017

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Any Gabrielly

Sinto a cama se mexer de modo estranho, como se algo estivesse inquieto.

Abro os olhos e vejo Josh se mover de um lado para o outro, forçando seus olhos, como se estivesse agoniado. Me viro, e toco seu ombro, na tentativa de acordá-lo.

— Não foi minha culpa! – Diz de pressa e então acorda de uma forma rápida, sua respiração tão acelerada que parece ter corrido uma maratona.

— Hey Josh, foi só um pesadelo, está tudo bem. – Digo, afastando seus fios loiros da sua testa suada.

— Não foi só um sonho, e também não foi só um pesadelo, foi uma memória. – Diz, se sentando na cama.

— Quer me contar? Pra quem sabe se acalmar?

— Alguns anos atrás sofremos um assistente de carro, eu era pequeno, não sabia ao certo o que aconteceu mas sabia que minha mãe estava grávida, ela estava tão feliz, ela sempre quis ter uma menininha, estava tão animada... – Ele dá uma leve pausa, talvez tomando coragem para continuar. — Ela acabou perdendo o bebê e por causa do acidente, não pode ter mais filhos. Ela ficou tão devastada, já que na sua idade era complicado engravidar.

— E você sonhou com o acidente? – Josh assenti.

Me aproximo do mesmo, lhe abraçando, de forma que se sinta um pouco confortado.

— Eu parecia estar lá novamente, dentro do carro, vendo tudo girar e o carro capotar na estrada.

— Olha pra mim, está tudo bem, já passou. – Digo, acariciando seus cabelos molhados pelo suor.

Josh me abraça, de forma que seu rosto afunde no meu pescoço.

— Eu sempre tenho esses pesadelos mas sempre os encaro sozinho.

— Nunca disse a sua família? – O mesmo nega. — E aos seus amigos? Noah não é seu melhor amigo?

— Não queria o preocupar, Noah é exagerado demais, são só pesadelos.

— Já procurou o psicólogo? As vezes a conversação ajuda, se abrir com alguém.

— Posso fazer isso com você? – Questiona, e vejo que contém receio na sua voz.

— Claro que pode, quando precisar.

— É engraçado... – Começa falando, ainda me abraçando. — Nos conhecemos a pouco tempo e você está me ajudando.

— De certa forma você também me ajudou. Essa situação em que passamos com os brutamontes me fez esquecer dos meus problemas. Não se encaixar na família me deixa desnorteada, pois dizem que a família é a base de tudo, como se fosse nosso eixo, mas acho que nessa situação a minha família é meu declínio.

— Somos parecidos nessa parte.

Josh se afasta, se apoiando seu tronco no travesseiro, me encarando.

— Somos diferentes mas ao mesmo tempo parecidos, é confuso. 

Nós dois rimos.

— É, será que isso vai dar certo? A nossa "amizade colorida"?

— Eu não farei nada que você não querer. Você decido o que quer dessa nossa... relação.

— Por quê? – Questiono, me sentando de frente para o mesmo.

— Eu não sei explicar mas me sinto atraido por você, desde aquele dia.

— Por isso não tirava os olhos de mim.

— Gostosa desse jeito.

— Cafajeste.

— Apreciador da beleza feminina. – Corrige.

VibezOnde histórias criam vida. Descubra agora