033

2.4K 185 53
                                    

Any Gabrielly

Eu tento, juro que tento não pensar em Joshua mas fica complicado quando minha mente roda as cenas da noite anterior na minha cabeça.

— Quê sorrisinho é esse? – Heyoon questiona ao se encostar no balcão.

— Nada, só pensando longe.

— Você está pensando nele.

— Tá tão na cara assim?

— Talvez... um pouquinho. – Diz, medindo com o polegar e o indicador, os levando até seu olho.

— Aí Heyoon, ele me levou para jantar em um restaurante magnífico e depois fomos ao terraço do prédio do seu pai.

— Do pai dele? – Questiona confusa.

— Fomos para o terraço, ver a cidade la de cima – Mordo meu pensando se devo continuar.

— Tem mais algo aí, começou termina Any Gabrielly!

— Transamos ao luar, vendo a cidade toda lá de cima. – Digo mais baixo pois temos clientes na livraria.

— Quê incrível! Sua sortuda. E você? Como está?

— Bem...

— Any...

— Acho que estou começando a gostar dele. – Solto um suspiro lento ao olhar para outro lugar.

— Eu sabia!

— Então por que me contou vidente? Teria me preocupado atoa.

— Foi modo de dizer Any.

— Ok, mas não torne isso uma festa.

— Por quê?

— Porquê não tem necessidade.

— Tem sim, você está pela primeira vez depois de muito tempo se jogando em um relacionamento.

— Isso não é um relacionamento Heyoon, estamos tendo uma amizade colorida.

— Chuta essa amizade colorida pro caralho. Se você gosta dele, conte a ele.

— Tá maluca? Não vou contar a ele... não por enquanto.  Acho que tudo isso é a TPM chegando, só isso. Daqui a pouco passa.

— Vai acreditando nisso.

— Ok Heyoon, sua obrigação como amiga é me ajudar e não me deixar mais confusa.

— Mas é o que eu estou fazendo.

— Não, não está. Estou ficando com dor de cabeça de pensar demais.

— Vou deixar você com seus pensamentos em paz então.

Assim que Heyoon se afasta fecho meus olhos, levando as mãos ao rosto.

Eu não acho, eu estou gostando dele, só não sei como lidar com isso.

Nossa "relação" é incerta, começamos com pé esquerdo, em uma fuga louca de pessoas perigosas, decidi me jogar e me entregar a ele de repente, me deixei levar e agora aparentemente estou gostando dele.

Nessa hora eu só queria alguém mais experiente para me ajudar, desabafar e me dar conselhos mas não tenho, nem a minha própria mãe.

Tudo isso deve ser a TPM, já estou quase menstruando então faz pouco de sentindo todos os sentimentos aflorados.

Deixo isso para lá vou ver as encomendas que chegaram e pedidos antecipados que precisam ser reservados.

Josh Beauchamp

Não consigo evitar de sorrir a cada vinte minutos que penso em Any, ela ocupa minha cabeça durante horas e horas.

— Pelo visto o date deu certo. – Meu chefe diz, puxando uma cadeira, se sentando ao meu lado.

— Deu, valeu pela dica.

— Como foi? E o feedback?

— Ela parece ter gostado.

— Ótimo, fico feliz por você meu rapaz. Trabalha aqui há dois anos e nunca o vi feliz desse jeito.

— É a primeira vez que me apaixono por uma menina.

— Eu percebi, você parece meio perdido.

— Muito na verdade, não sei o que fazer para agradá-la. Já percebi que gosta de coisas simples mas ela merece o melhor.

— Acha que seu plano de conquistá-la está funcionando?

— Não sei, estou confiando no processo.

— A pressa é inimiga da perfeição meu rapaz. Tenha paciência.

— Para um coroa roqueiro você está se saindo um ótimo conselheiro amoroso.

— Sou experiente meu rapaz, na minha época nós conquistavamos as mulheres pela gentileza, hoje em dia se conquista uma mulher com dinheiro e carros importados.

— Ela não é assim. Me diz qual garota me ajudaria a lavar meu carro? Se sujar inteira e claro, revidar me jogando espuma, preferir hot-dogde esquina a um restaurante cinco estrelas?

— Poucas, essas são raras. Você encontrou uma menina boa Joshua, não a conheço mas pelo que me diz é uma boa moça.

— Ela é, vive assombrada pela mãe controladora, que quer transformá-la como um fantoche.

— E como ela está se saindo com tudo isso?

— Aos poucos ela está se permitindo.

— Com a sua ajuda.

— Não necessariamente, ela quem propôs a amizade colorida, ela está interessada nesse... acordo, se podemos nomear assim.

— Fico feliz por você meu rapaz, você merece encontrar alguém, você é uma pessoa boa, encrenqueira, que precisa levar uns puxões de orelha as vezes mas é um bom rapaz.

— Eu nunca ouvi isso do meu pai. Sempre fui chamado de insolente, moleque, baderneiro e por aí vai, a lista é grande.

— Não ligue para isso, ele sabe que isso o atinge, por isso repeti. Não dê bola para o que ele fala, por mais que seja seu pai.

— Não queria ter o mesmo sobrenome que ele.

— Não diga isso, querendo ou não, ele é seu pai.

— Mas não parece. Não membro se algum dia ele foi... menos insuportável. Eu já forcei minha memória, tentando lembrar mas não consegui lembrar de nada. Minha infância foi marcada por ser o filho que ninguém liga, claro, depois que o caçula nasceu. Jaden não tem culpa, mas fui deixado de lado pela minha mãe depois que nasceu, mesmo ela negando isso.

— Normal de irmão mais velho, eu também fui deixado de lado quando minha irmã nasceu. Mas soube lidar bem com isso, não desenvolvi raiva dela ou algo assim. Sempre tive a cabeça no lugar e desde cedo soube entender as coisas e tambéma proteger.

— Ficar a sua infância inteira tentando ser alguém para que seu pai de orgulhe é vergonhoso demais. Eu tive que tentar lutar pela atenção do meu pai durante anos, tive que largar sonhos pois não eram os sonhos dele! Pra quê? Pra ele nem me chamar de filho? Patético...

— Eu queria poder ajudar você mas é um caso de família, não posso opinar.

— Eu sei, entendo. Desabafar com você sempre me faz ficar melhor.

— Contar minhas histórias malucas para você me faz voltar no passado, me fazendo lembrar de como a melhor época da minha vida foi.

— Bom, temos instrumentos para organizar, e eu preciso tirar essa garota da minha cabeça por no máximo uma hora. – Digo ao me levantar.

— Do jeito que você descreveu ela... – O mesmo pousa sua mão no meu ombro. — Acho difícil.

— Valeu pelo apoio coroa.

— Vem garoto, vou ensinar você um solo de guitarra maneiraço, você vai gostar. – Diz ao envolver seu braço no meu pescoço, bagunçando meus cabelos.

Vibezजहाँ कहानियाँ रहती हैं। अभी खोजें