Capítulo 14

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Observo Aurora dormindo, e estou apreensivo, não pelo que aconteceu ter Aurora nós meus braços novamente foi perfeito foi como respirar novamente depois de anos, mas tinha um medo real pairando sobre nós, Anput e seu dito amor doentio, suspiro sentindo a cruz ansata pesar uma nova alma para ser buscada, não queria deixar Aurora, entretanto não posso deixar meu dever, poucas vezes fiz isso e o resultado foi terrível, almas perdidas vagando pelo terra sem rumo, os humanos os chamam de fantasma, mas para mim é uma falha do meu trabalho, e da minha tristeza, por perder minha alma gêmea.

Beijo Aurora e falo algumas palavras a deixando em um sono profundo, assim voltaria e ela estaria dormindo ainda, abro o portão para o mundo dos mortos e encaminho as almas, vejo um mensageiro me chamar para o salão de julgamento, não gostava de lá por ter que ver Anput, mas jamais negaria um pedido de Osíris, me encaminho até o salão e assim que entro vejo aquele ser deplorável, se levantar parecia uma cobra pronto para dar o bote .

__ Me chamou meu senhor.
__ Anúbis, meu caro, como acordado por nós, eu lhe avisaria quando Anput estaria livre para visitar o mundo dos homens.

Acontece que ela nunca parou, somente agora pode ir sem está escondida.

__ Obrigada por me informar, meu senhor.
__ Bem sabe que o trabalho de Anput se tornou obsoleto, ninguém mais respeita a tradição.
__ Sim.

Ele achava pouco, Anput era a deusa da morte que acompanhava a mumificação cuidando para o corpo e alma se desprender de forma calma, mas agora ninguém faz ritual de mumificação, então ela se tornou inútil.

__ Mas ainda assim continua uma deusa, como você ela quer se adaptar, aprender sobre os novos costumes dos homens.
__ Entendo.

Não gosto, mas entendo.

__ Dito isso, você quer que ela fique próxima?
__ Não.

Digo rápido e sem nem pensar, vejo Anput se levantar e se preparar para falar, não permito .

__ Essa .... Anput, matou diversas vezes a única pessoa que amei, teve o prazer anormal de impedir seu funeral e passagem, por causa dela, a alma de minha amada vive em um eterno ciclo de reencarnação, então eu não a quero próxima meu senhor, se pudesse não a teria viva, o castigo de Seth seria pouco para ela.

Osíris fica em silêncio, mas ele vê um certo brilho nós seus olhos.

__ Acredita que encontrou sua alma gêmea entre os humanos ?
__ Sim.
__ Que impressionante, Rá sempre misterioso nas suas escolhas.

Sorri e dessa vez Anput fala.

__ Meu senhor não pode acreditar nisso, é impossível um deus ter seu par com uma relés humana, Anúbis está confundindo as coisas, ele nem a procura mais.

Osíris me olha curioso, u tinha meus motivos e ele sabia.

__ Isso é verdade?
__ Sim, eu não a procuro, a última vez que a procurei foi no século XVIII.

Não era mentira, foi ela que o encontrou.

__ Viu! Ele não a ama.
__ Errado, eu a amo tanto, que abri mão dela, só para vê-la feliz, mas não espero que entenda, você não é capaz de tal coisa.

Peço licença a Osíris e saio, escuto Anput atrás de mim, paro e a olho .

__ O que quer ?
__ Você, acha que não te amo.
__ Tenho certeza, você é obcecada e doente.
__ Não é verdade, eu te amo, você tem que ser meu, você não está com aquela humana, deveria me amar, não sente falta de uma mulher?

Vejo ela se aproximar, me afasto.

__ Eu nunca a toquei Anput, não vai ser agora que irei.
__ Eu sou sua esposa.
__ Não é, você novamente inventou tal coisa, até mesmo disse que teve uma filha comigo, eu aceitei tal embuste por achar que ninguém seria tolo para acreditar, nessa piada de mal gosto.
__ Ela poderia ser sua.
__ Não poderia, a morte não gera vida, e como pedir para um toco seco dar frutos, eu não posso assim como ele, então nunca mesmo que eu suportasse sua existência, teríamos uma filha.

Era como se ela tivesse em choque, a deixo e saio, mas me faz pensar se Aurora quer uma família tradicional, se quer ter filhos, não posso dar tal coisa para ela, isso pode ser um problema, abro a passagem para o mundo humanos e não vou diretamente para casa de Aurora nem para minha, vou para um beco, tomando a minha forma costumeira de gato preto, assim Anput não me acharia, vou caminhando tranquilamente até a casa de Aurora, vejo que está amanhecendo, pulo na varanda que já conheço bem afinal também morava aqui como gato, chega a ser engraçado ela ter me dado o meu de verdade, me transformo em humanos novamente, mas a minha sombra revela a  minha forma zoohumanoide e meus olhos ainda estão amarelos, escuto um grito sufocado e vejo Aurora.

Minha alma Where stories live. Discover now