Capítulo 7

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Anun nunca pensou que passaria por isso, esperava encontra seu amor somente no final de sua vida, em duat e não na sua frente trabalhando para ele, quando decidiu viver entre os humanos assim como alguns deuses, que com o evoluir da raça humana e a perda dos antigos costumes, se tornaram ociosos, e resolveram dar um novo rumo para sua existência, ele fez o mesmo e abriu a empresa de arqueologia, era algo que gostava e uma forma de manter viva a história dos homens, no entanto não esperava tal surpresa, ele tinha parado de procurar sua amada a mil anos, entretanto o destino foi astuto e cruel e a colocou novamente na sua frente.

Ele não consegui expressar o que sentia ao vê-la era felicidade, desespero, saudade, desejo e espanto, ela estava como a conheceu pela primeira vez, os olhos mais azuis que verdes, mas ainda assim como o Nilo, não tinha o ar inocente, mas de uma mulher, Anun gostou das mudanças, mas a maldição que era Anput ainda os rondava, ele podia sentir nas suas entranhas que mesmo após milênios ela ainda mataria seu amor, se viu pedido e quis afasta-la, só para descobrir que não poderia, olhar para ela era um tormento, não podia tocar e ter ela  em seus braços, não podia ama-la como gostaria, se não estaria condenando seu amor a uma morte cruel, não podia permitir isso.

Mas foi fraco, não consegui resistir e a teve um simples beijo fez tudo desandar, ficou surpreso com a personalidade forte dela, e como era brava, quase como uma leoa, foi atrás dela só para ver ela ir embora, se sentiu o pior dos seres, ele não respeitou seu juramento, não respeitou seu templo, seus costumes, e o pior não a respeitou, Aurora merecia mais que dizer não posso, mas como explicar para alguém que vivemos muitas vidas e fomos amaldiçoados e perseguidos simplesmente por não amar a deusa que se diz minha esposa.

Suspiro irritado, tudo isso está sendo uma consecução de erros, eu tentei me desculpar e liguei para ela, que desligou na minha cara, observo essa porcaria de lugar onde resolvi viver agora parece tão sufocante, saio para varanda olhando a cidade, gostava da altura que esse lugar tinha e o vento cortante junto com o frio da noite era reconfortante, escuto passos e sei que Jonathan, ele era um sacerdote fiel que concedi vida eterna, que me segue até hoje, viramos bons amigos, ele é o único que sabe da minha natureza e infortúnio.

__ Pensando nela ?
__ Sim.
__ Anun, eu sinceramente acho que o destino está te dando um presente.
__ Por Rá Jonathan, que presente? Você sabe o que acontece se me aproximar, Anput logo nos acharia, eu a perderia .
__ Mas disse que as coisas estão diferentes, quem sabe essa maldição se foi .

Sorrio para meu único amigo, essa era uma possibilidade incrível, penso em como seria viver ao lado de Aurora para toda vida, ter uma vida, talvez adotar algum animal, ele não podia ter filhos, um segredo bem guardado por seu pai e Rá, mas a morte não gera vida e isso só provava o quanto doentia era Anput, que para os deuses lhe deu uma filha que nunca poderia ter, mas com Aurora podia pelo menos criar uma família somente os dois seria perfeito e quando seu dia chegasse faria os rituais e ela finalmente pararia de voltar aos mundo dos vivos e viveria para sempre comigo no além vida, mas era um sonho praticamente impossível.

__ Eu não tenho certeza, e condenar o seu amor a morte e egoísmo.
__ E se privar do amor é uma tortura, Anubis você não pode evitar, Aurora ela faz parte de você, sempre vão se encontrar, e você sabe disso, e a sina das almas .

Ele sabia, a ligação deles era além da carne, suas almas eram uma só, ele não sabia como, mas sabia que sua alma gêmea era ela e somente ela, sentia a chave que agora levava no pescoço em forma de cordão vibrar, era o chamado de uma nova alma, deixou de lado seus pensamentos e se pôs ao seu trabalho divino.

Guiou as almas para o julgamento, era tudo sempre igual, não conseguia parar de pensar que sua vida séria assim, vazia e redundante, uma longa eternidade repetitiva, não queria isso, Jonathan estava certo ele estava se torturando por medo, e assim perdendo o amor de sua vida, ele não podia continuar com isso, tomaria as rédeas e se fosse preciso ele mesmo daria um fim nessa maldição, estava decidido.

Agora só viria o trabalho mais difícil, convencer Aurora que ele não é um canalha e considerando o gênio dela, isso ia ser uma trabalho e tanto, sorrio ele amaria ter que conquistar o amor dela novamente e faria isso todas as vezes que fosse necessário, não podia ficar com medo, os mortais fazem seus destinos sem acreditar em maldições ou nada do tipo, ele também podia, ele faria isso, aí conquistar sua parte que faltava, seu amor o pedaço da sua alma.

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