha?

Ele afirmou, ansioso e dando pulinhos e se afastou para contar a situação para a mãe dele. Abri um sorriso e continuei a trabalhar no peixe, salpicando algumas folhinhas de manjericão. Meu pai chegou pouco tempo depois e o recebi com um abraço apertado, contando-lhe tudo o que já sabíamos a respeito de Filippo. Ele ficou desconfiado pelo fato do homem não se lembrar o que tinha acontecido e do porque tinha levado o tiro. Meu pai até que se certificou de que não havia nenhuma concussão em sua cabeça, já que se esse fosse o caso, não nos restaria chances de cuidar dele em casa, como havíamos feito.

Minha mãe como sempre, se manteve por perto, trocando olhares que já diziam tudo o que pensava a respeito da situação:'' Eu te disse que não era uma boa ideia! Ele está mentindo, não sabemos de onde vem.'' Fiz meu melhor para ignorar aquilo e enquanto meu pai ia até o quarto, verificar se nosso hóspede estava bem, segui para o banheiro, tomando um banho para me livrar do cheiro do peixe impregnado entre meus dedos. Deixei algumas peças de roupas separadas no quarto dos meus pais, para não ter de ficar entrando onde Filippo dormia e coloquei um outro vestido, que era um pouco acima dos joelhos e de cor azul, as mesmas de meus olhos.

Abri um largo sorriso quando vi que nossa mesa estava toda montada e fiquei até desconfiada daquela arrumação toda de minha mãe. Quando busquei seu rosto para encará-la e demonstrar aquilo, suas bochechas esquentaram:

- O que é? A primeira impressão é o que importa.

- Eu adorei, mãe.

Mais que Negócios - Duologia Família Fontana - Livro IIजहाँ कहानियाँ रहती हैं। अभी खोजें