Capítulo 14

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Capitulo 14

Notícia ruim

É madrugada e a noite está quente como se houvesse um sol no céu e não uma lua prateada.O convento está silencioso enquanto as freiras dormem tranquilas, absortas em relação ao perigo que espreita à porta.

Cinco homens vestindo batina e uma capa com capuz, caminham decididos em direção ao monastério. Suas roupas possuem trinta e três botões, desde o colarinho até os pés, representando a idade de Cristo, e cinco em cada punho, representando as cinco chagas de Cristo. A capa é longa o suficiente para arrastar no chão e cobrir a sotaina, e o capuz esconde seus rostos, transformando-os em meras sombras na escuridão.

As botas de couro raspam no muro, enquanto o mesmo é escalado pelos cinco membros  da Sociedade da Lua Sangrenta. Eles pulam para o lado de dentro, pousando em um baque seco sobre a grama do jardim. As árvores ali, são um abrigo para que passem sem serem percebidos

Não é difícil para eles atravessarem o local e chegar à porta que estudaram diversas vezes no mapa que lhes foi dado. A porta em questão, é velha e está descascada, provavelmente oca por dentro.

— Os cupins já devem ter devorado essa porta por dentro. Não podemos simplesmente derrubá-la? — conversam entre eles.

— É claro que não. Devemos entrar e sair sem sermos vistos.

— Como sombras. — falam ao mesmo tempo.

Sem demora eles abrem a porta. A mesma está com a madeira inchada por baixo e ao ser empurrada, ela arrasta no chão, fazendo barulho.

— Shhhhh! — reclamam ao que empurrou a porta.

— Passem rápido e procurem a sala da Madre, onde estão os registros .

Chegou a hora de descobrirem onde está a pessoa que procuram. É uma aberração para eles, maior ainda do que as que foram criadas tempos atrás. Por isso deve morrer e ninguém ficará no caminho.

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A Madre Superiora levanta às três e trinta da manhã, após um sonho ruim com sua menina Misty. Na cozinha, ela pega água gelada, pois a que levou para o quarto quando se deitou já estava quente.

Escorada na mesa que se encontra no canto da parede, ela fica pensativa, imaginando se Misty está bem.

— Preciso contar a verdade para minha menina. Ela tem que saber. Melhor ainda, entregarei a carta a ela.
Um barulho parecido com uma cadeira sendo arrastada assusta a Madre.

— Esses gatos estão encontrando alguma brecha para entrar e fazer a bagunça que eu encontro todos os dias pela manhã. Hoje eu descubro a entrada secreta deles.

Madre Lúcia caminha no escuro, pé por pé, na esperança de pegar os gatos arruaceiros no pulo.

Ela vê um vulto no corredor que dá para sua sala e acha ele grande demais para ser um gato. Essa constatação a faz congelar no lugar. No instante seguinte, mais quatro vultos.

— Meu Deus, são ladrões. — tapa a boca com a mão para abafar o desespero.

Devagar, ela caminha um pouco mais e se esconde no banheiro que tem ao lado de sua sala. Quieta feito uma estátua e quase sem respirar com medo de ser descoberta, ela tenta ouvir o que estão dizendo...

— Encontrem qualquer registro referente a uma criança deixada aqui há vinte anos.

Criança? A Madre se pergunta.

— Sabemos que é uma menina, então usem isso como ponto de partida.

Não são ladrões. São eles, a seita dos padres jesuítas. Estão procurando por ela. Um medo terrível toma conta da Madre superiora.

LUA DE SANGUEWhere stories live. Discover now